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domingo, 30 de junho de 2019

Um apelo ao próximo parlamento europeu


Nota da Comissão Nacional Justiça e Paz, em ação coordenada com Justiça e Paz Europa

A Comissão Nacional Justiça e Paz integra uma plataforma de comissões Justiça e Paz europeias (Justiça e Paz Europa), a qual lança um apelo aos candidatos a deputado nas próximas eleições para o Parlamento Europeu.

Através deste apelo, Justiça e Paz Europa e a Comissão Nacional Justiça e Paz pretendem contribuir para superar a crise de confiança no projeto da União Europeia que se sente atualmente. Para tal, entendem ser importante que o próximo Parlamento Europeu tenha em consideração, como prioritárias, as questões seguintes:
           
1) A justiça social, contra as desigualdades de distribuição de riqueza entre as várias regiões da União Europeia.

            O Tratado da União Europeia proclama um princípio de conjugação das regras do mercado livre com a promoção da coesão social, económica e territorial. Não são compatíveis com essa coesão desequilíbrios como os que se verificam atualmente. A título de exemplo, veja-se a diferença entre o custo médio da hora de trabalho na Bulgária (4,90€) e na Dinamarca (42,50€). A convergência entre regiões mais ricas e mais pobres da União Europeia, que se verificou durante algum tempo, está agora a diminuir. Este desequilíbrio conduz ao despovoamento de muitas regiões rurais e com menores oportunidades de trabalho.

Importa, por isso, dar um novo e decisivo impulso às políticas europeias de desenvolvimento regional. Temos presente que o autêntico desenvolvimento não se mede apenas pelo PIB; para além da dimensão económica, envolve dimensões sociais, culturais, ecológicas e espirituais, para que se traduza em desenvolvimento humano integral.

2) O combate ao desperdício alimentar.
O enorme desperdício alimentar nos países desenvolvidos é uma imagem escandalosa dos efeitos colaterais negativos das modalidades dominantes de produção e consumo. Na União Europeia a quantidade de desperdício alimentar é estimada em 88 milhões de toneladas por ano, ou seja, mais de um quinto da produção. A meta 12.3 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas impõe a redução para metade do desperdício alimentar em todo o mundo.

Pede-se ao próximo Parlamento Europeu o estabelecimento de metas obrigatórias de redução do desperdício alimentar na União Europeia.

3) O fim da exportação de armas que possam vir a ser utilizadas em guerras e conflitos.

Nos últimos anos as armas produzidas no Mercado Único Europeu foram utilizadas em diversas guerras e conflitos. Os países da União Europeia no seu conjunto são o segundo maior exportador de armas do mundo. As exportações gerais de armas de países da União Europeia aumentaram 10% no período de 2013 a 2017 em relação ao período de 2008 a 2012 e esse aumento foi de 103% no que se refere ao Médio Oriente.

Manter a paz e promover os direitos humanos foram as motivações mais importantes que levaram à criação da União Europeia, sendo que tais objetivos devem, de acordo com o artigo 21.º do Tratado da União Europeia, inspirar a sua política externa. A Posição Comum sobre exportação de armas na União Europeia veda essa exportação para países envolvidos em guerras e conflitos, que cometam sérias violações dos direitos humanos, que apoiem organizações terroristas, ou em que os altos custos dos equipamentos de defesa possam afetar seriamente as suas perspetivas de desenvolvimento.

Há que fazer observar estas regras, o que não sucede atualmente.

4) O respeito pelos direitos humanos por parte de empresas multinacionais.

O P.I.B. de alguns países em desenvolvimento é inferior ao volume de negócios de várias empresas multinacionais, algumas delas com sede na União Europeia. Este facto torna esses países particularmente vulneráveis perante os perigos de corrupção, exploração injusta de recursos naturais por parte dessas empresas e tratamento privilegiado das mesmas.

O próximo Parlamento Europeu deveria instituir entidades com competência de monitorização do respeito pelos direitos humanos por parte de empresas multinacionais da União Europeia na sua atuação em países em desenvolvimento, com punição destas em caso de eventual violação desses direitos.

É nossa firme convicção que só uma União Europeia coerente com os valores da paz, do respeito pelos direitos humanos e da justiça social, que estiveram na base da sua criação, pode suscitar a confiança, o entusiasmo e a mobilização de todos os europeus. É por isso que dirigimos este apelo aos candidatos a deputados nas próximas eleições para o Parlamento Europeu.

Temos em particular atenção os candidatos portugueses. Deles esperamos, em especial, um empenho de abertura da Europa ao mundo, para que esta não se transforme numa fortaleza alheia aos problemas que se vivem ao seu redor. Portugal tem relações privilegiadas com países lusófonos que se contam entre os que mais sofrem a pobreza e a consciência deste drama deve estar presente no Parlamento Europeu.  

Lisboa, 29 de abril de 2019                             A Comissão Nacional Justiça e Paz



Progresso e regressão

«Está na altura de incluir na agenda política o combate à pornografia» - não, esta frase não é de algum político moralista e ultraconservador. É de um embaixador especial do governo sueco para o combate ao tráfico de pessoas.

Ouvi-o num congresso internacional (onde estive presente em representação da associação “O Ninho”) que decorreu em Mainz, na Alemanha, de movimentos que lutam pela abolição da prostituição, como violação dos direitos humanos, e pela implementação legislativa do chamado “modelo nórdico” (ou “modelo sueco”), o qual pune o proxenetismo e o cliente de prostituição e apoia a reinserção social das pessoas prostituídas encaradas como vítimas. Esse embaixador do governo sueco apresentou os sucessos desse modelo (já com vinte anos), que reduziu significativamente a prostituição, o tráfico de pessoas e, sobretudo, contribuiu para desfazer o mito de que esse fenómeno é inevitável (“a mais velha profissão do mundo”), como se algumas mulheres tivessem de resignar-se à condição de mercadoria. Definiu o seu governo como um governo fortemente empenhado na causa feminista. Essa mesmo causa levava-o a equiparar a prostituição à pornografia: num e noutro caso, as mulheres são vítima de exploração, através destes dois fenómenos difunde-se uma ideia destorcida das relações sexuais, com a coisificação da pessoa.

Recordei-me de imediato de que foi precisamente na Suécia, e noutros países nórdicos, que se iniciou, a partir dos anos setenta do século passado, o movimento universal de liberalização da pornografia, com a invocação da ausência da sua danosidade social e da ausência de correlação entre o seu consumo e a criminalidade sexual. Recordei-me também da exposição de motivos do diploma que em Portugal pela primeira vez legalizou a venda de material pornográfico (com limitações que nunca chegaram a ser observadas), o Decreto-Lei n,º 254/76, onde se afirma que o consumo de pornografia é defendido por «psicólogos, sociólogos e pedagogos» e desempenha «uma função desmistificadora e desintoxicante».

Nesse congresso fez-se representar uma organização feminista sueca, Talita (www.talita.org), que apoia mulheres vítimas da prostituição e também da pornografia. Uma sua publicação, 10 Myths About Porn desfaz, com base em sólida investigação empírica, essas ideias que serviram de base à liberalização da pornografia.

Nessa publicação afirma-se que centenas de estudos internacionais, ao longo de cinquenta anos, revelam uma ligação entre o consumo de pornografia por homens e rapazes e uma maior agressividade sexual contra mulheres e raparigas. Uma meta-análise de 2016, baseada em 22 estudos de sete diferentes países, revela uma relação significativa entre um maior consumo de pornografia e uma maior agressividade sexual, independentemente da violência física explícita que ela possa conter. É assim porque na pornografia se verifica sempre uma degradação e coisificação da mulher. A pornografia serve, de acordo com as conclusões desse estudo, de catalisador e inspiração para a agressão sexual.

Outros mitos que essa publicação pretende desfazer são os de que o consumo de pornografia não afeta a qualidade do relacionamento sexual pessoal, de que a pornografia é pura fantasia ou de que ela pode ser um instrumento de educação sexual. A pornografia veicula uma imagem de relacionamento entre homens e mulheres que é exatamente o oposto de um relacionamento baseado no consentimento, no respeito e na igualdade. Trivializa a violência e a humilhação.

A investigação invocada nessa publicação revela também a similitude entre os fenómenos da pornografia e da prostituição. Num e noutro caso, as mulheres usadas provêm de contextos sociais muito desfavorecidos, com experiências de pobreza extrema, abandono familiar ou abusos sexuais na infância; num e noutro caso, essas mulheres sofrem de stress pós-traumático num escala equiparável à das vítimas de guerra, tortura ou violação. Os consumidores de pornografia também se assemelham, na postura que têm para com a mulher, aos clientes da prostituição.

Surpreendeu-me este tipo de discurso, que noutro contexto poderia parecer conservador, vindo de representantes da sociedade civil e do governo de um país, a Suécia, muitas vezes apresentado como arauto da mentalidade dita progressista (com as suas melhores e piores facetas: no que ao aborto diz respeito, por exemplo, é dos poucos países que nem sequer reconhece a possibilidade de objeção de consciência). Uma mentalidade que o fez ser pioneiro na liberalização da pornografia e na promoção da igualdade entre homem e mulher. E que verifica hoje a radical incompatibilidade entre essas dois objetivos.

Isso fez-me refletir no erro que é querer seguir acriticamente os “ares do tempo”, em muitas questões e também nesta da ética sexual; no erro que foi seguir alguns dos que eram os “ares do tempo” no final da década de sessenta do século passado. E no que significa, na verdade, ser “progressista”, o que representa um verdadeiro progresso e o que representa uma regressão.

Pedro Vaz Patto
Presidente da
Comissão Nacional
Justiça e Paz



Eleições Europeias no mês de Maria

A Europa, como todos sabemos, apresenta um momento menos bom da sua História. As sondagens indicam um aumento progressivo de partidos políticos xenófobos, anti- europeístas (embora não tenham qualquer pudor em pertencerem a um parlamento europeu) e de ideologias anti-cristãs. Não será por acaso, nada acontece sem a permissão divina, que o mês escolhido seja o de Maio, mês de Nossa Senhora. Aqui, em Portugal, Nossa Senhora prometeu a conversão da Rússia. Estas aparições mostram, mais uma vez o desvelo de Nossa Senhora pelos seus filhos. A Nossa mãe adverte que essa conversão da Rússia depende, antes de tudo, da nossa conversão pessoal, não podemos esperar que Deus, faça aquilo que é da nossa competência. O mundo foi-nos entregue para o governarmos de modo a dar a maior glória a Deus que nos seja possível, como recordou o Papa Francisco na Encíclica “Laudato si”, somos os responsáveis por esta “casa comum”.

Um modo de exercermos os deveres para com os nossos irmãos e votar de uma forma consciente e consonante com a nossa fé. O ponto 1901 do Catecismo lembra que: «A determinação dos regimes políticos, tal como a designação dos seus dirigentes, devem ser deixados à livre vontade dos cidadãos». Não é lícito apoiar quem propõe programas de organização social contrários à doutrina cristã, logo, contrários ao bem comum e à verdadeira dignidade do homem. O ponto 2240 do mesmo catecismo afirma ainda: “A submissão à autoridade e a co-responsabilidade pelo bem comum exigem moralmente o pagamento de impostos, o exercício do direito de voto, a defesa do país”.

Atualmente, observa-se nos currículos escolares a imposição de muitas ideologias contrárias à nossa fé e os pais são obrigados a verem os seus filhos absorverem teorias nefastas, contrárias à dignidade da pessoa humana, sem nada poderem fazer, sobretudo quando os recursos financeiros são diminutos e não podem e não podem escolher livremente o estabelecimento de ensino que desejam.

De um modo consciente, após uma grande reflexão, procuremos estudar qual a força política que melhor serve os desígnios de uma Europa que se encontra cada vez mais longe das matrizes cristãs.

VOTEMOS CONSCIENTEMENTE e de MODO RESPONSÁVEL!

Maria Guimarães



Temos Mãe

E bem, que fazer? Agenda cancelada em prol de um bem maior. Tomar conta da minha netinha adoentada. É mesmo um gosto. Desconfiada, com receio de que me ausentasse, referiu que era o dia do pijama. E assim, depois do banho tomado, ficámos de pijama. Depois “almoçou” o que lhe apeteceu. Não vale de todo a pena insistir. Inicialmente, senti-me um pouco preocupada. Tinha um compromisso agendado ao qual me custou faltar. Aos poucos fui-me conformando. Afinal, encontrava-me a beneficiar do carinho da minha neta bem como a apoiá-la. Os dias foram passando, e graças a Deus a menina foi recuperando da “virose”. Chegou o dia de regressar à escola. Vi-a partir contente por um lado e triste por outro. No dia seguinte foi o retomar da atividade normal. O dia apresentava-se coberto de nuvens, com neblina, vento e algum frio. Mas soube-me bem passear à chuva, bem protegida. Pela minha mente, surgiu uma música: Singing in the rain, se bem me recordo cantada por Frank Sinatra. Sinto-me feliz a rezar à chuva. Adaptei a música ao tempo que vivenciava. Rezava à chuva o terço. Que sentimento glorioso, sou feliz, já que o sol se encontra no meu coração por entre as contas do rosário e as Ave-marias. Que bem que me soube a caminhada à chuva, sentia-me feliz. Conclui a oração do terço, no belíssimo Santuário de Nossa Senhora da Luz. Depois foi o tempo de tomar um café na companhia de uma amiga, que comentou que o tempo estava péssimo, ao que contestei: “Nem por isso. Também sabe bem passear à chuva, sentir a natureza, o cheiro delicioso da terra molhada, parece que Deus está mais perto de nós, rezando o terço”. “Que estranho”, comentou a minha amiga. Retorqui que se tivesse presente os inúmeros peregrinos que se dirigiam de momento a pé de diferentes pontos do país, para o Santuário de Fátima, certamente, sabias-lhe bem não sofrerem com o calor e as altas temperaturas. Tudo tem o aspeto positivo versus o negativo. Temos que nos adequar e aceitar. Sentia-me já peregrina, com vontade de me encontrar também em Fátima, onde o meu coração já se encontra, neste mês de Maio, mês tradicionalmente dedicado ao culto da Virgem Maria. Mas tudo tem o seu tempo. Há outras obrigações entretanto a cumprir para mais tarde poder usufruir da ida a Fátima. Nos meus ouvidos soava a música “Ave Maria” cantada lindamente pelo tenor Luciano Pavarotti: Ave Maria gratia plena, Ave Maria Dominus tecum, benedicta tu in mulieribus et benedictus fructus ventris tui Iesus. Santa Maria…ora pro nobis

Entretanto chegou o dia de participar na procissão de Nossa Senhora da Porta do Céu, no dia 10 de Maio, pelas 21h15. Esta procissão percorreu as ruas de Telheiras enquanto magnífica demonstração de profunda piedade a Nossa Senhora que brota da fé e do amor enquanto Mãe de Jesus e nossa Mãe do Céu. Foi pois com alegria que me dirigi para o recinto da Igreja, onde a Imagem de Nossa Senhora já se encontrava no andor, lindamente ornamentada com rosas brancas e outras flores da mesma cor, devidamente iluminada. Estava belíssima. Finalizavam-se os últimos pormenores. Acendiam-se as velas, já que era a procissão das velas. Havia fiéis de todas as idades, algum em cadeira de rodas. Muitas crianças. Os escuteiros também participavam. E chegou o momento de sair. E o cortejo partiu acompanhado pela polícia de segurança pública que facilitaria a passagem da procissão orientando o trânsito. Enquanto caminhávamos por entre as ruas, as pessoas vieram à janela ver a Senhora passar. Também os transeuntes paravam e olhavam com veneração para a Imagem de Nossa Senhora. Na cidade, por entre prédios, a Nossa Mãe, parecia querer a todos acolher, despertá-los das vicissitudes e dos afazeres da vida. Um dia tudo termina. Reparei como brilhava na Sua mão a chave da Porta do Céu. De passagem, recordava-nos que “Ao céu nada é vedado; Para a salvação do mundo, E onde a mente não vai, Chega o coração profundo! Quisera que todos pudessem ouvir. Há prédios que têm vidros duplos. Ainda assim, algumas pessoas vieram admiradas à janela para ver. Mudam novamente os voluntários que transportam o andor. Reparo que os participantes, com as velas acesas e o rosário na mão, vão acompanhados, cheios de fé, orando e colocando as suas intenções. Depois de cada mistério reza-se. “Nossa Senhora da Porta do Céu, Rogai por nós”. Aqui recordei: “Mal se levantou Jesus da Sua primeira queda, encontra Sua Mãe Maria Santíssima, junto do caminho por onde Ele passa. Com imenso amor olha Maria para Jesus e Jesus olha para Sua Mãe; os seus olhares encontram-se e cada coração verte no outro a Sua própria dor. A alma de Maria fica mergulhada em amargura, na amargura de Jesus Cristo”. (Via Sacra, São Josemaria) – Ó vós, que passais pelo caminho: olhai e vede se há dor semelhante à minha dor. (Lam I, 12)!

Já se vislumbra a Igreja da Nossa Senhora da Porta do Céu. Termina-se a oração do terço. Depois Maria entra em Sua casa para nos receber enquanto Mãe muito amada. Deixámos no seu regaço as nossas preocupações e pedidos. Levamos as flores do Seu andor para recordarmos o Seu amor.

Nas palavras finais o sacerdote refere as palavras do Papa Francisco em Fátima: “Temos Mãe!” Nossa Senhora rezará por todos. Constituiu um grande testemunho, dar a cara por Maria, que agradece a manifestação de fé pública. Com uma rosa branca e o coração confortado regresso a casa depois de ter participado nesta Procissão em louvor da Nossa Senhora da Porta do Céu.

Maria Helena Paes



Milhares de Toneladas de Lixo

Hoje fui dar o meu habitual passeio à beira rio. Faz-me bem caminhar durante uma hora. Ajuda-me a levar a vida em frente observando a natureza, fazendo exercício e descomprimindo um pouco. À chegada tive uma agradável surpresa. Uma exposição temporária promovida pelo Ocean Plastics Lab, situada à entrada do Pavilhão do Conhecimento, Centro de Ciência Viva, subordinada ao tema: “Ciência versus Resíduos de Plástico”, uma iniciativa que pretende sensibilizar para a necessidade de reduzir draticamente o lixo marinho, bem como divulgar o modo como os cientistas se encontram a envolver-se nesta área. O panfleto distribuído refere: “O Ocean Plastics Lab, demonstra os esforços de cientistas em todo o mundo para entender e resolver o problema dos resíduos nos nossos oceanos”. Acrescenta ainda uma perspetiva científica sobre a poluição plástica nos mares: “Os plásticos estão em quase toda a parte das nossas vidas. Todos nós usamos plástico regularmente… Infelizmente não o reciclamos. A ciência e a sociedade precisam de encontrar soluções em conjunto. A Ocean Plastics Lab é uma exposição itinerante internacional que visa dar a conhecer o contributo da ciência para compreender e combater o problema da presença de plásticos nos oceanos. Reúnem testemunhos de mais de 60 cientistas e grupos de todo o mundo. Através dos quatro contentores em exposição, a missão Ocean Plastics Lab., guia os visitantes no sentido de poderem ver e entender como os cientistas tentam abordar e resolver o problema do lixo marinho.


Fiquei contente por esta feliz iniciativa que se encontrava a ser visitada por grupos de jovens atentos e sensibilizados pelo problema da poluição. Também por tomar conhecimento de que se encontravam a ser tomadas não só medidas mas também uma verdadeira tomada de consciência geral no sentido de se combater esta ocorrência de extrema gravidade para o futuro do nosso planeta que talvez peque um pouco por ser tardia. Pela minha mente passou um tweet que o Papa Francisco publicou recentemente: “Cada criatura tem uma função, nenhuma é supérflua. Todo o universo é uma linguagem de amor de Deus, do seu afeto infinito por nós: terra, água, montanhas, tudo é carícia de Deus”. Logo importa preservar todo o universo, que é uma demonstração do amor de Deus. Será que nos encontramos a fazê-lo convenientemente? Ainda vamos a tempo de corrigir e melhorar, agora com um conhecimento mais profundo, o que não se encontra bem.


Recentemente o cardeal Peter Turkson, principal, colaborador do Santo Padre no campo da ecologia, apresentou à comunidade científica, como limitar o aquecimento global a 1,5º Celsius, não só como imperativo físico, mas também moral e religioso, como forma de defender os países e as populações mais pobres que, como refere o Papa Francisco na encíclica Laudate Si, “sofrem os efeitos mais graves de todas as agressões ambientais”. Este limiar constitui a última oportunidade para salvar todos esses países e os muitos milhões de pessoas vulneráveis que vivem nas regiões costeiras. Com o aquecimento global já nos encontramos a observar um impacto severo nas mudanças climáticas nas pessoas, face a estas condições climáticas extremas, tais como secas, cheias, aumento do nível do mar, tempestades devastadoras e incêndios violentos, atingindo proporções inimagináveis e sem precedentes. Para enfrentar esta crise climática torna-se necessário mobilizar vontades e decisões, bem como os recursos económicos necessários para salvar a nossa casa comum, o futuro dos nossos filhos e das gerações vindouras.

Pensativa, continuei a minha caminhada à beira rio. A minha veia poética veio ao de cima. “Para ti olho, rio Tejo, de águas salgadas revoltas, cobertas de espuma tão branca, que nas tuas ondas me apetece mergulhar, ó rio que tão pressuroso passas. Quero que as minhas lágrimas repletas de dor, de angústia, de interrogações sobre o porvir do planeta, se misturem com o teu sal. Observo a tua beleza impar; por quanto tempo questiono, ó rio, que transportas sonhos, vãs ilusões, quimeras, poluição, mas também tanta beleza, sorrisos, alegria. Ó rio Tejo, mui amado, que tanta história e riquezas presenciaste, ousa ouvir este clamor, qual gemido doloroso agonizante e leva-o nas tuas ondas para que o universo ouça este apelo, de o planeta terra da poluição se salvar”.

Santa Maria, Rainha da Esperança, da Família, Stella Maris, intercedei por todos nós, para que todos se unam, em rede e em parceria, no sentido de proteger, cada vez mais, o ambiente, que é de todos nós. Ainda vamos a tempo!

Maria Helena Paes



Plim, Plam, Plum...


À beira dum ataque de nervos ficou um amigo meu, professor de português, quando um seu neto chegou a casa com esta inteligente ficha de trabalho que lhe fora apresentada na escola pública que frequenta.

O pobre do avô nem queria acreditar, tal era a imbecilidade do texto, ou talvez, outro adjectivo seja mais adequado para o definir...; e também pela carga estupidificante e distorcida de valores que ele representa...


Convidar este homem amigo para tomar um café era uma medida perigosa, a sua saúde perigava ainda mais, confortá-lo desnecessário, apoiá-lo dando-lhe palmadinhas nas costas era pouco, muito pouco, por isso achei mais positivo escrever e dar a conhecer o que a nossa “inteligentia” educativa anda a manobrar e a educar com os nossos impostos.

A estreiteza de horizontes, a pobreza de conteúdos, a pequenez intelectual, o desadequado do contexto e a escassez de riquesa cultural deixam uma preocupante e intrigante perspectiva de pedagogia com objectivos muito suspeitos, suspeitosos e nada, mesmo nada, inocentes.

Sem enganos reconheçamos que quando a esmola é grande o pobre desconfia, logo manuais escolares de graça podem sair caros e trazerem muita água no bico.

Victor Machado



Direitos muito tortos


         A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi proclamada a 10 de dezembro de 1948, após uma cuidadosa redação, feita por um grupo heterogéneo de filósofos, entre os quais se encontravam o francês Jacques Maritain, Eleanor Roosevelt, o libanês Charles Malik e o chinês Peng-chu Chang. Conseguiram chegar a uma pequena lista daqueles que lhes pareceram poder ser considerados direitos universais, e “também previram as dificuldades que esta sua empresa enfrentaria: a sua submissão às variações da política, a sua dependência dos modos comuns de entender que se revelariam escorregadios, a sua concretização em ideias de liberdade e solidariedade...”[1]

     No início, a DUDH foi bem acolhida e os Direitos apresentavam-se bastante “direitos” e universais, isto é, defendiam uma norma de sempre: fazer aos outros o que se deseja para si, como sejam o direito à vida, à liberdade, à segurança pessoal, ao reconhecimento como pessoa perante a lei, à igualdade de direitos em espírito fraterno sem distinção de raça, cor, sexo, religião, língua, opinião política... nascimento.

         Cinquenta anos volvidos, a humanidade já padece do não cumprimento desses direitos ou das suas interpretações retorcidas: O direito à vida deu lugar ao que o Papa João Paulo II chamou uma “mentalidade de morte” legalizada: aborto, eutanásia, suicídio assistido. O direito ao reconhecimento como pessoa está a dar lugar à perda de identidade sexual. Estes pontos são de primordial importância, pois afetam pessoas inocentes  começando pelas crianças, mas envolvendo toda a sociedade que sofre injustamente inúmeros problemas sociais: população envelhecida, falta de reconhecimento pelo trabalho de formação e educação de pais e professores, comportamentos imaturos e agressivos, falta de maturidade nos adultos, falta de honestidade e ajuda mútua no exercício do trabalho profissional, corrupção a larga escala em vários níveis sociais...    

         Não podemos esquecer que todos recebemos muitos bens sem termos direito a eles como por exemplo as ofertas e, sobretudo, a alimentação, vestuário, habitação, educação... durante a infância. A própria vida não é um direito, é um dom paternal e divino, previsto desde toda a eternidade. Por isso, desde que uma nova vida é concebida, não deve ser permitido arrebatá-la em nenhum momento, de nenhum modo. Assim, a vida deve ser respeitada, desenvolvida e amparada a todo o momento. Em tempos de eleições, e este é um deles, devemos pensar com maior profundidade nestes assuntos. Reparemos que as políticas que defendem o divórcio, já por si constituem um ataque à tranquilidade do país, começando pela da vida do casal, seus filhos, pais, irmãos, amigos... As pessoas que defendem o divórcio são traidores em potência: dizem amar, mas com a porta aberta ao ódio e ao abandono das suas responsabilidades como cônjuges e pais, mas não só. Esta manifestação de egoísmo, ou imaturidade, pesará sobre os familiares que irão cuidar das crianças. Estes cuidados são geralmente deficitários. O divórcio, a falta de ajuda mútua, arrasta consigo carências económicas e não só. A educação dos avós, já cansados, não pode ter a qualidade da que é  prestada pelos pais. E não é justo também que essa tarefa recaia sobre eles por causa de um divórcio. Mas é justo e gratificante que apoiem os filhos nas necessidades de vários tipos.

         Na eminência de eleições europeias, estaremos capazes de distinguir os “Direitos direitos” dos “Direitos tortos”? Conseguiremos fazer uma pausa nas atividades habituais e ter a honestidade de reconhecer que existem verdades não opináveis e universais como o bem e o mal, o bem-estar e o sofrimento, a justiça e a injustiça...? Que poucos são os partidos, se é que haja algum, capazes de merecerem  a nossa esperança pela vinda de um mundo melhor.


Isabel Vasco Costa
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[1] “70 Anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, de Mary Ann Glendon, Nuestro Tiempo nº 701, pg. 108



Guadalupe, Modelo de Virtude e de Fortaleza

Hoje, dia 18 de maio de 2019, acordei feliz. Era um dia de ação de graças. Haveria mais uma santa na terra. Guadalupe Ortiz de Landázuri seria proclamada beata. A cerimónia teria lugar na cidade de Madrid, no Palácio Vistalegre Arena. Iria assistir à cerimónia, transmitida em direto, no Oratório de S. Josemaria em Lisboa. O início da cerimónia de beatificação teria lugar pelas 10HOO. Seria a primeira mulher leiga do Opus Dei a ser beatificada. Uma mulher que nos fala da santidade, para gente normal, uma santa de proximidade, detentora de muitas qualidades humanas e espirituais, que entregou generosamente a sua vida ao Senhor, através da realização das suas tarefas quotidianas, em prol dos outros, modelo de virtude e de fortaleza na fé. Foi numerária do Opus Dei, vivendo o celibato apostólico. A partir de agora, inicia-se o culto público a Guadalupe, que a Igreja declara enquanto modelo da vivência da virtude da fé, de alegria, intercessora universal, para o povo de Deus, demonstrando assim, que a santidade é possível, muito atual e bem contemporânea. Guadalupe Ortiz de Landázuri y Frenández de Heredia nasceu em Madrid a 12 de Dezembro de 1016. Estudava Química no ano de 1936 quando teve de interromper os estudos devido à Guerra Civil. Acabaria por concluir o curso em 1941, tendo começado a dar aulas para sustentar a família. Em 1944 conhece o Fundador do Opus Dei, que a ajudou a descobrir que o trabalho profissional e a vida corrente constituem lugar de encontro com Cristo, tendo solicitado posteriormente a admissão no Opus Dei. A partir de então desenvolve toda uma série de tarefas apostólicas. Pela sua generosidade, fortaleza e alegria, é convidada pelo Fundador do Opus Dei em 1950 a iniciar o trabalho apostólico das mulheres, no México, onde permaneceu durante seis anos contribuindo para aumentar a fé cristã em universitárias, mulheres profissionais e mães de família. Em 1956 foi viver para Roma. Regressou a Espanha um ano depois devido a uma doença cardíaca grave. Foi operada a uma estenose mitral, recuperou. Posteriormente fez o doutoramento. Seria professora de Ciências numa escola profissional do Estado, e em simultâneo, encarregava-se de trabalhos de formação e de direção no Opus Dei, tendo mantido até ao final, o grande anseio da sua vida, ou seja, aproximar de Deus aqueles que a rodeavam, através da sua alegria e da sua amizade. Faleceu na cidade de Pamplona a 16 de Julho de 1975, já com fama de santidade.

Guadalupe referia que, quando sofria alguma contrariedade, se tonava importante esquecer o que estava para trás. Lançar-se eficazmente para o que se encontrava em frente, enquanto meta. A luz de Jesus iluminou o coração desta bem-aventurada, que seria luz para os encontrou ao longo da vida. O seu diálogo com Deus era contínuo. A Santa Missa, a confissão, a recitação do terço, constituíram um caminho de oração completo e profundo, que a converteria numa lâmpada acesa iluminando assim os outros. Guadalupe não seria poupada ao sofrimento, à pobreza, ao fuzilamento de seu pai, mas soube sempre manter viva a fé, a esperança e o amor ao longo de toda a vida. Transformava em oração tudo o que fazia, feliz pela descoberta da alegria do Evangelho, enquanto uma pérola preciosa, tendo sido um instrumento dócil nas mãos de Deus. Entregou-se à Virgem de Guadalupe. Foi obediente, humilde e alegre, uma verdadeira resposta consciente ao amor de Deus, animada por um forte desejo de envolver o maior número de pessoas, através de uma atitude de acolhimento e compreensão, tendo aceitado pacientemente os sacrifícios da vida com os quais se confrontou, ensinando-nos que cada um de nós, deve procurar alcançar o seu objetivo, através do próprio percurso de vida, realizando com amor o trabalho diário, contagiando com a fé os que nos rodeiam, para que muitos mais conheçam e amem a Deus. Ensina-nos ainda quão bela e atraente é a atitude de ouvir os outros, mesmo nas situações mais dolorosas. Guadalupe constituiu, pois, um dom para a Igreja.

Na belíssima cerimónia da beatificação, participaram mais de onze mil pessoas, oriundas de mais de sessenta países. Foi delegado do Papa Francisco o cardeal Giovanni Angelo Becciu, prefeito da Congregação das Causas dos Santos. Com ele concelebraram o cardeal arcebispo de Madrid, Carlos Ozoro, o prelado do Opus Dei, Fernando Ocáriz, bem como seis cardeais, nove arcebispos, dezassete bispos e cerca de cento e cinquenta sacerdotes. Segundo o testemunho de uma colega de origem mexicana: “Falar de Guadalupe é falar de santidade na vida corrente. Vi-a tão natural, a trabalhar e a rir connosco, que nunca pensei que essa vida levaria à santidade de altar”. Os restos mortais de Guadalupe encontram-se em Madrid, no Real Oratório de Caballero García, situado na Gran Vía.

Muito mais poderia referir sobre a vida de Guadalupe Ortiz. Contudo, creio que posso, eventualmente, ter despertado o interesse por esta bem-aventurada, agora reconhecida pela Igreja, logo universal. E principalmente que, através da intercessão de Guadalupe, a “sobrecarreguemos” com pedidos. Tenho a firme convicção que a todos ajudará a alcançar as graças solicitadas. Eu própria dou testemunho de que lhe fiz hoje mesmo um pequeno pedido, que me foi concedido. Por esse motivo, animo a todos a fazê-lo igualmente. Também para que um dia possa vir a ser canonizada. Beata Guadalupe, roga por nós!

Maria Helena Paes



Sim, são cem!



Uma centena de mulheres africanas terão acesso a bolsas de estudo em universidades espanholas e africanas, graças aos donativos recolhidos na beatificação da química madrilena do Opus Dei Guadalupe Ortiz de Landázuri, que subiu aos altares no passado dia 18 de maio de 2019.

As bolsas serão concedidas por 10 anos através do projeto 'Becas Guadalupe' da ONG Harambee, e visam promover a liderança das mulheres africanas na investigação científica, para que possam fomentar e aumentar a capacidade dos centros de investigação dos seus próprios países.

Ortiz de Landázuri chegou à santidade "como uma pessoa que encontrou intimidade com Jesus Cristo no seu trabalho diário e contagiou esse amor no seu próprio ambiente". Com uma vida normal, santificou-se nas suas tarefas quotidianas levando o espírito cristão tanto às pessoas mais desfavorecidas como às suas iguais, através do seu trabalho como professora de química ". A sua biografia é uma profunda ligação ao modelo dos "santos de ao pé da porta", sugerido pelo Papa Francisco na sua exortação apostólica Gaudete et Exsultate.


Guadalupe também se destacou por ser uma mulher pioneira no seu tempo, uma das primeiras mulheres que estudou uma carreira de ciências na Universidade Espanhola, nuns anos em que a presença feminina nas salas de aula era muito pequena, e que aspirou e obteve o grau de doutor, graças, precisamente, a uma bolsa concedida pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC).

Em solidariedade com esta Professora e Investigadora de Química com intensa vida espiritual, 100 mulheres africanas receberão uma bolsa de estudos graças à sua beatificação.

por Mariano Romero



Sugestão

Se o meu amigo leitor/a me permite eu faço-lhe uma sugestão, tal como me fizeram e eu fiquei deveras agradecido.

Quando há ideias boas e luminosas devem ser divulgadas, para que muitos outros também delas possam beneficiar, foi assim que me ensinaram e, como recebi de graça, dou de graça…

Tal como uma luz que se acende para iluminar, assim também uma boa sugestão se deve colocar bem alto, para que a muitos possa chegar.

Num tempo tão vilipendiado em termos de informação enviesada, manipulada e pecaminosa, eu sugiro ao leitor que aceda a este blog*, faça uma viagem pelos textos que lá estão, lendo-os e deliciando-se com tão grandes verdades que existem, mas maldosamente, nos são sonegadas. *aportesdaigreja.com

Manuel Maria de Vasconcelos





Os novos bárbaros veem a Família como algo a ser exterminado

"Fazem chacota das famílias cristãs, justamente porque elas representam tudo o que eles odeiam. As colunas da morte do nosso tempo são o relativismo, o indiferentismo e o desprezo de Deus."

O Cardeal Sarah salienta que a Igreja e a Família continuam a sofrer intensa perseguição actualmente por quem hoje defende o aborto, a esterilização e o controle populacional, especialmente na África.
A ideologia do género, o desprezo pela Família, pela fecundidade e pela fidelidade, defensores das mudanças de sexo, dos casamentos gay, são os lemas desta revolução. Como consequência, em alguns colégios, escolas e infantários, já se usa o conceito de famílias e não da “Família”. Quer dizer o lar em que há um pai e uma mãe com os seus filhos é  igual às casas onde coabitam 2 pais, 2 mães, etc, etc, etc.
E leitor amigo, isto já acontece neste nosso país, onde alguns não percebem a diferença, mas outros sabem muito bem o que estão a manobrar com esta terminologia e, por isso, também já não celebram o Dia do Pai, nem o Dia da Mãe, para não ferir as susceptibilidades dos outros modernos meios de coabitar…
Terrorismo, digo eu, como se fosse possível afectiva, biológica, psíquica, hormonal e antropologicamente esta miscelânea sexual poder dar alguns bons frutos.
Homofóbico, eu? Deixem-me rir antes que me esqueça…
Machista, eu? Não meus senhores (aqui está englobado homens e mulheres, no plural), só  que não vou atrás de patetices, garotices e outras ices, porque a idade, o bom senso e o discernimento me levam a tal posicionamento.
E como eu, há milhões de pessoas, só que não são contemplados nas estatísticas destes mentores, nem fazem parte dos grupos pró, pró, pró tudo o que é desvirtude e não aparecem nos meios de comunicação, porque estes, são lacaios dos famigerados meios de pressão social para a configuração e implementação da ideologia do género.
Será forte o que escrevi? Ou será mais violento o motivo que me levou a tal?
O leitor e a leitora pensarão por conta própria e farão o seu juízo de valor. Aproveitem, porque ainda não se paga para pensar, embora muitos paguem a outros para não nos deixarem pensar e nos confundirem com imagens falsas e naturalmente com as modernas “Fake News”.

José M. Esteves



As cruzes de Kuropaty

Estaline implementou uma política radical comunista na Bielorrússia com o fim de a proteger das "influências ocidentais", promovendo a transferência de russos de diversos outros pontos da União Soviética, e colocando-os em posições-chave dentro do governo bielorrusso. O uso oficial da língua bielorrussa e outros aspectos da identidade cultural local foram rigorosamente limitados pelo governo, em Moscovo.
Com a morte de Estaline, em 1953, o seu sucessor, Nikita Khrushchev, continuou este processo, afirmando: "Quanto mais rapidamente todos nós começarmos a falar o russo, mais rapidamente construiremos o comunismo."
Em Junho de 1988, na localidade rural de Kurapaty, próximo a Minsque, o arqueólogo Zyanon Paznyak, líder do Partido Conservador Cristão da Frente Popular Bielorrussa, descobriu sepulturas colectivas que continham cerca de 250.000 corpos de vítimas de execuções ocorridas entre os anos de 1937 a 1941. Alguns nacionalistas passaram a alegar que esta descoberta seria prova de que o governo soviético os tinha tentado dizimar. Porém o governo bielorrusso e o seu actual presidente Aleksander Lukashenko, antigo membro do Partido Comunista, nunca quiseram admitir aquela mortandade levada a cabo pela NKVD  (polícia política estalinista) e nunca mencionaram publicamente a existência de Kuropaty.
Trinta anos após da queda do muro de Berlim ainda não é possível saber o número das vítimas, pois os arquivos da NKVD continuam secretos na Bielorrússia, mas seguramente foram largas dezenas de milhares, durante esta repressão comunista entre 1937 e 1941 e das quais as cruzes se mantém fazendo memória.
Com o pretexto de remodelação, o governo quer arrasar aquele campo, destruindo todos os vestígios dum passado pouco glorioso. Neste país ortodoxo com presença católica, ambas as igrejas, ortodoxa e católica, uniram-se para pedir que não sejam demolidas as cruzes de Kurapaty, lugar sagrado onde foram enterrados judeus, muçulmanos e católicos, vítimas inocentes duma ditadura brutal.




Real aparição ou suposição?

Um tsunami chamado Deus abateu-se sobre os três pastorinhos que viviam pastoreando o seu gado. E logo essas três crianças tão pequenitas, paupérrimas, analfabetas e num lugar fora de qualquer lugar-comum, um lugarejo perdido no tempo e no espaço, onde, em jeito de um super show de raios laser é prenúncio de uma Senhora, vestida de branco, mais brilhante do que o Sol, a surgir sobre uma azinheira, como se, se desprendesse do céu para vir ao seu encontro.
Intensas experiências místicas foram vividas até à exaustão naqueles tempos, em que o mundo se abatia sob uma guerra de inexplicável crueldade e que se preparava para viver uma revolução sanguinária, como viria a ser a revolução bolchevique.
A mensagem de Nossa Senhora tem uma forte carga política e na terceira aparição deixa um apelo aterrador, cheio de acontecimentos surpreendentes, misteriosos, dramáticos, metafísicos, com efeitos especiais e com uma visão global dos acontecimentos mais relevantes da história do século XX. Fala da primeira guerra mundial e do seu fim, da segunda guerra mundial, devastadora, iniciada por uma das expressões máximas do diabo na terra, Hitler, seguida de atmosférica arrasadora, como se o céu se transformasse num cogumelo vermelho, devido ao impacto das bombas atómicas em Hiroxima e Nagasáqui. Por fim o comunismo ateu e a guerra fria.
Segredos, mistérios, embaixadas celestiais, especulações financeiras, burlas ou milagres, enchem a imprensa de então, muito controlada pelos ideais republicanos e lojas maçónicas. Enfim, sentem chegada a ameaça do sobrenatural ao poder laico…
Quando já tudo parecia desabar, chegou o fatal dia 13 de outubro de 1917, em que até o Sol bailou, rodopiou, ao meio-dia, perante o olhar atónito e aterrado de milhares de peregrinos.
Com uma tão grande multidão não foi mais possível sonegar, até porque o repórter estava lá – Avelino de Almeida, tão bom jornalista como homem céptico, embora muito sério no seu trabalho de escrever sobre os factos, e a sua crónica sobre o que viu saiu na primeira página de O Século, comprovada pelas fotos de Judah Ruah, um judeu e um brilhante fotógrafo, seu companheiro de trabalho. Foi um feito irreversível, para além de ser de origem divina, a verdade já circulava de lés-a-lés do país.
Quem nos dá conta de tudo isto e muito mais é Manuel Arouca no seu livro JACINTA – A PROFECIA. Esta obra não é só a biografia de um dos três videntes de Fátima, mas vai além dos factos contados ao longo dos tempos. Reconstrói os ambientes, devolve-nos à memória a vida no país rural de então, leva-nos numa viagem através da capacidade humana de resistir, sobreviver em nome da fé, acreditar e confiar.
Sem rodeios, frontal e elegantemente irónico, Manuel Arouca reconstrói esta história, de uma forma profundamente humana, muito fresca, elegante, com um fantástico sentido de humor e também muito amor à verdade, frontalidade e dom de comunicar, como já nos habituou nos seus muitos trabalhos e documentários.
Por mais que já tenhamos lido sobre o tema, se nada dele soubermos ou se tivermos dificuldade em acreditar na veracidade destes factos, é um livro encantador que nos conduz cem anos atrás, com cenários semelhantes a cenas do nosso quotidiano, em que o homem deus insiste em querer destronar, minimizar ou ridicularizar o Deus que se fez Homem.
A história repete-se, a forma como é contada é que muda, tal como os protagonistas e os cenários. Mas na sua essência nada se altera, talvez porque Deus é o princípio e o fim, o autor e o senhor da História, O Caminho, a Verdade e a Vida.
Maria Susana Mexia



O homem light

Um livro que à partida nos parece ser mais um slogan, inserido num contínuo de produtos a aconselhar, porque “não fazem mal à saúde”. Mas, esta obra é, antes pelo contrário, uma chamada de atenção ao que nas últimas décadas o homem se foi tornando no mundo ocidental.

A aparente caricatura que o autor nos dá dum perfil do ser humano vulgar, é uma crítica e uma denúncia a uma cultura que perdeu o seu “ADN” e se tornou soft, excessivamente centrada em si, no seu ego vazio, permissivo, híper tolerante ou indiferente, sem valores superiores ou ideais transcendentes, muito materialista, consumista, hedonista e vulnerável.

Descontente e insatisfeito, o homem light sofre da síndroma do comando à distância, do zapping, dum cansaço psicológico e físico, duma indiferença e superficialidade afectiva, dum desencanto da vida e duma ansiedade que aumenta na proporção do seu fastio e desencanto de si, dos outros e do mundo.

Numa apoteose de sofrimento ou ausência de busca de felicidade, mergulha numa sucessão de aditivos materiais que só aumentam o seu vazio, a única sensação pesada no meio duma existência insustentavelmente leve, porque muito light.

“O homem light não é religioso nem ateu, mas alguém que construiu para si mesmo uma forma particular de espiritualidade segundo a sua perspectiva, é ele quem decide o que está bem e o que está mal e a sua ânsia de infinito começa por uma satisfação materialista (dinheiro, poder, prazeres, distinções e lugares onde figurar) e acaba por fabricar para si mesmo uma ética à sua medida. No entretanto, trata os demais como objectos e instrumentaliza a relação com eles.”*

Porém o autor, Enrique Rojas, médico catedrático de Psiquiatria, em Madrid, não nos deixa neste cenário pessimista, passivo e esmagadoramente real, mas aponta caminhos psicológicos, dá sugestões e abre janelas de esperança na superação deste vazio existencial duma vida sem valores, descolorida e sem sentido, porque excessivamente superficial, fútil e insignificante.

Maria Susana Mexia