A UNICEF documentou até agora 123 casos de violação de direitos por grupos armados
Roma, 22 de Agosto de 2014 (Zenit.org)
"O alcance e o tipo das violações de direitos de crianças,
mulheres e comunidades de minorias no Iraque, ao longo das últimas
semanas, é dos piores deste século e é completamente inaceitável de
qualquer ponto de vista, qualquer que seja o código de conduta que possa
dirigir o conflito". A denúncia é de Marzio Babille, representante da
Unicef Iraque.
Um comunicado do Fundo das Nações Unidas para a Infância assegura
que "os testemunhos de civis que conseguiram escapar da recente ofensiva
de grupos armados em Sinjar (noroeste iraquiano) revelam casos atrozes
de assassinatos, sequestros e violência sexual contra mulheres e
crianças".
As equipes de especialistas em protecção infantil enviadas pela Unicef
documentaram até agora "123 casos diferentes de violação de direitos
por grupos armados que atacaram os yazidis e outros grupos de minorias
que vivem em áreas da província de Nínive, perto da fronteira com a
Síria". Segundo a Unicef, "oitenta desses casos foram confirmados como
graves violações dos direitos das crianças em situações de conflito
armado".
Ibrahim Sesay, especialista da Unicef em Protecção Infantil, afirmou
que "quase cada pessoa com quem conversamos contou que sofreu ou
testemunhou violações horríveis, por si mesmo ou através de membros da
família ou da comunidade".
"Uma menina yazidi de 16 anos contou que foi encurralada junto com
outras meninas e mulheres, escolhidas para casamentos forçados e
temporários com fins sexuais. A menina disse que conseguiu escapar, mas
que as outras foram levadas embora pelos extremistas".
Sesay explica que "a agonia que estas mulheres e meninas estão
sofrendo hoje como resultado de uma experiência tão dolorosa requer um
aumento urgente de atenção especializada em saúde mental, além de apoio
médico, dentro de uma resposta mais ampla a essa tragédia".
Até o momento, a Unicef prestou apoio psicossocial a mais de 3.000
crianças refugiadas na região curda de Dohuk. A organização também está
trabalhando com seus parceiros "para atender as necessidades imediatas
de água potável, saneamento, higiene, vacinação infantil e apoio às
crianças para que elas tenham acesso à educação, a espaços seguros, a actividades recreativas e a serviços de protecção".
O trabalho principal da Unicef é proteger os direitos da infância e
"conseguir mudanças reais na vida dos menores nos países em
desenvolvimento, mediante os programas de cooperação e as acções de emergência".
Em matéria de protecção infantil, a Unicef conseguiu em 2013, junto
com seus parceiros, que 30,6 milhões de recém-nascidos fossem registados em 76 países. 7.300 crianças alistadas à força em grupos
armados foram reintegradas às suas comunidades. 2.538 comunidades em 8
países aceitaram deixar de praticar a mutilação genital feminina. A
Índia desenvolveu a primeira estratégia nacional para combater o matrimónio infantil. Cerca de 2,5 milhões de crianças em situações de
emergência tiveram acesso a espaços comunitários seguros de aprendizagem
e de apoio psicossocial. 13.500 crianças separadas das famílias por
desastres naturais ou conflitos armados puderam voltar para junto dos
seus ao longo do ano. Mais de 60 países implementaram oficialmente a
iniciativa pela Eliminação da Violência contra as Crianças. Além disso,
86% dos países membros da ONU aprovaram o protocolo facultativo sobre o
tráfico e prostituição de menores e a pornografia infantil.
(22 de Agosto de 2014) © Innovative Media Inc.
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