A história da Comunidade Cenáculo, que liberta da escravidão da droga e ressuscita os corpos e as almas desesperadas
Roma, 21 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Antonio Gaspari
É possível sair do inferno do vício das drogas? A oração e o
amor podem curar o corpo e as almas desesperadas? Como alguém, que é
escravo das drogas e tem rancor do Criador, pode ter fé? Como convencer
aqueles que são escravos da droga a oferecer seus sofrimentos pela
salvação das almas? Quem é capaz de derreter corações endurecidos,
restaurar o sorriso dos pais desesperados, restabelecer as relações de
amor com os que traíram?
Estas e outras perguntas foram respondidas pela Irmã Elvira da Comunidade Cenacolo
( em português Cenáculo), testemunhando em palavras e actos como
sofrimento e o serviço são caminhos da misericórdia de Deus, que liberta
e ressuscita para uma nova vida até mesmo aqueles que vivem na mais
profunda escuridão entre frio e desespero. Rita Agnes Petrozzi, mais
conhecida como Madre Elvira se considera a mais pobre entre os pobres.
No livro, L´abbraccio (ed. San Paolo), Elvira diz que
estudou até a terceira série, mas sua universidade foi, desde criança, o
sofrimento vivido de forma cristã com as pessoas que estavam ao lado.
Uma mulher apaixonada, que durante 28 anos foi cozinheira, faxineira,
uma mulher - diz - "apaixonada pela vassoura e pelas panelas, pelo irmão
pobre e pela capela", alguém que acredita na verdade, no bem e no belo
que o Senhor colocou no coração de cada ser humano.
Se define como uma mulher de acção e não de mesa, que reza de joelhos e
corre com os pobres, os cegos e os surdos e os coxos. A caridade é a
vida dela. Uma mulher que ainda hoje aos 77 anos, todos os dias você se
plasma ao contemplar as obras de Deus. Nascida em uma família grande e
pobre, ela explica: "Eu sou rica, porque desde criança os sacrifícios me
ensinaram a me doar e servir, sorrir e superar as dificuldades sem
fazer "biquinho", sem poder dizer 'eu não posso', feliz por ainda estar
na escola da vida do serviço".
"Tudo o que eu aprendi na vida eu aprendi servindo", reiterou. Após a
guerra, sua família mudou-se de Sora, na província de Frosinone, para
Alessandria, Piemonte. Quando criança tinha pouca comida, mas sempre
compartilhada. A mãe dizia: "Lembre-se Rita, que as bocas são todas
irmãs. Você não pode colocar nada na boca sem oferecer aos outros".
Agora, Elvira diz que entendeu que a pobreza, vivida com consciência “é
liberdade", porque permite compreender que as pessoas estão antes das
coisas, antes da riqueza, antes das ambições...
"Com a pobreza provamos que a vida vale mais do que as coisas", e
acrescenta: "Sou feliz por que eu me levanto da mesa sempre com tanta
fome, por que tudo isso tem me educado para o sacrifício". Enquanto a
família crescia com as dificuldades, Irmã Elvira escutava sua mãe
dizendo: "Santa Cruz de Deus, não nos abandone!". “Assim, comecei a
adorar a cruz e encontrar forças na Cruz". “Eu percebi - disse ela – o
quanto é importante na vida aprender a viver e amar a Cruz para viver
bem todo o resto". Aos 19 anos ela deixou com sofrimento a família, mas
o amor a Jesus, o filho do carpinteiro de Nazaré, era tão forte que, em
8 de Março de 1956, ela entrou para o convento das Irmãs da Caridade de
Santa Joana Antida Thouret, em Borgaro Torinese.
No convento, Rita Agnes tornou-se Irmã Elvira. Por 28 anos realizou
uma série de serviços, era uma boa cozinheira e estava feliz por estar
fazendo bem aos outros. No início dos anos 80, seu coração foi
inflamado. Ela sofria ao ver tantos jovens desesperados e perdidos por
causa das drogas, vagando pelas ruas, tristes e com o coração morto, sem
perspectiva. Ela começou a rezar intensamente pela salvação deles e
começou a pedir a seus superiores para fazer algo por esses jovens. No
início ela não foi compreendida, mas um dia eles disseram: "Ok, veja o
que você pode fazer."
Em meio a muitas dificuldades, mas com a intercessão de Maria e com o
apoio contínuo da Misericórdia de Deus, em 16 de Julho de 1983 em
Saluzzo, Irmã Elvira fundou a Comunidade Cenacolo. Desde então,
libertou milhares de jovens vítimas da toxicodependência e do
desespero, reconciliou famílias, converteu corações endurecidos, viu
crescer a vocação nas pessoas que estavam destinadas a viver e morrer
miseravelmente.
Hoje, são sessenta abrigos da Comunidade Cenáculo presentes em 18
países do mundo. Em 2009, a Comunidade foi reconhecida pelo Pontifício
Conselho para os Leigos como Associação Internacional Privada de Fiéis
de Direito Pontifício. Na Comunidade, nasceu a família religiosa
feminina das religiosas das Irmãs da Ressurreição.
No livro A Comunidade Cenacolo escreve: "Somos uma comunidade de
pobres pecadores, de pessoas frágeis e feridas, de pessoas mortas e
agora ressuscitadas, que deseja através destas palavras pobres, mas
verdadeiras, testemunhar, com infinita gratidão, a imensa misericórdia
de Deus para connosco. Rezem por nós. Obrigada".
(21 de Agosto de 2014) © Innovative Media Inc.
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