Blázquez esteve no Encontro de Nova Evangelização
Tote Barrera, dos Cursos Alpha, com o arcebispo Blázquez, de Valladolid, e mais à direita o bispo Zornoza, de Cadiz. |
Actualizado 13 de Julho de 2014
Pablo J. Ginés / ReL
O Encontro de Nova Evangelização ENE 2014 teve este sábado o seu dia “mais episcopal”, com a presença do arcebispo de Valladolid e presidente da Conferência Episcopal Espanhola, Ricardo Blázquez, e uma exposição do bispo de Cadiz, Rafael Zornoza.
Proximidade com o bispo
Desde a sua origem em 2012, o ENE insistiu na sua vontade de entroncar a evangelização com o pastoreio dos bispos e de facto um dos seus organizadores, o historiador Josué Fonseca, da comunidade Fé e Vida insistiu em várias ocasiões nas quais se a Igreja desde o Concilio de Trento se ligou muito à figura do sacerdote e pároco, a do século XXI, como a dos primeiros séculos, recuperará mais e mais a proximidade e o tracto com o bispo.
Ambos os prelados estiveram presentes no louvor matutino, com mais de 200 pessoas cantando música moderna de louvor, com guitarras, sintetizadores e muitos vátios de som, uma média de idade mais jovem, responsáveis e encarregados de evangelização da diocese e movimentos e uma trintena de sacerdotes chegados de toda a Espanha.
“A nova evangelização e a evangelização permanente é a missão da Igreja. O Papa Francisco convida-nos a sair, a uma saída evangelizadora e missionária, a transmitir o Evangelho. Não se pode fazer com um coração ressentido nem com ameaças, mas sim com o eco da Boa Notícia na nossa vida, nossas atitudes e palavras. O Senhor envia-nos e não fica atrás mas sim que nos acompanha”, disse o arcebispo Blázquez animando os assistentes ao encontro.
O experimento gaditano
Depois da saudação do arcebispo anfitrião, o bispo Zornoza - que está no ENE de Valladolid acompanhado dos seus seminaristas e vários sacerdotes - procedeu a explicar os passos da nova evangelização que se estão dando na sua diocese, de forma análoga às explicações que nos dois anos anteriores deu o bispo Xavier Novell sobre a experiência de Solsona.
Zornoza foi reitor do seminário de Getafe, diocese adjacente a Madrid, de 1991 a 2009; foi nomeado bispo auxiliar de Getafe em 2005 e bispo de Cadiz e Ceuta em Agosto de 2011, muito longe de onde até então tinha desenvolvido o seu serviço.
Quando chegou a Cadiz - há menos de 3 anos - já tinha ali uma intensa reflexão sobre a nova evangelização, reafirmada pelo Ano da Fé, a convocatória do Sínodo da Nova Evangelização e os chamados do Papa Francisco. “O Papa Francisco disse que tudo deve ser replaneado”, comentou Zornoza citando Evangelii Gaudium 33, e pede “ser audazes e criativos”.
Os cenáculos
Descobriu que nas paróquias e movimentos de Cadiz já se estava trabalhando na linha de criar grupos pequenos de crescimento na fé que se reuniam em casas ainda que com a paróquia como base, grupos que se acabariam chamando “cenáculos”.
Eram grupos muito variados: às vezes eram as mães de crianças da catequese que se reuniam enquanto aos seus filhos estavam na paróquia, ou um grupo de professores num colégio… Nestes grupos davam-se três características:
- fazia-se oração,
- promovia-se a adoração perante o Santíssimo,
- e havia momentos para partilhar e falar sobre as inquietudes da vida.
A diocese fomentou estes grupos e actualmente há uns 150 deles numa diocese que tem umas 120 paróquias.
“Demo-nos conta de que não tinha sentido insistir em pedir às pessoas nestes grupos com a ideia de ‘compromisso’. O compromisso é algo que chega mais à frente na vida cristã. Nos grupos juvenis de confirmação os rapazes fazem 3 anos de formação, recebem o sacramento e ainda que lhes peçamos compromisso desaparecem depois de recebê-lo. Para combatê-lo, muitos põe mais anos de formação, e isso tampouco basta. Ou acrescentam ‘temas’… Mas horroriza-me falar de ‘temas’ porque o único ‘tema’ real somos nós e a nossa experiência de Deus”, comentou o bispo no auditório do Santuário da Grande Promessa de Valladolid que acolhia a ENE.
"Sem a Eucaristia, isto não tem futuro"
Vários responsáveis de evangelização de Cadiz foram ao ENE 2013 e ali encontraram ideias para reforçar o plano missionário da diocese. Também viajaram à diocese de Alcalá de Henares para conhecer as suas iniciativas de nova evangelização.
A primeira ideia que aplicaram em Cadiz foi uma Escola de Evangelizadores, que se celebrou em 6 sábados, um por mês, “para renovar a fé e impulsionar a missão”.
“Chamámo-la ‘escola diocesana’ porque o bispo está à frente, com uma equipa crescente, e não é um grupo mais mas sim uma aposta grande, talvez por um terreno inexplorado; e é de ‘evangelizadores’, não ‘de evangelização’ porque no final quem evangeliza é uma pessoa, que deve reavivar a sua fé e preparar-se”, pontualizou Zornoza.
Inscreveram-se 250 pessoas, “que tem que participar no lote completo de sessões”. Esses sábados participavam numa eucaristia especialmente preparada e vivida –“porque sem a Eucaristia isto não tem futuro”-, receberam formação sobre temas centrais sobre kerygma, sacramentos e a pessoa de Cristo e participaram em workshops de métodos evangelizadores como o Curso Alpha e o Oratório dos Meninos Pequenos do padre Gonzalo Carbó.
Este método de oração com meninos chamou especialmente a atenção de catequistas, cansados de ver como ano após ano os meninos desaparecem da igreja depois de celebrar a Primeira Comunhão. O método apresentou-se no encontro de 500 catequistas da diocese, e isso atraiu muitos deles à Escola de Evangelizadores. Pela escola passaram responsáveis do ENE, como Josué Fonseca, de Fé e Vida, e Tote Barrera, de Cursos Alpha.
Para aprofundar ainda mais a nível espiritual, a diocese fomentou exercícios espirituais para evangelizadores – partilharam-se 4 lotes de 3 dias - para suscitar o encontro pessoal com Cristo.
Num só ano
Outro projecto diocesano, o de lançar “missões paroquiais”, ainda não se consolidou. Fez-se uma “prova piloto” na muito surfista cidade de Tarifa, com a colaboração de seminaristas, membros dos Cursilhos de Cristandade, de Equipas de Nossa Senhora, do Movimento Familiar Cristão e do Caminho Neocatecumenal… Da prova aprenderam que a função das “missões paroquiais” provavelmente será a de chegar a criar ou robustecer os “cenáculos” e grupos pequenos nas paróquias: neles tenderão a integrar-se as pessoas que vejam a sua fé avivada nestas missões.
Cadiz, Solsona e Astorga, à cabeça
Tudo isto sucedeu no último ano. Para o próximo curso 2014-2015 procura-se uma “terceira fase”, que inclui voltar a celebrar a Escola de Evangelizadores (com alunos distintos, atraídos pela boa experiência da promoção anterior) e, sobretudo, criar uma Escola de Discipulado, provavelmente a primeira de Espanha, debaixo da assessoria de Josué Fonseca, que contará com uns 190 participantes.
Tudo isto está convertendo Cadiz, junto com Solsona e Astorga, dioceses rurais muito mais pequenas, num interessante “campo de provas” dos ensinamentos de nova evangelização do ENE, ainda que sem dogmatismos nas fórmulas.
“Os métodos e escolas e estratégias estão bem, mas cada diocese, cada realidade há-de adaptá-los às suas necessidades e possibilidades”, comenta o bispo Zornoza, que tem muito claro o que se fará este ano, e não sabe tanto o que se fará o seguinte – em parte porque está no ENE tomando notas e fazendo contactos. Sabe, isso sim, que continuará primando a nova evangelização, replaneando o que faça falta e sendo “audazes e criativos” como pede o Papa Francisco.
Pablo J. Ginés / ReL
O Encontro de Nova Evangelização ENE 2014 teve este sábado o seu dia “mais episcopal”, com a presença do arcebispo de Valladolid e presidente da Conferência Episcopal Espanhola, Ricardo Blázquez, e uma exposição do bispo de Cadiz, Rafael Zornoza.
Proximidade com o bispo
Desde a sua origem em 2012, o ENE insistiu na sua vontade de entroncar a evangelização com o pastoreio dos bispos e de facto um dos seus organizadores, o historiador Josué Fonseca, da comunidade Fé e Vida insistiu em várias ocasiões nas quais se a Igreja desde o Concilio de Trento se ligou muito à figura do sacerdote e pároco, a do século XXI, como a dos primeiros séculos, recuperará mais e mais a proximidade e o tracto com o bispo.
Ambos os prelados estiveram presentes no louvor matutino, com mais de 200 pessoas cantando música moderna de louvor, com guitarras, sintetizadores e muitos vátios de som, uma média de idade mais jovem, responsáveis e encarregados de evangelização da diocese e movimentos e uma trintena de sacerdotes chegados de toda a Espanha.
“A nova evangelização e a evangelização permanente é a missão da Igreja. O Papa Francisco convida-nos a sair, a uma saída evangelizadora e missionária, a transmitir o Evangelho. Não se pode fazer com um coração ressentido nem com ameaças, mas sim com o eco da Boa Notícia na nossa vida, nossas atitudes e palavras. O Senhor envia-nos e não fica atrás mas sim que nos acompanha”, disse o arcebispo Blázquez animando os assistentes ao encontro.
O experimento gaditano
Depois da saudação do arcebispo anfitrião, o bispo Zornoza - que está no ENE de Valladolid acompanhado dos seus seminaristas e vários sacerdotes - procedeu a explicar os passos da nova evangelização que se estão dando na sua diocese, de forma análoga às explicações que nos dois anos anteriores deu o bispo Xavier Novell sobre a experiência de Solsona.
Zornoza foi reitor do seminário de Getafe, diocese adjacente a Madrid, de 1991 a 2009; foi nomeado bispo auxiliar de Getafe em 2005 e bispo de Cadiz e Ceuta em Agosto de 2011, muito longe de onde até então tinha desenvolvido o seu serviço.
Quando chegou a Cadiz - há menos de 3 anos - já tinha ali uma intensa reflexão sobre a nova evangelização, reafirmada pelo Ano da Fé, a convocatória do Sínodo da Nova Evangelização e os chamados do Papa Francisco. “O Papa Francisco disse que tudo deve ser replaneado”, comentou Zornoza citando Evangelii Gaudium 33, e pede “ser audazes e criativos”.
Os cenáculos
Descobriu que nas paróquias e movimentos de Cadiz já se estava trabalhando na linha de criar grupos pequenos de crescimento na fé que se reuniam em casas ainda que com a paróquia como base, grupos que se acabariam chamando “cenáculos”.
Eram grupos muito variados: às vezes eram as mães de crianças da catequese que se reuniam enquanto aos seus filhos estavam na paróquia, ou um grupo de professores num colégio… Nestes grupos davam-se três características:
- fazia-se oração,
- promovia-se a adoração perante o Santíssimo,
- e havia momentos para partilhar e falar sobre as inquietudes da vida.
A diocese fomentou estes grupos e actualmente há uns 150 deles numa diocese que tem umas 120 paróquias.
“Demo-nos conta de que não tinha sentido insistir em pedir às pessoas nestes grupos com a ideia de ‘compromisso’. O compromisso é algo que chega mais à frente na vida cristã. Nos grupos juvenis de confirmação os rapazes fazem 3 anos de formação, recebem o sacramento e ainda que lhes peçamos compromisso desaparecem depois de recebê-lo. Para combatê-lo, muitos põe mais anos de formação, e isso tampouco basta. Ou acrescentam ‘temas’… Mas horroriza-me falar de ‘temas’ porque o único ‘tema’ real somos nós e a nossa experiência de Deus”, comentou o bispo no auditório do Santuário da Grande Promessa de Valladolid que acolhia a ENE.
"Sem a Eucaristia, isto não tem futuro"
Vários responsáveis de evangelização de Cadiz foram ao ENE 2013 e ali encontraram ideias para reforçar o plano missionário da diocese. Também viajaram à diocese de Alcalá de Henares para conhecer as suas iniciativas de nova evangelização.
A primeira ideia que aplicaram em Cadiz foi uma Escola de Evangelizadores, que se celebrou em 6 sábados, um por mês, “para renovar a fé e impulsionar a missão”.
“Chamámo-la ‘escola diocesana’ porque o bispo está à frente, com uma equipa crescente, e não é um grupo mais mas sim uma aposta grande, talvez por um terreno inexplorado; e é de ‘evangelizadores’, não ‘de evangelização’ porque no final quem evangeliza é uma pessoa, que deve reavivar a sua fé e preparar-se”, pontualizou Zornoza.
Inscreveram-se 250 pessoas, “que tem que participar no lote completo de sessões”. Esses sábados participavam numa eucaristia especialmente preparada e vivida –“porque sem a Eucaristia isto não tem futuro”-, receberam formação sobre temas centrais sobre kerygma, sacramentos e a pessoa de Cristo e participaram em workshops de métodos evangelizadores como o Curso Alpha e o Oratório dos Meninos Pequenos do padre Gonzalo Carbó.
Este método de oração com meninos chamou especialmente a atenção de catequistas, cansados de ver como ano após ano os meninos desaparecem da igreja depois de celebrar a Primeira Comunhão. O método apresentou-se no encontro de 500 catequistas da diocese, e isso atraiu muitos deles à Escola de Evangelizadores. Pela escola passaram responsáveis do ENE, como Josué Fonseca, de Fé e Vida, e Tote Barrera, de Cursos Alpha.
Para aprofundar ainda mais a nível espiritual, a diocese fomentou exercícios espirituais para evangelizadores – partilharam-se 4 lotes de 3 dias - para suscitar o encontro pessoal com Cristo.
Num só ano
Outro projecto diocesano, o de lançar “missões paroquiais”, ainda não se consolidou. Fez-se uma “prova piloto” na muito surfista cidade de Tarifa, com a colaboração de seminaristas, membros dos Cursilhos de Cristandade, de Equipas de Nossa Senhora, do Movimento Familiar Cristão e do Caminho Neocatecumenal… Da prova aprenderam que a função das “missões paroquiais” provavelmente será a de chegar a criar ou robustecer os “cenáculos” e grupos pequenos nas paróquias: neles tenderão a integrar-se as pessoas que vejam a sua fé avivada nestas missões.
Cadiz, Solsona e Astorga, à cabeça
Tudo isto sucedeu no último ano. Para o próximo curso 2014-2015 procura-se uma “terceira fase”, que inclui voltar a celebrar a Escola de Evangelizadores (com alunos distintos, atraídos pela boa experiência da promoção anterior) e, sobretudo, criar uma Escola de Discipulado, provavelmente a primeira de Espanha, debaixo da assessoria de Josué Fonseca, que contará com uns 190 participantes.
Tudo isto está convertendo Cadiz, junto com Solsona e Astorga, dioceses rurais muito mais pequenas, num interessante “campo de provas” dos ensinamentos de nova evangelização do ENE, ainda que sem dogmatismos nas fórmulas.
“Os métodos e escolas e estratégias estão bem, mas cada diocese, cada realidade há-de adaptá-los às suas necessidades e possibilidades”, comenta o bispo Zornoza, que tem muito claro o que se fará este ano, e não sabe tanto o que se fará o seguinte – em parte porque está no ENE tomando notas e fazendo contactos. Sabe, isso sim, que continuará primando a nova evangelização, replaneando o que faça falta e sendo “audazes e criativos” como pede o Papa Francisco.
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