Um livro que à
partida nos parece ser mais um slogan,
inserido num contínuo de produtos a aconselhar, porque “não fazem mal à saúde”.
Mas, esta obra é, antes pelo contrário, uma chamada de atenção ao que nas
últimas décadas o homem se foi tornando no mundo ocidental.
A aparente
caricatura que o autor nos dá dum perfil do ser humano vulgar, é uma crítica e
uma denúncia a uma cultura que perdeu o seu “ADN” e se tornou soft, excessivamente centrada em si, no
seu ego vazio, permissivo, híper tolerante ou indiferente, sem valores
superiores ou ideais transcendentes, muito materialista, consumista, hedonista
e vulnerável.
Descontente e
insatisfeito, o homem light sofre da síndroma do comando à distância, do zapping, dum cansaço psicológico e físico,
duma indiferença e superficialidade afectiva, dum desencanto da vida e duma
ansiedade que aumenta na proporção do seu fastio e desencanto de si, dos outros
e do mundo.
Numa apoteose
de sofrimento ou ausência de busca de felicidade, mergulha numa sucessão de
aditivos materiais que só aumentam o seu vazio, a única sensação pesada no meio
duma existência insustentavelmente leve, porque muito light.
“O homem light
não é religioso nem ateu, mas alguém que construiu para si mesmo uma forma
particular de espiritualidade segundo a sua perspectiva, é ele quem decide o
que está bem e o que está mal e a sua ânsia de infinito começa por uma
satisfação materialista (dinheiro, poder, prazeres, distinções e lugares onde
figurar) e acaba por fabricar para si mesmo uma ética à sua medida. No
entretanto, trata os demais como objectos e instrumentaliza a relação com
eles.”*
Porém o autor, Enrique Rojas, médico catedrático de
Psiquiatria, em Madrid, não nos deixa neste cenário pessimista, passivo e esmagadoramente
real, mas aponta caminhos psicológicos, dá sugestões e abre janelas de
esperança na superação deste vazio existencial duma vida sem valores,
descolorida e sem sentido, porque excessivamente superficial, fútil e insignificante.
Maria Susana Mexia |
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