Subsecretário do Pontifício Conselho de Justiça e Paz explicou a ZENIT como os Papas contribuíram para o avanço do papel da mulher na Igreja
Roma, 01 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Deborah Castellano Lubov
Em uma entrevista concedida a Zenit, Flaminia Giovanelli,
subsecretária do Conselho Pontifício Justiça e Paz, nomeação feita pelo
Papa, fala sobre o papel das mulheres na Igreja, como os tempos estão
mudando, e enfatiza que tanto o papa actual como o Papa emérito
trabalharam activamente para que o papel da mulher na Igreja avançasse.
Nascida em Roma, Giovanelli trabalhou para o Pontifício Conselho
Justiça e Paz desde 1974. Graduada em Ciências Políticas pela
Universidade de Roma e com diplomas em bibliotecologia e estudos
religiosos, diz que seu trabalho não é um cheque, mas sim uma vocação.
Por outro lado, revela os desafios que encontra e a sabedoria que
compartilharia com qualquer mulher que queira servir dentro da Cúria.
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ZENIT: Você poderia descrever sua posição actual?
- Giovanelli: Sim. Eu sou a subsecretária do Conselho Pontifício
Justiça e Paz. Costumo dizer que sou uma espécie de decano deste
escritório, quase um fixo no Vaticano, em certo sentido, já que estou
aqui há 39 anos, um período muito longo. Tive a oportunidade de oferecer
este serviço interessante neste dicastério.
ZENIT: Poderia explicar como foi a sua nomeação?
- Giovanelli: Bem, eu não sei por que, mas chegou por várias
circunstâncias diferentes. O fato de que seja a única mulher leiga nesta
posição de subsecretária no Vaticano, de certa forma, aconteceu por
casualidade "providencial". Então, às vezes, pode ser um pouco estranho,
mas de qualquer maneira, os tempos estão mudando. Uma das razões para a
minha nomeação era que eu estava trabalhando lá por muitos anos. No ano
passado, o presidente, o cardeal Martino, aposentou, e o secretário,
que trabalhou aqui por 10 anos, foi nomeado arcebispo de Trieste. Assim,
a minha nomeação foi, talvez, também devido a uma questão de
continuidade.
ZENIT: Na sua opinião, quais são os maiores desafios que lhe surgiram como mulher?
- Giovanelli: Sim, é preciso esclarecer que não estou sozinha, porque
temos muitas mulheres que trabalham no nosso escritório e no Vaticano
em geral. Mas, claro, em certo sentido, é preciso ser discreto e fazer o
melhor para avançar a sua formação como um membro de um corpo
eclesiástico.
ZENIT: Você acha que para as mulheres no Vaticano ou na Igreja, há esperanças de subir ou avançar? Qual é a sua opinião?
- Giovanelli: Tenho visto muitas mudanças desde o início, desde
quando comecei, não só para as mulheres, mas também para os leigos.
Então, lembro que há muitos anos, não tinha leigos que representassem a
Santa Sé, ou visíveis nas reuniões, por exemplo. É evidente que houve
uma grande mudança. Acho que tem sido uma espécie de evolução e um sinal
dos tempos.
ZENIT: Você acha que o Papa Francisco está mudando o papel das mulheres na Igreja?
- Giovanelli: Vamos ver! Muitas vezes O papa Francisco lembrou a
importância da mulher na Igreja, no Evangelho, etc. Ele fez algumas
declarações muito importantes. Mas também tínhamos ouvido grandes
declarações sobre as mulheres na Igreja do Papa Bento XVI.
Em todo caso, já vimos alguns eventos muito importantes que o Santo
Padre fez a uma série de comités do Vaticano e congregações. Por
exemplo, alguns exemplos notáveis incluem a nomeação em 2013 da
professora Mary Ann Glendon, da Universidade de Harvard - que tinha sido
a presidente da Academia Pontifícia das Ciências Sociais - como membro
do Conselho do Instituto para as Obras de Religião (IOR); as quatro
mulheres que foram recentemente nomeadas como membros da Pontifícia
Comissão para a Protecção de Menores; e Leticia Soberón, que já serviu
no Vaticano e agora é uma expert da Comissão recentemente instituída
sobre os Meios de Comunicação do Vaticano.
ZENIT: Você mencionou que o Papa Bento XVI também avançou no
papel das mulheres no Vaticano ou na Igreja. Pode explicar-nos algum
esforço ou contribuição que tenha feito nesse sentido?
- Giovanelli: O primeiro que me vem à mente é como colocou a ênfase
em suas audiências semanais das quartas-feiras. Lembro-me de uma série
de audiências dedicadas às santas, para ser mais específica, lembro-me
de uma audiência que ele dedicou a Santa Hildegarda de Bingen, por quem
tinha uma devoção incrível. Ao lembrar esta grande santa medieval,
reconheceu as contribuições científicas e culturais das mulheres na
Igreja.
(01 de Agosto de 2014) © Innovative Media Inc.
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