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domingo, 23 de junho de 2019

Para afastar a tristeza

Nestes dias tenho andado menos bem de saúde. Nada de importante mas que me causa algum desconforto, sentir alguma limitação. Resolvi fazer um esfoço. Dar o meu contributo para melhorar. Na realidade, face ao inverno e ao frio que se fazia sentir, tinha deixado de fazer as caminhadas habituais. A saúde ressentiu-se. Agora que o tempo melhorou torna-se necessário retomar esse hábito. É melhor do que tomar medicamentos. Com algum grau de dificuldade venci a minha resistência. Graças a Deus que o fiz. O sol brilhava. O dia estava ameno. O rio tinha uma cor azul cintilante. Maré alta. Uma fila de pescadores entretinha-se a ver se algum peixe mordia o isco. Questionei se a pesca era abundante. “Mais uma distração”, referiu um dos pescadores, acrescentando: “A água ainda está fria”. Não me canso de observar o rio. Lisboa é mesmo uma cidade privilegiada, cheia de luz e de histórias centenárias para contar. Já me encontrava envolvida no contexto ribeirinho. Como o sol, brilhou a alegria, acompanhando o movimento das águas ondulantes do rio, devido a uma brisa suave que se fazia sentir. Quantas vezes, terei feito este percurso do qual não me canso. Foram momentos vivenciados bem diferentes. Depende da companhia que tive. Umas vezes solitária, imbuída nos meus pensamentos, algumas vezes a rezar o terço. Doce monotonia das “Ave-Maria” que me embalavam, com o carinho e o amor da Nossa Mãe do Céu. Outras vezes com a neta. Eram momentos de muita alegria e de algum desassossego. Alguma vez na companhia de uma amiga ou familiar partilhando confidências, que o vento depois levava. Recordei que vai começar o mês de Maio, consagrado a Maria. Também constitui a melhor época para se fazer uma romaria a um local consagrado a Nossa Senhora, de preferência a um santuário mariano. Tenho uma amiga com a qual faço habitualmente a romaria do mês de Maio. Temos de agendar para não cair no esquecimento. Na verdade andamos tão ocupados, com a vida profissional, familiar e com pequenas coisas, que às vezes nos esquecemos das mais importantes. É preciso uma maior generosidade para cumprimos as obrigações espirituais. Temos de reconhecer as nossas fragilidades. Mas a vida constitui uma verdadeira escalada no sentido de procurarmos alcançar a perfeição. O Papa Francisco referiu que Deus nos procura mesmo que não o procuremos, ama-nos, mesmo que nos tenhamos esquecido d´Ele. Vê-nos como algo belo ainda que pensemos que gastámos todos os nossos talentos em vão. Também que o Espírito Santo deve ser o protagonista da nossa vida.

Bem, a minha amiga parece que adivinhou a minha intenção de fazer uma romaria tendo-me telefonado para agendar. Este ano seria uma primeira romaria na Igreja de Nossa Senhora da Porta do Céu. Encontrámo-nos no jardim em frente onde dêmos início à romaria rezando o primeiro terço do rosário, colocando as diferentes intenções em cada mistério. Seguidamente, entrámos na Igreja. O Santíssimo Sacramento encontrava-se exposto. Que bom. Iríamos certamente rezar melhor. “Graças e louvores se deem a todo o momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento". Rezámos um segundo terço do rosário bem como a Ladainha a Nossa Senhora. Saímos seguidamente da Igreja, continuando a nossa romaria, ou seja, rezando um terceiro terço do rosário. Graças a Deus há sempre tantas intenções para colocar! S. Josemaria in “Cristo que Passa”, a propósito das romarias escreveu: “Respeito e estimo essas outras manifestações de piedade, mas, pessoalmente, prefiro tentar oferecer a Maria o mesmo carinho e o mesmo entusiasmo por meio de visitas pessoais, ou, em pequenos grupos, com intimidade”.

São João Paulo II, referiu em Fátima: “Uma manifestação particular da maternidade de Maria em relação aos homens, são os lugares em que Ela se encontra com eles; as casas onde Ela habita; casas onde se sente uma presença toda particular da Mãe… Aí o homem sente-se entregue e confiado a Maria e vem para estar com Ela, como se está com a própria mãe. Abre-Lhe o seu coração e fala-Lhe de tudo. “Recebe-A em sua casa”, dentro de todos os seus problemas, por vezes difíceis. Graças a Deus, que tinha feito esta primeira romaria. Se possível, tenciono realizar uma segunda romaria a Nossa Senhora de Fátima no dia 13 de Maio. Também possuo a intenção de participar na Procissão de Nossa Senhora da Porta do Céu que tem lugar no dia 10 de maio. O “Diretório sobre a piedade popular e a liturgia”, publicado pela Santa Sé de 2002, explica o que está por detrás dessa manifestação popular de amor a Nossa Senhora: “A piedade popular à santíssima Virgem, diversa nas suas expressões e profunda nas suas causas, é um facto eclesial relevante e universal. Brota da fé e do amor do povo de Deus a Cristo, Redentor do género humano, e da perceção da missão salvífica que Deus confiou a Maria de Nazaré, para quem a Virgem não é apenas a Mãe do Senhor e Salvador, mas também, no plano da graça, a Mãe de todos os homens. De facto os fiéis entendem facilmente a relação vital que une o Filho e a Mãe. Sabem que o Filho é Deus, e que ela, a Mãe, é também sua mãe. Percebem a santidade imaculada da Virgem, e venerando-a como Rainha gloriosa no céu, têm a certeza de que ela cheia de misericórdia, intercede em seu favor, e portanto, imploram com confiança a sua proteção…Celebram com gosto as suas festas, participam com gosto nas suas procissões, peregrinam aos seus santuários, gostam de cantar em sua honra, apresentam-lhe ofertas votivas…A própria Igreja exorta todos os seus filhos a alimentar a sua piedade pessoal e comunitária através de exercícios de piedade, que aprova e recomenda”.

À laia de conclusão deste artigo denominado “Para afastar a tristeza”, recomendo vivamente a recitação piedosa do terço. O Papa Francisco tweetou e, com as suas palavras, termino: “Se com as nossas fragilidades retornamos ao Senhor, se tomarmos o caminho do amor, abraçaremos a vida que não termina. E estaremos na alegria”.    
                                                        
Maria Helena Paes



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