Nestes dias tenho andado menos
bem de saúde. Nada de importante mas que me causa algum desconforto, sentir
alguma limitação. Resolvi fazer um esfoço. Dar o meu contributo para melhorar.
Na realidade, face ao inverno e ao frio que se fazia sentir, tinha deixado de
fazer as caminhadas habituais. A saúde ressentiu-se. Agora que o tempo melhorou
torna-se necessário retomar esse hábito. É melhor do que tomar medicamentos.
Com algum grau de dificuldade venci a minha resistência. Graças a Deus que o
fiz. O sol brilhava. O dia estava ameno. O rio tinha uma cor azul cintilante.
Maré alta. Uma fila de pescadores entretinha-se a ver se algum peixe mordia o
isco. Questionei se a pesca era abundante. “Mais uma distração”, referiu um dos
pescadores, acrescentando: “A água ainda está fria”. Não me canso de observar o
rio. Lisboa é mesmo uma cidade privilegiada, cheia de luz e de histórias
centenárias para contar. Já me encontrava envolvida no contexto ribeirinho. Como
o sol, brilhou a alegria, acompanhando o movimento das águas ondulantes do rio,
devido a uma brisa suave que se fazia sentir. Quantas vezes, terei feito este
percurso do qual não me canso. Foram momentos vivenciados bem diferentes.
Depende da companhia que tive. Umas vezes solitária, imbuída nos meus
pensamentos, algumas vezes a rezar o terço. Doce monotonia das “Ave-Maria” que
me embalavam, com o carinho e o amor da Nossa Mãe do Céu. Outras vezes com a
neta. Eram momentos de muita alegria e de algum desassossego. Alguma vez na
companhia de uma amiga ou familiar partilhando confidências, que o vento depois
levava. Recordei que vai começar o mês de Maio, consagrado a Maria. Também
constitui a melhor época para se fazer uma romaria a um local consagrado a
Nossa Senhora, de preferência a um santuário mariano. Tenho uma amiga com a
qual faço habitualmente a romaria do mês de Maio. Temos de agendar para não
cair no esquecimento. Na verdade andamos tão ocupados, com a vida profissional,
familiar e com pequenas coisas, que às vezes nos esquecemos das mais
importantes. É preciso uma maior generosidade para cumprimos as obrigações
espirituais. Temos de reconhecer as nossas fragilidades. Mas a vida constitui
uma verdadeira escalada no sentido de procurarmos alcançar a perfeição. O Papa
Francisco referiu que Deus nos procura mesmo que não o procuremos, ama-nos,
mesmo que nos tenhamos esquecido d´Ele. Vê-nos como algo belo ainda que
pensemos que gastámos todos os nossos talentos em vão. Também que o Espírito Santo
deve ser o protagonista da nossa vida.
Bem, a minha amiga parece que
adivinhou a minha intenção de fazer uma romaria tendo-me telefonado para
agendar. Este ano seria uma primeira romaria na Igreja de Nossa Senhora da
Porta do Céu. Encontrámo-nos no jardim em frente onde dêmos início à romaria
rezando o primeiro terço do rosário, colocando as diferentes intenções em cada
mistério. Seguidamente, entrámos na Igreja. O Santíssimo Sacramento encontrava-se
exposto. Que bom. Iríamos certamente rezar melhor. “Graças e louvores se deem a
todo o momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento". Rezámos um
segundo terço do rosário bem como a Ladainha a Nossa Senhora. Saímos
seguidamente da Igreja, continuando a nossa romaria, ou seja, rezando um
terceiro terço do rosário. Graças a Deus há sempre tantas intenções para
colocar! S. Josemaria in “Cristo que Passa”,
a propósito das romarias escreveu: “Respeito e estimo essas outras
manifestações de piedade, mas, pessoalmente, prefiro tentar oferecer a Maria o
mesmo carinho e o mesmo entusiasmo por meio de visitas pessoais, ou, em
pequenos grupos, com intimidade”.
São João Paulo II, referiu em
Fátima: “Uma manifestação particular da maternidade de Maria em relação aos
homens, são os lugares em que Ela se encontra com eles; as casas onde Ela
habita; casas onde se sente uma presença toda particular da Mãe… Aí o homem
sente-se entregue e confiado a Maria e vem para estar com Ela, como se está com
a própria mãe. Abre-Lhe o seu coração e fala-Lhe de tudo. “Recebe-A em sua
casa”, dentro de todos os seus problemas, por vezes difíceis. Graças a Deus,
que tinha feito esta primeira romaria. Se possível, tenciono realizar uma
segunda romaria a Nossa Senhora de Fátima no dia 13 de Maio. Também possuo a
intenção de participar na Procissão de Nossa Senhora da Porta do Céu que tem
lugar no dia 10 de maio. O “Diretório sobre a piedade popular e a liturgia”,
publicado pela Santa Sé de 2002, explica o que está por detrás dessa
manifestação popular de amor a Nossa Senhora: “A piedade popular à santíssima
Virgem, diversa nas suas expressões e profunda nas suas causas, é um facto
eclesial relevante e universal. Brota da fé e do amor do povo de Deus a Cristo,
Redentor do género humano, e da perceção da missão salvífica que Deus confiou a
Maria de Nazaré, para quem a Virgem não é apenas a Mãe do Senhor e Salvador,
mas também, no plano da graça, a Mãe de todos os homens. De facto os fiéis
entendem facilmente a relação vital que une o Filho e a Mãe. Sabem que o Filho
é Deus, e que ela, a Mãe, é também sua mãe. Percebem a santidade imaculada da
Virgem, e venerando-a como Rainha gloriosa no céu, têm a certeza de que ela
cheia de misericórdia, intercede em seu favor, e portanto, imploram com
confiança a sua proteção…Celebram com gosto as suas festas, participam com
gosto nas suas procissões, peregrinam aos seus santuários, gostam de cantar em
sua honra, apresentam-lhe ofertas votivas…A própria Igreja exorta todos os seus
filhos a alimentar a sua piedade pessoal e comunitária através de exercícios de
piedade, que aprova e recomenda”.
À laia de conclusão deste artigo
denominado “Para afastar a tristeza”, recomendo vivamente a recitação piedosa
do terço. O Papa Francisco tweetou e,
com as suas palavras, termino: “Se com as nossas fragilidades retornamos ao
Senhor, se tomarmos o caminho do amor, abraçaremos a vida que não termina. E
estaremos na alegria”.
Maria Helena Paes |
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