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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Irmã Elvira e a família dos ressuscitados

A história da Comunidade Cenáculo, que liberta da escravidão da droga e ressuscita os corpos e as almas desesperadas


Roma, 21 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Antonio Gaspari


É possível sair do inferno do vício das drogas? A oração e o amor podem curar o corpo e as almas desesperadas? Como alguém, que é escravo das drogas e tem rancor do Criador, pode ter fé? Como convencer aqueles que são escravos da droga a oferecer seus sofrimentos pela salvação das almas? Quem é capaz de derreter corações endurecidos, restaurar o sorriso dos pais desesperados, restabelecer as relações de amor com os que traíram?

Estas e outras perguntas foram respondidas pela  Irmã Elvira da Comunidade Cenacolo ( em português Cenáculo), testemunhando em palavras e actos como sofrimento e o serviço são caminhos da misericórdia de Deus, que liberta e ressuscita  para uma nova vida até mesmo aqueles que vivem na mais profunda escuridão entre frio e desespero. Rita Agnes Petrozzi, mais conhecida como Madre Elvira se considera a mais pobre entre os pobres.

No livro, L´abbraccio (ed. San Paolo), Elvira diz que estudou até a terceira série, mas sua universidade foi, desde criança, o sofrimento vivido de forma cristã com as pessoas que estavam ao lado. Uma mulher apaixonada, que durante 28 anos foi  cozinheira, faxineira, uma mulher - diz - "apaixonada pela vassoura e pelas panelas, pelo irmão pobre e pela capela", alguém que acredita na verdade, no bem e no belo que o Senhor colocou no coração de cada ser humano.

Se define como uma mulher de acção e não de mesa, que reza de joelhos e corre com os pobres, os cegos e os surdos e os coxos. A caridade é a vida dela. Uma mulher que ainda hoje aos  77 anos, todos os dias você se plasma ao contemplar as obras de Deus. Nascida em uma família grande e pobre, ela explica: "Eu sou rica, porque desde criança os sacrifícios me ensinaram a me doar e servir, sorrir e superar as dificuldades sem fazer "biquinho", sem poder dizer 'eu não posso',  feliz por ainda estar na escola da vida do serviço".

"Tudo o que eu aprendi na vida eu aprendi servindo", reiterou. Após a guerra, sua família mudou-se de Sora, na província de Frosinone, para Alessandria, Piemonte. Quando criança tinha pouca comida, mas sempre compartilhada. A mãe dizia: "Lembre-se  Rita, que as bocas são todas irmãs. Você não pode colocar nada na boca sem oferecer aos outros". Agora, Elvira diz que entendeu que a pobreza, vivida com consciência “é liberdade", porque permite compreender que as pessoas estão antes das coisas, antes da riqueza, antes das ambições...

"Com a pobreza provamos que a vida vale mais do que as coisas", e acrescenta: "Sou feliz por que eu me levanto da mesa sempre com tanta fome, por que tudo isso tem me educado para o sacrifício". Enquanto a família crescia com as dificuldades, Irmã Elvira escutava sua mãe dizendo: "Santa Cruz de Deus, não nos abandone!". “Assim, comecei a adorar a cruz e encontrar forças na Cruz". “Eu percebi - disse ela – o quanto é importante na vida aprender a viver e amar a Cruz para viver bem todo o resto".  Aos 19 anos ela deixou com sofrimento a família, mas o amor a Jesus, o filho do carpinteiro de Nazaré, era tão forte que, em 8 de Março de 1956, ela entrou para o convento das Irmãs da Caridade de Santa Joana Antida Thouret, em Borgaro Torinese.

No convento, Rita Agnes tornou-se Irmã Elvira. Por 28 anos realizou uma série de serviços, era uma boa cozinheira e estava feliz por estar fazendo bem aos outros. No início dos anos 80, seu coração foi inflamado. Ela sofria ao ver tantos jovens desesperados e perdidos por causa das drogas, vagando pelas ruas, tristes e com o coração morto, sem perspectiva. Ela começou a rezar intensamente pela salvação deles e começou a pedir a seus superiores para fazer algo por esses jovens. No início ela não foi compreendida, mas um dia eles disseram: "Ok, veja o que você pode fazer."

Em meio a muitas dificuldades, mas com a intercessão de Maria e com o apoio contínuo da Misericórdia de Deus, em 16 de Julho de 1983 em Saluzzo, Irmã Elvira fundou a Comunidade Cenacolo. Desde então, libertou milhares de jovens vítimas da toxicodependência e do desespero, reconciliou famílias, converteu corações endurecidos, viu crescer a vocação nas pessoas que estavam destinadas a viver e morrer miseravelmente.

Hoje, são sessenta abrigos da Comunidade Cenáculo presentes em 18 países do mundo. Em 2009, a Comunidade foi reconhecida pelo Pontifício Conselho para os Leigos como Associação Internacional Privada de Fiéis de Direito Pontifício. Na Comunidade, nasceu a família religiosa feminina das religiosas das Irmãs da Ressurreição.

No livro A Comunidade Cenacolo escreve: "Somos uma comunidade de pobres pecadores, de pessoas frágeis e feridas, de pessoas mortas e agora ressuscitadas, que deseja através destas palavras pobres, mas verdadeiras, testemunhar, com infinita gratidão, a imensa misericórdia de Deus para connosco. Rezem por nós. Obrigada".

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