«Somos apaixonados e continuaremos enquanto possamos»
Os irmãos Sandro e Karim Saade mantém a tradição da sua família cristã síria, produtora de vinho, inclusive na guerra |
Actualizado 26 de Outubro de 2014
Benedetta Frigerio/Tempi.it
Numa Síria devastada por três anos e meio de guerra e pelo terror do Estado islâmico, há cristãos que continuam construindo. É o caso de Sandro Saade, produtor de vinho no Líbano e na Síria.
«Somos apaixonados – declara à Ap - e não nos deteremos. Continuaremos enquanto seja possível».
Saade distribui vinho em todo o mundo e as suas adegas resistiram aos combates e ao ambiente prevalentemente islâmico, onde a produção, a venda e o consumo de álcool estão proibidos.
Uma cultura, umas raízes
Para famílias como os Saade, sublinha a Ap, a produção de vinho não é só um negócio, mas sim também uma afirmação das próprias raízes.
Trata-se de uma verdadeira e própria arte que remonta a tempos muito antigos; por isto, este empresário não se limita a produzir, mas sim que quer também «manter um vinho de alta qualidade».
A adega de Saade encontra-se numa zona relativamente segura da Síria, que está ainda debaixo do controlo do exército de Bashar Al Assad, que tolerou sempre a compra e venda de bebidas alcoólicas.
Impactos de morteiro
Sem dúvida, as dificuldades são enormes. Os impactos de morteiro frequentemente destroem os vinhedos. Em Junho foram destruídos uma quinzena, com os quais Saade realizava o Chardonnay.
Além disso, a uva e as garrafas devem ser transportadas em táxi, quase sempre seguindo percursos complicados por causa dos postos de controlo.
A isto há que acrescentar que ser uma família de produtores não é fácil: o risco de ser sequestrados é alto.
Vinhedos na Síria, uma cultura anterior à proibição islâmica |
Tampouco no Líbano, onde Saade gere os seus negócios, a situação não é das melhores, dado que a indústria do vinho está concentrada na região oriental de Bekaa, bastião durante muito tempo do Hezbollah e desestabilizada ulteriormente pela chegada de milhões de sírios em fuga.
A situação não é das mais favoráveis, mas Saade não se desencoraja e sabe ver o lado positivo deste drama.
De facto, muitíssimos europeus surpreendem-se quando descobrem de onde provém o seu vinho: «Sorriem sempre. Seguramente é uma grande surpresa para eles».
A empresa de Saade consegue produzir quase quarenta e cinco mil garrafas ao ano, e entre elas encontram algumas de alto nível que se vendem ao preço de 35 dólares.
Chicotadas por beber vinho
As obras dos cristãos são um grande sinal de esperança numa Síria arrasada pela guerra. Num dos vinhedos de Saade, situado na fronteira entre o Líbano e a Síria, a maior parte das trabalhadoras fugiu de Raqqa, capital síria do Califado, onde beber álcool está castigado com 100 chicotadas.
Uma delas, mãe de dois filhos com 21 anos, explica: «Assim consigo manter com vida os meus filhos».
(Tradução de Helena Faccia Serrano, Alcalá de Henares)
A situação não é das mais favoráveis, mas Saade não se desencoraja e sabe ver o lado positivo deste drama.
De facto, muitíssimos europeus surpreendem-se quando descobrem de onde provém o seu vinho: «Sorriem sempre. Seguramente é uma grande surpresa para eles».
A empresa de Saade consegue produzir quase quarenta e cinco mil garrafas ao ano, e entre elas encontram algumas de alto nível que se vendem ao preço de 35 dólares.
Chicotadas por beber vinho
As obras dos cristãos são um grande sinal de esperança numa Síria arrasada pela guerra. Num dos vinhedos de Saade, situado na fronteira entre o Líbano e a Síria, a maior parte das trabalhadoras fugiu de Raqqa, capital síria do Califado, onde beber álcool está castigado com 100 chicotadas.
Uma delas, mãe de dois filhos com 21 anos, explica: «Assim consigo manter com vida os meus filhos».
(Tradução de Helena Faccia Serrano, Alcalá de Henares)
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