O patriarca caldeu faz um novo apelo à comunidade internacional
Cidade do Vaticano, 26 de Agosto de 2014 (Zenit.org)
"Visitei os campos de refugiados nas províncias [iraquianas]
de Erbil e Dohok e o que vi e o que ouvi por lá vai além de qualquer
imaginação febril!", declarou o patriarca caldeu Louis Raphael I Sako em
comunicado enviado à agência AsiaNews. Ele faz um novo chamamento à
comunidade internacional e ao mundo muçulmano, "que ainda não
compreenderam a gravidade da situação".
O patriarca destaca que os cristãos iraquianos e outras minorias no
país sofreram "um golpe terrível" no "coração da sua vida", privados de
todo direito, da propriedade e até dos documentos. Sako adverte que,
"diante de uma campanha que pretende eliminar os cristãos e as outras
minorias do Iraque, o mundo ainda não entendeu a gravidade da situação".
Esta é, para ele, "a segunda fase da catástrofe", ou seja, depois da
invasão dos extremistas, "a migração destas famílias" para muitas partes
do mundo, causando "a dissolução da história, do património e da
identidade deste povo".
Sako explica, no comunicado, que o fenómeno da migração tem "grande
impacto" tanto sobre os cristãos quanto sobre os próprios muçulmanos,
porque o "Iraque está perdendo um componente insubstituível" da sua
sociedade. Ele afirma também que a comunidade internacional, encabeçada
pelos Estados Unidos e pela União Europeia, "embora reconheça a
necessidade de uma solução rápida, não tomou medidas concretas para
aliviar a tragédia da população afectada".
"O fundamentalismo religioso vem crescendo em força e poder",
observa o patriarca caldeu. Por isso, é necessário promover no Iraque
uma cultura de encontro e de respeito, que considere "todos os cidadãos
iguais em direitos".
Sako pede acção concreta em âmbito internacional para salvar os
cristãos e os yazidis, "peças originais" da sociedade iraquiana em
perigo de desaparecer devido aos acontecimentos "terríveis e horríveis".
O silêncio e a passividade, alerta ele, "darão força aos
fundamentalistas do Estado Islâmico para provocar novas tragédias".
Ao encerrar, o patriarca dos caldeus lançou uma advertência à Igreja
em todo o mundo: diante do testemunho de fé firme dos cristãos
iraquianos, de nada servem meras "declarações contínuas", porque o
necessário é “a verdadeira comunhão que experimentamos com a visita do
enviado pessoal do papa Francisco [o cardeal Fernando Filoni] e dos
patriarcas”.
Dom Louis Raphael I Sako reconhece que "respeitamos as razões dos que
querem emigrar, mas, para quem deseja permanecer, queremos recordar as
raízes plantadas nesta terra e a nossa longa história. Deus tem o seu
plano para a nossa presença neste mundo e nos convida a transmitir a
mensagem do amor, da fraternidade, da dignidade e da convivência harmónica".
(26 de Agosto de 2014) © Innovative Media Inc.
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