E bem, que fazer? Agenda
cancelada em prol de um bem maior. Tomar conta da minha netinha adoentada. É
mesmo um gosto. Desconfiada, com receio de que me ausentasse, referiu que era o
dia do pijama. E assim, depois do banho tomado, ficámos de pijama. Depois
“almoçou” o que lhe apeteceu. Não vale de todo a pena insistir. Inicialmente,
senti-me um pouco preocupada. Tinha um compromisso agendado ao qual me custou
faltar. Aos poucos fui-me conformando. Afinal, encontrava-me a beneficiar do
carinho da minha neta bem como a apoiá-la. Os dias foram passando, e graças a
Deus a menina foi recuperando da “virose”. Chegou o dia de regressar à escola.
Vi-a partir contente por um lado e triste por outro. No dia seguinte foi o
retomar da atividade normal. O dia apresentava-se coberto de nuvens, com
neblina, vento e algum frio. Mas soube-me bem passear à chuva, bem protegida.
Pela minha mente, surgiu uma música: Singing
in the rain, se bem me recordo cantada por Frank Sinatra. Sinto-me feliz a
rezar à chuva. Adaptei a música ao tempo que vivenciava. Rezava à chuva o
terço. Que sentimento glorioso, sou feliz, já que o sol se encontra no meu
coração por entre as contas do rosário e as Ave-marias. Que bem que me soube a
caminhada à chuva, sentia-me feliz. Conclui a oração do terço, no belíssimo
Santuário de Nossa Senhora da Luz. Depois foi o tempo de tomar um café na
companhia de uma amiga, que comentou que o tempo estava péssimo, ao que
contestei: “Nem por isso. Também sabe bem passear à chuva, sentir a natureza, o
cheiro delicioso da terra molhada, parece que Deus está mais perto de nós, rezando
o terço”. “Que estranho”, comentou a minha amiga. Retorqui que se tivesse
presente os inúmeros peregrinos que se dirigiam de momento a pé de diferentes
pontos do país, para o Santuário de Fátima, certamente, sabias-lhe bem não
sofrerem com o calor e as altas temperaturas. Tudo tem o aspeto positivo versus o negativo. Temos que nos adequar
e aceitar. Sentia-me já peregrina, com vontade de me encontrar também em
Fátima, onde o meu coração já se encontra, neste mês de Maio, mês
tradicionalmente dedicado ao culto da Virgem Maria. Mas tudo tem o seu tempo.
Há outras obrigações entretanto a cumprir para mais tarde poder usufruir da ida
a Fátima. Nos meus ouvidos soava a música “Ave Maria” cantada lindamente pelo
tenor Luciano Pavarotti: Ave Maria gratia
plena, Ave Maria Dominus tecum, benedicta
tu in mulieribus et benedictus fructus ventris tui Iesus. Santa Maria…ora pro
nobis…
Entretanto chegou o
dia de participar na procissão de Nossa Senhora da Porta do Céu, no dia 10 de
Maio, pelas 21h15. Esta procissão percorreu as ruas de Telheiras enquanto
magnífica demonstração de profunda piedade a Nossa Senhora que brota da fé e do
amor enquanto Mãe de Jesus e nossa Mãe do Céu. Foi pois com alegria que me
dirigi para o recinto da Igreja, onde a Imagem de Nossa Senhora já se
encontrava no andor, lindamente ornamentada com rosas brancas e outras flores
da mesma cor, devidamente iluminada. Estava belíssima. Finalizavam-se os
últimos pormenores. Acendiam-se as velas, já que era a procissão das velas.
Havia fiéis de todas as idades, algum em cadeira de rodas. Muitas crianças. Os
escuteiros também participavam. E chegou o momento de sair. E o cortejo partiu
acompanhado pela polícia de segurança pública que facilitaria a passagem da procissão
orientando o trânsito. Enquanto caminhávamos por entre as ruas, as pessoas
vieram à janela ver a Senhora passar. Também os transeuntes paravam e olhavam
com veneração para a Imagem de Nossa Senhora. Na cidade, por entre prédios, a Nossa Mãe, parecia
querer a todos acolher, despertá-los das vicissitudes e dos afazeres da vida.
Um dia tudo termina. Reparei como brilhava na Sua mão a chave da Porta do Céu.
De passagem, recordava-nos que “Ao céu nada é vedado; Para a salvação do mundo,
E onde a mente não vai, Chega o coração profundo! Quisera que todos pudessem
ouvir. Há prédios que têm vidros duplos. Ainda assim, algumas pessoas vieram
admiradas à janela para ver. Mudam novamente os voluntários que transportam o
andor. Reparo que os participantes, com as velas acesas e o rosário na mão, vão
acompanhados, cheios de fé, orando e colocando as suas intenções. Depois de
cada mistério reza-se. “Nossa Senhora da Porta do Céu, Rogai por nós”. Aqui
recordei: “Mal se levantou Jesus da Sua primeira queda, encontra Sua Mãe Maria
Santíssima, junto do caminho por onde Ele passa. Com imenso amor olha Maria
para Jesus e Jesus olha para Sua Mãe; os seus olhares encontram-se e cada
coração verte no outro a Sua própria dor. A alma de Maria fica mergulhada em
amargura, na amargura de Jesus Cristo”. (Via Sacra, São Josemaria) – Ó vós, que
passais pelo caminho: olhai e vede se há dor semelhante à minha dor. (Lam I,
12)!
Já se vislumbra a Igreja da Nossa
Senhora da Porta do Céu. Termina-se a oração do terço. Depois Maria entra em
Sua casa para nos receber enquanto Mãe muito amada. Deixámos no seu regaço as
nossas preocupações e pedidos. Levamos as flores do Seu andor para recordarmos
o Seu amor.
Nas palavras finais o sacerdote
refere as palavras do Papa Francisco em Fátima: “Temos Mãe!” Nossa Senhora
rezará por todos. Constituiu um grande testemunho, dar a cara por Maria, que
agradece a manifestação de fé pública. Com uma rosa branca e o coração
confortado regresso a casa depois de ter participado nesta Procissão em louvor
da Nossa Senhora da Porta do Céu.
Maria Helena Paes |
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