Especial para ZENIT: uma imagem da Virgem da Caridade do Cobre será entronizada em 28 de Agosto
Cidade do Vaticano, 25 de Agosto de 2014 (Zenit.org)
A partir de 28 de Agosto, quando o papa Francisco e os
peregrinos percorrerem os Jardins do Vaticano rezando os mistérios do
santo rosário, encontrarão uma imagem de Maria com o nome de Nossa
Senhora da Caridade do Cobre.
Ela é a padroeira de Cuba e será entronizada naquele mesmo dia nos
Jardins, por representação dos bispos cubanos e do governatorado do
Estado da Cidade do Vaticano.
A pequena imagem envolve uma singular história de fé e devoção
mariana. Trata-se de uma réplica da imagem original, feita de bronze e
colocada numa ermida na baía de Nipe, nordeste da actual diocese cubana
de Holguín, no começo dos anos 1950. A ermida marcava o local em que, no
ano de 1612, três mineiros de sal acharam a imagem da futura padroeira
flutuando nas águas, sobre uma tábua em que se lia: “Eu sou a Virgem da
Caridade”.
Por volta de 1961, a imagem da ermida junto à baía desapareceu e
nunca mais se soube dela. Em 1975, um católico de origem libanesa, que
passeava pela praia, viu algo que brilhava meio escondido na areia. Ao
se aproximar, ficou surpreso: “É a imagem da Virgem”, exclamou. “Fiquei
muito triste ao vê-la ali, sozinha e suja”, contou Alfonso Dager,
emocionado, em entrevista de 2012, gravada semanas antes de falecer.
Seu testemunho era uma mostra de que a história se repetia. Como já
tinham feito o escravo negro Juan Moreno e os índios Rodrigo de Hoyos e
Juan de Hoyos, quatrocentos anos antes, Alfonso Dager recolheu a imagem e
a levou para casa. Todos na família reconheceram a imagem que tinha
desaparecido quatorze anos antes, no começo da revolução cubana. Eles a
limparam e a colocaram na sala, onde “La Virgen de la Caridad” recebia
as visitas dos devotos que lhe pediam graças.
Três anos depois, a família Dager recebeu a permissão de sair do
país. Um tenente foi até a residência para fazer o inventário dos bens
materiais que deviam permanecer no imóvel. Surpreso com a presença da
imagem da Virgem, o tenente interrogou a família. “Nós a pedimos
emprestada à Igreja para uma missa”, responderam. O tenente ordenou que a
família a devolvesse à paróquia.
Os Dager a entregaram então ao pároco de Cueto, o padre Rafael Couso
Falcón, que, por sua vez, a confiou a dom Héctor Luis Peña, bispo
auxiliar de Santiago de Cuba com residência em Holguín. Dom Peña a
enviou para o arcebispo, dom Pedro Meurice Estiú. A imagem ficou
primeiro em seu escritório e depois na Casa de Retiros do Santuário do
Cobre, à espera da construção de uma ermida no local original, em Nipe.
Bento XVI a teve em sua capela privada durante a estada numa residência
sacerdotal ao lado do Santuário do Cobre em 2012.
Quatro anos antes, o então Secretário de Estado, cardeal Tarcisio
Bertone, tinha visitado o Santuário do Cobre, conhecido a imagem e se
interessado pela sua história. Por isso, durante a visita ad limina de
2008, os bispos cubanos presentearam a Bento XVI uma réplica da imagem,
que foi abençoada pelo pontífice na presença dos bispos. É esta réplica
que, no dia 28 de Agosto, será entronizada no percurso dos Jardins do
Vaticano, que já conta com outras treze imagens devocionais de Maria, da
Itália e de outros países.
A pequena imagem cubana será colocada sobre uma coluna de mármore e, a
pedido dos bispos cubanos, será o cardeal Bertone quem a abençoará,
durante um ato programado para as 9h da manhã do dia 28, pelo horário
romano.
Estarão presentes o cardeal Giuseppe Bertello, presidente do
governatorado do Estado da Cidade do Vaticano, o secretário geral do
governatorado, dom Fernando Vergez, e alguns membros da direcção de
Serviços Técnicos do governatorado, organismo que projectou e realizou o
monumento.
De Cuba, viajarão para o ato o arcebispo de Santiago, dom Dionisio
Garcia Ibañez, o bispo de Holguín-Las Tunas, dom Emilio Aranguren
Echeverría, o bispo emérito da mesma diocese, dom Héctor Luis Peña, o
bispo de Guantánamo-Baracoa, dom Wilfredo Pino Estévez, o bispo de Santa
Clara, dom Arturo González Amador, e o bispo auxiliar de Havana, dom
Juan de Dios Hernández Ruíz.
A Igreja cubana celebrou em 2012 um Ano Jubilar Mariano pelos 400
anos do achado da imagem da padroeira de Cuba. Foi criado um itinerário
que, a modo de peregrinação, pode ser percorrido pelos devotos e que é
conhecido como O Caminho da Virgem. São 124 quilómetros que repassam os
mesmos lugares pelos quais, no século XVII, a imagem foi transportada
desde o seu achado nas águas da baía de Nipe até o povoado de El Cobre, a
13 quilómetros de Santiago de Cuba, junto às antigas minas de cobre da
ilha e local de construção do actual santuário.
O percurso coincide com o dos escravos traficados da África, que,
para evitar os naufrágios na chamada Passagem dos Ventos, entre as ilhas
de Cuba e de Hispaniola, eram levados de barco pela parte nordestina de
Cuba até a baía de Banes, e, depois, por terra, em direcção ao sul, até
as minas. A Igreja cubana gosta de recordar que Maria, ao dizer seu sim a
Deus para ser a Mãe de Jesus, se identificou precisamente como “escrava
do Senhor”.
O vídeo com o testemunho de Alfonso Dager (em espanhol) e a história da imagem original pode ser visto no YouTube em:
(25 de Agosto de 2014) © Innovative Media Inc.
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