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domingo, 23 de junho de 2019

Duas Iniciativas Diferentes

Esta semana participei em duas ações de formação. Uma na Fundação Calouste Gulbenkian sobre o Lançamento dos Concursos 2019 do Programa Cidadãos Ativos/EEA Grants promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Bissaya Barreto. Este programa foi criado na sequência do concurso para a gestão em Portugal do Active Citizen Fund, um fundo destinado a Organizações Não Governamentais (ONG). O Programa Cidadãos Ativos (2018/2024) pretende fortalecer a sociedade civil e a cidadania ativa, e a capacitação de grupos vulneráveis em Portugal, mas também estimular a cooperação entre a sociedade civil portuguesa, entidades dos três países financiadores (Islândia, Liechtenstein e Noruega) e organizações intergovernamentais. Já conhecia este programa, mas importa divulgar, quem sabe se existe alguma ONG que o desconhece, podendo ainda vir a concorrer beneficiando deste apoio? Falou-se da “importância da aprendizagem, do fator humano, das pessoas, que constituem o pilar fundamental para o desenvolvimento, e fatores ativos de mudança e de prevenção do reforço de uma sociedade onde haja “liberdade igual, diferença igual”. “Nunca estamos vacinados contra o populismo. Para não sermos surpreendidos a única maneira de prevenir é agindo, trabalhando, alfabetizando, educando, ajudando as pessoas a organizarem-se rumo ao progresso, rumo ao futuro. Em Portugal existe todo um contexto positivo para se elaborarem projetos. “Eu sou parte de tudo o que encontrei”. “Tudo requer um elemento de investigação científica que demonstre que se sabe perfeitamente o que fazemos”. “As mudanças requerem tempo. Ter constância na ação”. “Salvar e melhorar a vida das pessoas”. “Não se podem mudar as políticas a não ser que tenhamos as pessoas connosco”. “Transformação vis-à-vis novos modelos de organização da sociedade”. Cabe aos cidadãos, à sociedade civil, reforçar a cidadania através da representação, da mobilização, para que se evite a tentação, de que ocorram toda uma série de situações, uma vez que, quando se sai para a rua em manifestação, é devido ao facto de que as Instituições não funcionaram. “As pessoas têm que se encantar com os projetos”. “Temos de nos meter nos projetos, para alcançarmos os objetivos iniciais propostos”. Também, nos projetos de mudança social, aprende-se com aquilo que não alcançou, os resultados propostos, porque nos ajuda a corrigir e a construir uma nova mudança”. Em suma pretende-se contribuir para aumentar o bem-estar das populações.

A outra iniciativa em que participei tocou-me profundamente. Talvez por ser uma temática sobre a qual ainda não me tinha debruçado em profundidade. Mas a vida faz sentido. Ultimamente, tenho lidado com alguns casos que requerem um maior conhecimento, no sentido de melhor poder apoiar e também divulgar o que está a ser feito na área das tecnologias enquanto solução para todos. Também porque “o saber não ocupa lugar”. Posto isto foi com o maior gosto que divulgo a ação de formação subordinada ao tema: “O Mundo do Silêncio nas Patologias Neurológicas”, promovido pela Associação de Cooperação e Cultura AC2, que, em boa hora, teve lugar no dia 4 de maio no Hotel Continental. Na brochura distribuída constava uma frase de Leon Tolstoi: “Na vida só há um modo de ser feliz: viver para os outros”. Também um panfleto distribuído referia: “O desenvolvimento de novas abordagens e de novos sistemas tecnológicos, baseados numa investigação científica aprofundada, tem permitido que qualquer pessoa, independentemente da causa e da gravidade da sua patologia, possa encontrar um sistema alternativo e aumentativo de comunicação adequado que lhe permita comunicar e interagir em todos os contextos que se pretenda inserir. A aplicação de tecnologias emergentes na área das Tecnologias de Apoio (AT) está a originar a criação de novos dispositivos que podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida de pessoas com deficiência e pessoas idosas”.

As tecnologias de apoio à comunicação constituem uma componente essencial… permitindo ao seu utilizador a transmissão de uma mensagem… e uma interação eficaz com os quais pretende comunicar. Por outro lado, os sistemas de acesso ao computador incluem sistemas informáticos integrados (ratos, joysticks) bem como programas especiais… que permitem a utilização do computador por pessoas com disfunção neuromotora grave. Desta forma, qualquer pessoa, independentemente da sua incapacidade, poderá comunicar (através da fala sintetizada), escrever, desenhar, jogar, ou até ter acesso à internet, consultando e procurando informação, comunicando à distância através de email ou mesmo participando ativamente nas redes sociais. Quão importante se torna deitar abaixo este muro do silêncio, concedendo o acesso a funcionalidades às pessoas. Temos um exemplo impressionante Steven Hoopkins, por todos demais conhecido, que é a prova do que refiro. Infoincluir as pessoas com deficiência, como é o caso da Esclerose Lateral Amiotrófica, a paralisia cerebral, autismo, deficiência mental, sequelas de acidentes vasculares cerebrais, doenças neurológicas progressivas entre outros, já que a Fala é a forma de expressão mais utilizada pelos seres humanos quando pretendem comunicar. No entanto, há muitas pessoas que, por razões diversas, estão incapacitadas de o fazer, tendo contudo, necessidades e capacidades comunicativas idênticas. Logo, torna-se necessário, dotá-las, tão cedo quanto possível, de um “Sistema Alternativo e Aumentativo de Comunicação”, que englobe um conjunto de Técnicas, Ajudas, Estratégias e Capacidades, que uma pessoa com limitações na comunicação necessita. A Comunicação Aumentativa e Alternativa (AAC), constitui um instrumento, que se torna essencial no sentido de vencer os obstáculos que muitas pessoas com incapacidade de utilizar a fala, têm de enfrentar… Através destes meios, das tecnologias de apoio à escrita, as pessoas podem expressar os seus desejos e sentimentos, e tomar decisões sobre a própria vida. Foram dados alguns exemplos que muito me sensibilizaram, entre eles, um pai que escreveu uma carta à filha, outro que fez o seu testamento vital. Enfim, estas novas tecnologias revestem-se da maior importância para o bem-estar dos doentes e suas famílias.

Deus queira que o Estado contemple, nos seus apoios a nível da saúde, estes equipamentos tão necessários e eficazes no sentido de derrubar o muro do silêncio em que se encontram tantos doentes, a vários níveis, podendo assim ser integrados na vida ativa, interagindo com o mundo que os rodeia. A Comunicação constitui um Direito Humano básico para TODOS. Também me impressionou saber que algumas crianças com estas patologias são mais abusadas sexualmente, podendo o abuso morrer com a própria pessoa.

Que Santa Maria, Rainha da Esperança, nos ajude a promover ações que contribuam para ajudar a minimizar e a encontrar soluções e mais apoios para as situações referidas, intercedendo por essa intenção tão necessária, em prol do bem-estar dos doentes, das famílias, da sociedade.

Maria Helena Paes



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