Ouvi recentemente uma palestra em
que o orador referia que durante o nosso caminhar terreno podíamos ter a
certeza que enfrentaríamos a Cruz, que se pode apresentar de diversos modos e
em diversas circunstâncias. Há momentos da nossa vida em que somos confrontados
com uma angústia enorme. Na realidade, os momentos de felicidade são fugazes. Mal
os experienciamos e já partiram, apesar de os querermos perpetuar. Bem maiores
são os momentos que nos atormentam, que nos causam dor e tristeza. Há alturas,
em que parece que Jesus não nos ouve, precisamente, quando mais precisávamos do
seu carinho, de um incentivo que nos animasse. Torna-se necessário pedir
através da oração, com muita fé e esperança, santificando assim as nossas
angústias e tristezas.
Hoje, em particular, é um dia
feliz. É lançado o livro que inclui o meu primeiro poema. Fi-lo a pedido de uma
amiga que referiu, que se publico livros de narrativa, poderia igualmente
escrever versos. Comentei que não era a mesma coisa. Não esteve de acordo e
desafiou-me para que escrevesse um poema. Interiormente, pensei que não seria
capaz. Mas a vida tem destas coisas. Não podemos dizer que não, sem ao menos
tentarmos. E um dia de manhã ao acordar decidi que iria tentar escrever uma poesia.
Confesso que tive de vencer alguma resistência inicial, de sair da minha zona
de conforto, fazendo um esforço. Depois de concluído, enviei para uma irmã
solicitando o seu parecer. Gostou. Respirei de alívio. Por mais estranho que
pareça a Chiado Editora convidou-me entretanto para enviar um poema, que era
precisamente subordinado ao tema que acabara de escrever. Nada acontece por
acaso. Enviei e aqui estou hoje na qualidade de coautora, na sessão de lançamento
da Antologia de Poesia Livre “Liberdade”. Foi necessário semear para
posteriormente colher os louros. Dou graças a Deus por haver pessoas que
confiam em nós e na nossa capacidade para enfrentarmos novos desafios. A mesma
amiga voltaria a solicitar: “Já que foste capaz de participar numa antologia,
chegou a vez de participares numa Coletânea: “Na Rota de Camões” com poetas oriundos
dos países da lusofonia. Bem, como dizer que não, sobretudo, porque as causas
ligadas à lusofonia me interessam? Mais uma tentativa, torna-se necessário
corresponder a esta nova solicitação. Desta feita com uma responsabilidade
acrescida por envolver os países que compõem a lusofonia, ou seja de expressão
da língua portuguesa. Vamos a isso, há que tentar novamente. Mais uma vez, numa
manhã em que me encontrava inspirada, escrevi dois poemas sobre o poeta Luís
Vaz de Camões. E melhor ou pior fui capaz. Porventura, quem sabe se tinha
descoberto uma nova vocação? Temos de corresponder a novos desafios. Também se
torna extremamente gratificante ver o nosso trabalho, de algum modo
reconhecido. Não estaria hoje aqui se não tivesse aceitado o repto.
E a Sessão de Lançamento começou ao
sabor do piano. O representante da Chiado referiu depois que era um livro que os
deixa muito orgulhosos, que tinha congregado toda uma série de poetas. No ano
anterior em que completaram os 10 anos de existência, tinham-se proposto, o
repto de fazer com mais recorrência, o lançamento de antologias. Acreditam que
há autores para os quais a Chiado é uma porta aberta para esse feito. Cada vez
que juntam várias centenas de autores, posteriormente torna-se uma realidade
ver que começaram a escrever. Liberdade constitui uma palavra a que a Chiado
está ligada desde o primeiro dia, porque gostam dos livros. Se quisessem
referir em poucas palavras, “libertar” o livro, com condições dignas sob mais
variados temas e linhas de pensamento, têm na Chiado Books, uma porta cada vez mais larga e mais aberta para os acolher.
A liberdade de expressão só existe quando todas as formas de expressão forem, de
algum modo, livres. Criámos essa liberdade. Foi a primeira vez que deram um
tema, que se adequava ao mês do lançamento, Abril, logo, o lema seria “Liberdade”.
Tiveram muitas participações, mais de mil poemas para selecionar. Seguidamente
foram declamados alguns versos do livro de poesia, concedendo assim, a
liberdade de saírem do livro. Uma tarde agradável a ouvir poesia ao som de
piano. Tantos poemas, tantas formas de pensamento. Que riqueza, que liberdade
de expressão. Uns melhores, outros nem tanto, eram reconhecidos pelo mérito do
seu esforço, a darem os seus primeiros passos, quem sabe futuros poetas. O
futuro a Deus pertence!
Recordo os ensinamentos da ação
de formação espiritual a que assisti recentemente. Meu Deus, se não olho para a
Cruz e medito a Cruz não dá, não é um pormenor, temos de encontrar nela luz,
serenidade, paz, coisas maravilhosas que acontecem a par da aceitação do
sofrimento e das contrariedades. O amor que Deus tem por nós é infinito, que
nos enviou o Seu Filho para nos libertar da escravidão do pecado, logo, devo
procurar unir-me a Jesus nas contrariedades de cada dia e ajudar os que se
encontram comigo a aceitar as dificuldades da vida com sentido sobrenatural e
ânimo desportivo. É difícil mas não impossível, com a ajuda de Santa Maria a
quem recorremos, poderemos viver com alegria sobrenatural na dor e na doença.
Quando nos decidimos a levar a nossa cruz, Jesus não nos deixa. De algum modo
sentimos que nos apoia e nos reconforta. S. Josemaria in Forja, 772, escreveu: “Sinais inequívocos da verdadeira Cruz de
Cristo: a serenidade, um profundo sentimento de paz, um amor disposto a
qualquer sacrifício, uma eficácia grande, que emana do próprio Lado de Jesus, e
sempre – de modo evidente – a alegria: uma alegria que procede de saber que,
quem se entrega de verdade, está junto da Cruz e, por conseguinte, junto de
Nosso Senhor”.
Uma verdadeira loucura de Amor.
Recordo que Nossa Senhora não foi poupada ao claro-escuro da fé. Devemos de
aceitar este mistério, meditá-lo com calma. Maria assistiu “ao vivo” ao
sacrifício da cruz. Santa Maria, esperança nossa, que não foste poupada ao
sofrimento junto da Cruz, intercedei por todos nós para que: “Na Nossa Angústia
Invoquemos Jesus”.
Maria Helena Paes |
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