A descoberta do Conselho Militar siríaco, um grupo armado de voluntários caldeus e assírios que se opõe ao avanço dos islamistas na Síria e no Iraque
Roma, 27 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Federico Cenci
São impactantes as últimas notícias divulgando as hordas de
jovens europeus que decidem juntar-se à jihad no Oriente Médio. Notícias
que causam preocupação, dando uma imagem do Velho Continente reduzido
agora a mera expressão geográfica, arrastado pela secularização e
contaminação ideológicas. Uma pesquisa publicada no último domingo, 24
de Agosto, nos jornais suíços Le Matine Dimanche e SonntagsZeitung, no entanto, atesta também uma realidade diferente.
É o chamado Conselho Militar Siríaco (CMS), um grupo armado de
autodefesa siríaco que reúne cristãos caldeus e assírios. Conta-se cerca
de mil efectivos, entre os quais alguns – talvez uma dezena, talvez
muitos mais – provenientes da Confederação Suíça. Dois deles, que
actualmente combatem no nordeste da Síria para impedir o avanço do Estado
Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), foram encontrados por jornalistas
que conduziram a investigação.
A contribuição para a causa dos cristãos no Oriente Médio é executado
em duas faixas paralelas. Primeiro começou com a entrega de ajuda
humanitária e empréstimos captados através de vendas e doações dos
imigrantes cristãos orientais na Suíça. Falamos de cerca de 22 toneladas
de ajuda, enquanto é bem menor a quantidade de dinheiro para a causa.
Uma estimativa do jornalista é entre 100 e 200 mil francos suíços,
embora os dois voluntários não concordem.
Lahdo Hobil, residente em Locarno, está à frente de uma das
organizações mais activas na recolha e envio de ajuda: a União Europeia
siríaca. Hobil envia alimentos ao Oriente Médio, ao mesmo tempo ele
começou uma greve de fome, como informa o portal Ticino Tio. A
abstinência de alimentos vai durar quatro dias e é destinada a chamar a
atenção sobre a tragédia e a “pedir uma assistência dos Países
ocidentais para o auxílio dos cristãos perseguidos pelos jihadistas do
Estado islâmico".
Uma maneira diferente de defender a mesma causa que a de um de seus
jovens parentes, que também vive em Ticino. É Cosar Johann, 31 anos, já
oficial do exército suíço. É um dos dois voluntários do Conselho Militar
siríaco (CMS) entrevistados pelos jornais suíços. Ele está na Síria,
onde estão as raízes de sua família e onde o pai foi líder de uma
formação política cristã. Saiu para “ajudar e defender as comunidades
cristãs dos ataques jihadistas".
Na Suíça, o tema dos cidadãos cristãos de origem do Oriente Médio que
aderem ao CMS está chamando a atenção dos meios de comunicação e do
mundo político. Não faltam as polémicas, dada a histórica relutância com
relação à guerra da Confederação Suíça. Cédric Wermuth, jovem
vice-presidente do Partido Social-Democrático da Suíça, chamou de
"compreensível", bem como "legítima e proporcional" que uma minoria
perseguida pegue as armas para se opor a uma milícia terrorista. Wermuth
também acha "absurdo" que se agite o espectro do julgamento desses
cidadãos suíços, como - dizem seus acusadores - aderindo a formações
militares violariam a renomada neutralidade do País Suíço.
Lahdo Hobil, quando perguntado sobre o assunto, disse que não
concorda com a escolha de seus parentes de viajar para a Síria com um
rifle no ombro, mas também disse: "Mas é preciso fazer uma distinção
entre aqueles que tomam parte na jihad para massacrar os inocentes, e
aqueles que vão simplesmente para defender suas comunidades". Além
disso, como afirma Gewargis Hanna, de 42 anos, comandante de uma brigada
do CMS entrevistado pelos dois jornais suíços: "Alguém tem de tomar
medidas para evitar o desaparecimento dos cristãos".
(27 de Agosto de 2014) © Innovative Media Inc.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário