Líderes muçulmanos declaram que as acções das milícias extremistas no Iraque e na Síria são contrárias à lei islâmica
Roma, 29 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
A União Internacional dos Ulemás, liderada pelo influente
pregador Youssef al-Qaradawi, do Catar, declarou nesta quarta-feira, 27
de Agosto, que as acções do grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria
violaram a lei do islão.
"A matança de pessoas inocentes, muçulmanas ou não, por parte de
grupos como as milícias do Estado Islâmico (EI) a pretexto de motivações
confessionais repugnantes é um delito e viola a sharia". O comunicado
foi publicado em Doha, onde reside Yousef Al-Qaradawi, líder do
movimento.
Na França, diversas associações levantaram a voz, como a Organização
da Cooperação Islâmica, principal porta-voz do mundo muçulmano em seus
57 países membros, que, durante o ataque das milícias do Estado Islâmico
no final de Julho, condenou “as acções terroristas e as ameaças
proferidas pelo DAECH (sigla do Estado Islâmico em árabe) contra
cidadãos cristãos inocentes em Mossul e Nínive, que tiveram que
abandonar as suas casas”. Trata-se de “um crime que não pode ser
tolerado” e que “não tem nada a ver com o islão nem com os seus
princípios, que propõem a justiça, a caridade, a equidade, a tolerância e
a coexistência”.
Foram feitos ainda outros pronunciamentos, como o da União de
Organizações Islâmicas da França, que manifestou a sua solidariedade
para com os cristãos perseguidos, e o Conselho Francês do Culto
Muçulmano, que convidou seus fiéis “a reafirmarem o apreço pela
liberdade religiosa e pelo respeito de todas as crenças de cada pessoa
humana”. Esses comunicados, porém, ainda não são numerosos o suficiente.
Em 12 de Agosto, o Vaticano pediu que sejam condenadas todas as acções
violentas: “É necessário sermos unânimes na condenação sem nenhuma
ambiguidade dos crimes que estão sendo cometidos no Iraque e
denunciarmos a invocação da religião para justificá-los”, pronunciou-se o
Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, em comunicado
oficial.
O Conselho Pontifício pediu que todas as pessoas comprometidas no
diálogo inter-religioso, os seguidores de todas as religiões e os homens
e mulheres de boa vontade "denunciem e condenem sem ambiguidade estas
práticas indignas do ser humano".
Por outro lado, um documentário de um correspondente muçulmano da
Vice News, que conviveu durante três semanas com as milícias do Estado
Islâmico, regista um dos combatentes das filas de Abu Bakr Al-Bagdadi
proclamando: "Nós somos os muçulmanos que querem que a sharia seja
cumprida nesta terra. Juro por Deus, o único Deus que existe, que a
única maneira de fazer cumprir a sharia é mediante as armas".
A ONU denunciou nesta quarta-feira a violência implacável do Exército
Islâmico e a do regime de Assad contra os civis na Síria. No relatório,
os analistas da ONU declaram que todas as partes em conflito estão
recebendo vultosas quantidades de armas e munições dos seus
simpatizantes no exterior e reiteram a necessidade de um embargo.
(29 de Agosto de 2014) © Innovative Media Inc.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário