Texto completo. O Papa explicou que "a alegria e as lágrimas encontram em Jesus uma síntese que é o fundamento da nossa fé e da nossa esperança"
Roma, 02 de Novembro de 2014 (Zenit.org)
Da janela de seu escritório no Palácio Apostólico, na
celebração dos fiéis defuntos, o Papa rezou o Angelus com uma multidão
presente na Praça de São Pedro.
Dirigindo-se aos fiéis e peregrinos de todo o mundo, que o saudava com um longo aplauso, o pontífice argentino disse:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Ontem celebramos a Solenidade de Todos os Santos e hoje a liturgia
nos convida a celebrar os fiéis defuntos. Estas duas festas estão
intimamente relacionadas entre si, assim como a alegria e as lágrimas
encontram em Jesus Cristo uma síntese que é o fundamento da nossa fé e
da nossa esperança. Por um lado, de fato, a Igreja, peregrina na
história, se alegra com a intercessão dos santos e beatos que a
sustentam a missão de anunciar o Evangelho, por outro lado ela, como
Jesus, compartilha as lágrimas daqueles que sofrem a separação de seus
entes queridos e, como Ele e com Ele, ele o seu agradecimento ao Pai que
nos libertou do domínio do pecado e da morte.
Entre ontem e hoje muitos visitam o cemitério, que, como diz a
palavra, é o "lugar de descanso", à espera do despertar o final. É belo
pensar que o próprio Jesus vai nos despertar. O próprio Jesus que
revelou que a morte do corpo é como um sono do qual ele nos desperta.
Com esta fé nos apoiamos - inclusive espiritualmente—diante dos túmulos
de nossos entes queridos, daqueles que nos amaram e nos fizeram algum
bem. Mas hoje somos chamados a recordar a todos, inclusive aqueles que
ninguém se lembra. Recordemos as vítimas da guerra e da violência;
muitos "pequenos do mundo" esmagados pela fome e pela miséria;
recordemos os anónimos que descansam no ossário comum. Recordemos
nossos irmãos e irmãs assassinados por serem cristãos; e aqueles que
sacrificaram a vida para servir aos outros. Confiemos ao Senhor
especialmente aqueles que nos deixaram neste último ano.
A tradição da Igreja sempre exortou os fiéis a rezarem pelos
defuntos, em particular, oferecendo a Celebração Eucarística por eles:
esta é a melhor ajuda espiritual que podemos dar às almas, especialmente
às mais abandonadas. O fundamento da oração de sufrágio está na
comunhão do Corpo Místico. Como reitera o Vaticano, "a Igreja peregrina
sobre a terra, bem ciente desta comunhão de todo o corpo místico de
Jesus Cristo, desde os primeiros tempos da religião cristã, tem honrado
com grande piedade a memória dos mortos”. (Lumen Gentium, 50).
A memória dos defuntos, o cuidado pelas sepulturas e os sufrágios são
o testemunho de uma confiante esperança, enraizada na certeza de que a
morte não é a última palavra sobre o destino do ser humano, porque o
homem está destinado a uma vida sem limites, que tem sua raiz e sua
realização em Deus. Dirijamos a Deus esta oração:
Deus de infinita misericórdia, confiamos à tua imensa bondade aqueles
que deixaram este mundo para a eternidade, onde Tu aguardas toda a
humanidade redimida pelo sangue precioso de Cristo Teu Filho, morto para
nos libertar dos nossos pecados.
Não olhes, Senhor, para as tantas pobrezas e misérias e fraquezas
humanas quando nos apresentarmos diante do Teu tribunal, para sermos
julgados, para a felicidade ou a condenação.
Dirige para nós o teu olhar misericordioso que nasce da ternura do
teu coração, e ajuda-nos a caminhar na estrada e uma completa
purificação. Não se perca nenhum dos teus filhos no fogo eterno do
inferno onde já não poderá haver arrependimento.
Te confiamos, Senhor, as almas dos nossos entes queridos, das pessoas
que morreram sem o conforto sacramental, ou não tiveram ocasião de se
arrepender nem mesmo no fim da sua vida. Que nenhum tenha receio de te
encontrar depois da peregrinação terrena, na esperança de sermos
recebidos nos braços da tua infinita misericórdia.
Que a irmã morte corporal nos encontre vigilantes na oração e
carregados de todo o bem realizado ao longo da nossa breve ou longa
existência. Senhor, nada nos afaste de Ti nesta terra, mas tudo e todos
nos apoiem no ardente desejo de repousar serena e eternamente em Ti.
Amem”.
Com esta fé no destino supremo do homem, nos dirigimos a Virgem
Maria, que padeceu sob a cruz o drama da morte de Cristo e, depois,
participou na alegria da sua ressurreição. Nos ajude, Porta do Céu, a
compreender sempre mais o valor da oração de sufrágio pelos defuntos.
Eles estão connosco! Nos sustente em nossa peregrinação quotidiana aqui na
terra e nos ajude a nunca perder de vista o objectivo final da vida, que
é o Paraíso. E nós, com esta esperança que nunca decepciona, vamos em
frente!
Após estas palavras, o Santo Padre rezou o Angelus:
Angelus Domini nuntiavit Mariae ...
No final da oração, foi a vez das tradicionais saudações:
Queridos irmãos e irmãs,
Saúdo as famílias, grupos paroquiais, associações e todos os
peregrinos de Roma, Itália e de muitas partes do mundo. Em particular,
saúdo os fiéis da diocese de Sevilha (Espanha), Case Finali em Cesena e
os voluntários de Oppeano e Granzette que como palhaços oferecem terapia
em hospitais. Eu os vejo lá: Continuem fazendo isso que faz tanto bem
para os doentes.
Como de costume, Francisco concluiu dizendo:
Desejo-lhes um bom domingo, na memória cristã de nossos entes queridos falecidos. Não se esqueçam de rezar por mim.
Bom almoço e até breve!
(02 de Novembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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