Hoje, dia 18 de maio de 2019, acordei feliz. Era um dia de
ação de graças. Haveria mais uma santa na terra. Guadalupe Ortiz de Landázuri seria proclamada beata. A cerimónia
teria lugar na cidade de Madrid, no Palácio Vistalegre
Arena. Iria assistir à cerimónia, transmitida em direto, no Oratório de S.
Josemaria em Lisboa. O início da cerimónia de beatificação teria lugar pelas
10HOO. Seria a primeira mulher leiga do Opus Dei a ser beatificada. Uma mulher
que nos fala da santidade, para gente normal, uma santa de proximidade, detentora
de muitas qualidades humanas e espirituais, que entregou generosamente a sua
vida ao Senhor, através da realização das suas tarefas quotidianas, em prol dos
outros, modelo de virtude e de fortaleza na fé. Foi numerária do Opus Dei,
vivendo o celibato apostólico. A partir de agora, inicia-se o culto público a
Guadalupe, que a Igreja declara enquanto modelo da vivência da virtude da fé,
de alegria, intercessora universal, para o povo de Deus, demonstrando assim,
que a santidade é possível, muito atual e bem contemporânea. Guadalupe Ortiz de Landázuri y Frenández de
Heredia nasceu em Madrid a 12 de
Dezembro de 1016. Estudava Química no ano de 1936 quando teve de interromper os
estudos devido à Guerra Civil. Acabaria por concluir o curso em 1941, tendo
começado a dar aulas para sustentar a família. Em 1944 conhece o Fundador do
Opus Dei, que a ajudou a descobrir que o trabalho profissional e a vida
corrente constituem lugar de encontro com Cristo, tendo solicitado
posteriormente a admissão no Opus Dei. A partir de então desenvolve toda uma
série de tarefas apostólicas. Pela sua generosidade, fortaleza e alegria, é
convidada pelo Fundador do Opus Dei em 1950 a iniciar o trabalho apostólico das
mulheres, no México, onde permaneceu durante seis anos contribuindo para
aumentar a fé cristã em universitárias, mulheres profissionais e mães de
família. Em 1956 foi viver para Roma. Regressou a Espanha um ano depois devido
a uma doença cardíaca grave. Foi operada a uma estenose mitral, recuperou.
Posteriormente fez o doutoramento. Seria professora de Ciências numa escola
profissional do Estado, e em simultâneo, encarregava-se de trabalhos de
formação e de direção no Opus Dei, tendo mantido até ao final, o grande anseio
da sua vida, ou seja, aproximar de Deus aqueles que a rodeavam, através da sua
alegria e da sua amizade. Faleceu na cidade de Pamplona a 16 de Julho de 1975,
já com fama de santidade.
Guadalupe referia que, quando sofria alguma contrariedade, se
tonava importante esquecer o que estava para trás. Lançar-se eficazmente para o
que se encontrava em frente, enquanto meta. A luz de Jesus iluminou o coração
desta bem-aventurada, que seria luz para os encontrou ao longo da vida. O seu
diálogo com Deus era contínuo. A Santa Missa, a confissão, a recitação do terço,
constituíram um caminho de oração completo e profundo, que a converteria numa
lâmpada acesa iluminando assim os outros. Guadalupe não seria poupada ao
sofrimento, à pobreza, ao fuzilamento de seu pai, mas soube sempre manter viva
a fé, a esperança e o amor ao longo de toda a vida. Transformava em oração tudo
o que fazia, feliz pela descoberta da alegria do Evangelho, enquanto uma pérola
preciosa, tendo sido um instrumento dócil nas mãos de Deus. Entregou-se à
Virgem de Guadalupe. Foi obediente, humilde e alegre, uma verdadeira resposta consciente
ao amor de Deus, animada por um forte desejo de envolver o maior número de pessoas,
através de uma atitude de acolhimento e compreensão, tendo aceitado
pacientemente os sacrifícios da vida com os quais se confrontou, ensinando-nos
que cada um de nós, deve procurar alcançar o seu objetivo, através do próprio
percurso de vida, realizando com amor o trabalho diário, contagiando com a fé
os que nos rodeiam, para que muitos mais conheçam e amem a Deus. Ensina-nos
ainda quão bela e atraente é a atitude de ouvir os outros, mesmo nas situações
mais dolorosas. Guadalupe constituiu, pois, um dom para a Igreja.
Na belíssima cerimónia da beatificação, participaram mais de
onze mil pessoas, oriundas de mais de sessenta países. Foi delegado do Papa
Francisco o cardeal Giovanni Angelo
Becciu, prefeito da Congregação das Causas dos Santos. Com ele
concelebraram o cardeal arcebispo de Madrid, Carlos Ozoro, o prelado do Opus Dei, Fernando Ocáriz, bem como seis cardeais, nove arcebispos, dezassete bispos e
cerca de cento e cinquenta sacerdotes. Segundo o testemunho de uma colega de
origem mexicana: “Falar de Guadalupe é falar de santidade na vida corrente.
Vi-a tão natural, a trabalhar e a rir connosco, que nunca pensei que essa vida levaria à santidade de
altar”. Os restos mortais de Guadalupe encontram-se em Madrid, no Real Oratório
de Caballero García, situado na Gran Vía.
Muito mais poderia referir sobre a vida de Guadalupe Ortiz. Contudo, creio que
posso, eventualmente, ter despertado o interesse por esta bem-aventurada, agora
reconhecida pela Igreja, logo universal. E principalmente que, através da
intercessão de Guadalupe, a “sobrecarreguemos” com pedidos. Tenho a firme
convicção que a todos ajudará a alcançar as graças solicitadas. Eu própria dou
testemunho de que lhe fiz hoje mesmo um pequeno pedido, que me foi concedido. Por
esse motivo, animo a todos a fazê-lo igualmente. Também para que um dia possa
vir a ser canonizada. Beata Guadalupe, roga por nós!
Maria Helena Paes |
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