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quinta-feira, 20 de junho de 2019

Na Nossa Angústia Invoquemos Jesus

Ouvi recentemente uma palestra em que o orador referia que durante o nosso caminhar terreno podíamos ter a certeza que enfrentaríamos a Cruz, que se pode apresentar de diversos modos e em diversas circunstâncias. Há momentos da nossa vida em que somos confrontados com uma angústia enorme. Na realidade, os momentos de felicidade são fugazes. Mal os experienciamos e já partiram, apesar de os querermos perpetuar. Bem maiores são os momentos que nos atormentam, que nos causam dor e tristeza. Há alturas, em que parece que Jesus não nos ouve, precisamente, quando mais precisávamos do seu carinho, de um incentivo que nos animasse. Torna-se necessário pedir através da oração, com muita fé e esperança, santificando assim as nossas angústias e tristezas.

Hoje, em particular, é um dia feliz. É lançado o livro que inclui o meu primeiro poema. Fi-lo a pedido de uma amiga que referiu, que se publico livros de narrativa, poderia igualmente escrever versos. Comentei que não era a mesma coisa. Não esteve de acordo e desafiou-me para que escrevesse um poema. Interiormente, pensei que não seria capaz. Mas a vida tem destas coisas. Não podemos dizer que não, sem ao menos tentarmos. E um dia de manhã ao acordar decidi que iria tentar escrever uma poesia. Confesso que tive de vencer alguma resistência inicial, de sair da minha zona de conforto, fazendo um esforço. Depois de concluído, enviei para uma irmã solicitando o seu parecer. Gostou. Respirei de alívio. Por mais estranho que pareça a Chiado Editora convidou-me entretanto para enviar um poema, que era precisamente subordinado ao tema que acabara de escrever. Nada acontece por acaso. Enviei e aqui estou hoje na qualidade de coautora, na sessão de lançamento da Antologia de Poesia Livre “Liberdade”. Foi necessário semear para posteriormente colher os louros. Dou graças a Deus por haver pessoas que confiam em nós e na nossa capacidade para enfrentarmos novos desafios. A mesma amiga voltaria a solicitar: “Já que foste capaz de participar numa antologia, chegou a vez de participares numa Coletânea: “Na Rota de Camões” com poetas oriundos dos países da lusofonia. Bem, como dizer que não, sobretudo, porque as causas ligadas à lusofonia me interessam? Mais uma tentativa, torna-se necessário corresponder a esta nova solicitação. Desta feita com uma responsabilidade acrescida por envolver os países que compõem a lusofonia, ou seja de expressão da língua portuguesa. Vamos a isso, há que tentar novamente. Mais uma vez, numa manhã em que me encontrava inspirada, escrevi dois poemas sobre o poeta Luís Vaz de Camões. E melhor ou pior fui capaz. Porventura, quem sabe se tinha descoberto uma nova vocação? Temos de corresponder a novos desafios. Também se torna extremamente gratificante ver o nosso trabalho, de algum modo reconhecido. Não estaria hoje aqui se não tivesse aceitado o repto.

E a Sessão de Lançamento começou ao sabor do piano. O representante da Chiado referiu depois que era um livro que os deixa muito orgulhosos, que tinha congregado toda uma série de poetas. No ano anterior em que completaram os 10 anos de existência, tinham-se proposto, o repto de fazer com mais recorrência, o lançamento de antologias. Acreditam que há autores para os quais a Chiado é uma porta aberta para esse feito. Cada vez que juntam várias centenas de autores, posteriormente torna-se uma realidade ver que começaram a escrever. Liberdade constitui uma palavra a que a Chiado está ligada desde o primeiro dia, porque gostam dos livros. Se quisessem referir em poucas palavras, “libertar” o livro, com condições dignas sob mais variados temas e linhas de pensamento, têm na Chiado Books, uma porta cada vez mais larga e mais aberta para os acolher. A liberdade de expressão só existe quando todas as formas de expressão forem, de algum modo, livres. Criámos essa liberdade. Foi a primeira vez que deram um tema, que se adequava ao mês do lançamento, Abril, logo, o lema seria “Liberdade”. Tiveram muitas participações, mais de mil poemas para selecionar. Seguidamente foram declamados alguns versos do livro de poesia, concedendo assim, a liberdade de saírem do livro. Uma tarde agradável a ouvir poesia ao som de piano. Tantos poemas, tantas formas de pensamento. Que riqueza, que liberdade de expressão. Uns melhores, outros nem tanto, eram reconhecidos pelo mérito do seu esforço, a darem os seus primeiros passos, quem sabe futuros poetas. O futuro a Deus pertence!

Recordo os ensinamentos da ação de formação espiritual a que assisti recentemente. Meu Deus, se não olho para a Cruz e medito a Cruz não dá, não é um pormenor, temos de encontrar nela luz, serenidade, paz, coisas maravilhosas que acontecem a par da aceitação do sofrimento e das contrariedades. O amor que Deus tem por nós é infinito, que nos enviou o Seu Filho para nos libertar da escravidão do pecado, logo, devo procurar unir-me a Jesus nas contrariedades de cada dia e ajudar os que se encontram comigo a aceitar as dificuldades da vida com sentido sobrenatural e ânimo desportivo. É difícil mas não impossível, com a ajuda de Santa Maria a quem recorremos, poderemos viver com alegria sobrenatural na dor e na doença. Quando nos decidimos a levar a nossa cruz, Jesus não nos deixa. De algum modo sentimos que nos apoia e nos reconforta. S. Josemaria in Forja, 772, escreveu: “Sinais inequívocos da verdadeira Cruz de Cristo: a serenidade, um profundo sentimento de paz, um amor disposto a qualquer sacrifício, uma eficácia grande, que emana do próprio Lado de Jesus, e sempre – de modo evidente – a alegria: uma alegria que procede de saber que, quem se entrega de verdade, está junto da Cruz e, por conseguinte, junto de Nosso Senhor”.

Uma verdadeira loucura de Amor. Recordo que Nossa Senhora não foi poupada ao claro-escuro da fé. Devemos de aceitar este mistério, meditá-lo com calma. Maria assistiu “ao vivo” ao sacrifício da cruz. Santa Maria, esperança nossa, que não foste poupada ao sofrimento junto da Cruz, intercedei por todos nós para que: “Na Nossa Angústia Invoquemos Jesus”.

Maria Helena Paes




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