É este o segundo
Domingo da Páscoa, o Domingo da Misericórdia, e é do tema da Misericórdia que
trataremos agora. E a que propósito vem o para-raios? Pois, não só pedirei
ajuda a Benjamin Franklin, que foi o seu inventor em 1752, como a Michael
Faraday e à “gaiola” por ele inventada e experimentada em 1930. Vamos a isso.
Todos conhecemos os perigos que
acompanham as tempestades, particularmente se há queda de raios, o que pode ser
fatal para os homens e ruinoso para edificações e para os bens nelas
protegidos, sejam produtos agrícolas, animais, obras de arte ou meros
utensílios. O para-raios, colocado em locais elevados, como uma torre, não só
atrai a si o raio como permite “encaminhá-lo”, através de um fio metálico, para
a terra sem causar danos. A “gaiola de Faraday” é uma espécie de caixa, ou
“gaiola”, que serve de barreira contra campos eléctricos ou magnéticos,
protegendo o que se encontra no seu interior [1].
Hoje em dia, quase todas as construções (os navios também) são como que
“envolvidas” numa espécie armação metálica - gaiola - e encimadas por um para-raios
que as mantêm protegidas dos raios.
Esse foi, continua e continuará a ser,
o papel dos mártires que seguem o exemplo de Jesus Cristo. Há precisamente oito
dias, os atentados no Sri Lanka, vitimaram fiéis que assistiam à Missa de
Páscoa em quatro igrejas, e também a pessoas alojadas em quatro hotéis. Existe
negação de Deus, visível na perseguição feita a pessoas de Fé, sobretudo aos
cristãos católicos. São estes os nossos para-raios, aqueles que atraem sobre si
os raios dos ódios, invejas, cobiças, prepotências... protegendo os que se
abrigam dentro da “gaiola de Faraday” que é a Igreja Católica Apostólica Romana
liderada por Pedro.
Os últimos papas têm-nos recordado
muito o dever de viver a Misericórdia seguindo o exemplo de Cristo. Recorde-se
a festa da Misericórdia, que hoje celebramos por ser o segundo Domingo da
Páscoa, e foi instituída por João Paulo II, segundo as revelações feitas a Stª
Faustina; e os Anos ou Jubileus da Misericórdia que se repetem cada 50 anos; o
último iniciou-se a 8 de dezembro de 2015 e terminou a 20 de novembro de 2016.
Porém, o Papa Francisco não se cansa de nos recordar e exortar a viver as obras
de misericórdia todos os dias e em momentos normais com gestos normais de
cristãos normais e correntes. Os mártires do Sri Lanka não esperavam ser
vítimas de um atentado, mas foram-no por serem cristãos que cumpriam com os seu
dever de participar na Missa dominical, no sacrifício de Cristo que se renova
em cada Missa. Muito provavelmente, os seus assassinos não os conheciam, mas
Deus escolheu-os, como aos apóstolos, para serem nossos intercessores junto do
Pai.
Também é comum encontrarmos “para-raios”
na nossa vida corrente. São aquelas pessoas que sabem calar as críticas e
desviar as conversas desagradáveis; os professores que além de ciência nos
enriquecem com lições práticas de bem fazer para evitar erros habituais; os
pais que nos protegem com a sua sabedoria e bons conselhos; as mães que chamam a si a
resolução de conflitos familiares, fazendo-os deslizar pelos fios da conversa
carinhosa e da compreensão que leva ao perdão e ao esquecimento.
Que sorte têm aqueles que vivem entre
pessoas que exercem o papel de para-raios e gaiolas de Faraday! Que louvores
merecem aqueles que, à imitação do Mestre, cumprem com a suas obrigações
habituais e se tornam assim, não só bons para-raios e gaiolas de Faraday, mas
verdadeiros mártires.
Isabel Vasco Costa
[1]
É fácil investigar na
internet, para melhor compreensão destes inventos e sua aplicação. Não é este,
porém, o objetivo do artigo.
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