Não é uma pergunta nem uma
questão e muito menos um presságio, esteja o caro leitor tranquilo, tão pouco é
um aviso muito ao estilo New Age, substituindo a era dos peixes pela do
aquário, com esoterismos e outras crendices pouco credíveis, senão mesmo, eivadas
de espiritismo ou paganismo.
“Sem dúvida que hoje um dos
grandes problemas globais é o futuro do Cristianismo no continente europeu.
Segundo as estatísticas, hoje em dia, o Cristianismo é a religião mais
perseguida (actualmente, mais de 220 milhões de cristãos são vítimas de
perseguição em mais de 50 países em todo o mundo).“
“Quando posta em confronto com
os cultos pagãos que grassavam entre a população da Europa, a fé cristã saía
sempre vitoriosa. Tornou-se gradualmente o alicerce da visão que os povos
tinham do mundo, e da ordem social e estatal. O sistema estatal europeu foi
erigido sobre uma base cristã, e o Cristianismo tornou-se uma religião nacional
para os países europeus, tendo tido um grande impacto no desenvolvimento do
Direito e da moral pública. A Idade Média na Europa já foi um período cristão,
porque nessa altura diversas áreas da vida pública e privada se estavam a
desenvolver de acordo com os ensinamentos de Cristo.
Os pregadores cristãos trouxeram
para o continente europeu não só a `Boa Nova´, mas também o ensino. A igreja
tornou-se a fonte de literacia das pessoas, e as igrejas e os mosteiros os
centros do ensino. Os mosteiros maiores constituíram as primeiras bibliotecas,
e o clero e os frades ensinavam a população local a ler e a escrever.”*
Volvida a Idade Média, o modelo
teocêntrico de entendimento do mundo deu lugar ao antropocêntrico; a
modernidade reforçou estas ideias e o panorama religioso europeu sofreu uma
enorme clivagem, o secularismo, o ateísmo, os totalitarismos e o laicismo
ajudaram a afastar ou mesmo quase a extinguir a crença e saber religioso.
“(…) A tónica na modernização,
que na essência é a secularização do Cristianismo, foi a principal razão pela
qual o Cristianismo tem sido mais associado ao papel de guardião da herança
cultural e histórica, e deixou de se tornar fé viva para as pessoas. (…) Hoje
em dia, vemos como o processo de legalização da imoralidade e do pecado na
Europa está em rápido crescimento. A lista de situações deste género está a
aumentar. Se primeiro estávamos a lidar com a prostituição e o aborto, depois
os países começaram a reconhecer os relacionamentos entre pessoas do mesmo
sexo, a eutanásia e o transgenderismo. (…) Por esta razão, então, é que a
Europa enquanto bastião do Cristianismo se tornou hoje a operária e a
engenheira destes processos e ideias destrutivos?”*
*in: O Futuro do
Cristianismo, de Hilarion Alfeyev
O objectivo desta obra publicada pela Lucerna, é levar-nos a reflectir,
com base em dados actuais, sobre o impacto que o nosso continente sofreu e política
e religiosamente, destinando-se ainda a esclarecer sobre as grandes questões da
actualidade, com especial destaque para a situação do Cristianismo, para os
desafios do mundo contemporâneo no sentido duma esperança renovada no regresso
ao espírito cristão que habita há séculos e séculos entre nós, bem como no
regresso à união entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, eternos baluartes
na defesa da vida, da dignidade humana e dum mundo com valores.
Maria Susana Mexia |
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