No seu discurso, o Santo Padre pediu para construir uma Europa com um espírito de serviço, educar para a paz, abandonar a cultura do conflito, promover os direitos humanos e liga-los ao desenvolvimento da democracia.
Roma, 25 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
A segunda parada da brevíssima visita de Francisco à cidade francesa de Estrasburgo tem sido o Conselho de Europa.
Do Parlamento, o Papa dirigiu-se em carro ao Conselho de Europa. Ao
chegar, quase meia hora mais tarde do que o planeado, o Papa foi
recebido pelo secretário geral do Conselho, Thorbjørn Jagland,
acompanhado de outras autoridades. A entrada estava cheia de pessoas que
queriam ver a chegada do Santo Padre.
Depois da apresentação das duas delegações, o Papa e o secretário
geral reuniram-se com algumas personalidades políticas e eclesiásticas.
Ao término, Francisco assinou o Livro de Ouro, tiraram as fotos oficiais
e trocaram presentes. Por fim, o Papa Francisco caminhou até o
hemiciclo para a Sessão Solene do Conselho da Europa.
Construir uma Europa com espírito de serviço, educar para a paz,
abandonar a cultura do conflito, promover os direitos humanos e,
liga-los com o desenvolvimento da democracia, foi o convite do Santo
Padre. E prometeu o apoio da Santa Sé junto do Conselho da Europa para
forjar a mentalidade das futuras gerações de europeus. No final do
discurso, todos os presentes, de pé, aplaudiram-no intensamente.
História do Conselho da Europa
"O projecto dos Padres fundadores era reconstruir a Europa com um
espírito de serviço mútuo, que ainda hoje, em um mundo mais propenso a
reivindicar do que a servir, deve ser a chave mestra da missão do
Conselho da Europa, em favor da paz, da liberdade e da dignidade
humana”, disse Francisco. E acrescentou que “o caminho privilegiado para
a paz – para evitar que se repita o que aconteceu nas duas guerras
mundiais do século passado – seja reconhecer no outro não um inimigo a
ser combatido, mas um irmão a quem acolher”.
Alcançar a paz
"Para alcançar o bem da paz é necessário –observou – principalmente
educar para ela, abandonando uma cultura do conflito, que tende ao medo
do outro, à imaginação de quem pensa e vive de maneira diferente”.
Terrorismo, tráfico de armas
"A Igreja acredita que a corrida armamentista é uma praga séria da humanidade e prejudica os pobres de forma intolerável".
Como alcançar a meta ambiciosa de paz?
Nesta sede sinto o dever de destacar – afirmou Francisco – a
importância da contribuição e da responsabilidade europeia no
desenvolvimento cultural da humanidade. E acrescentou que "para caminhar
rumo ao futuro faz falta o passado, é necessário raízes profundas, e
também a coragem para não esconder-se ante o presente e os seus
desafios”.
A verdade
Sem a busca da verdade, "cada um se transforma em medida de si mesmo e
dos seus actos, abrindo o caminho para uma afirmação subjectiva dos
direitos, de tal forma que o conceito de direito humano, que tem em si
mesmo um valor universal, fica substituído pela ideia do direito
individualista”, afirmou.
Perguntas para a Europa
Onde está a sua força? Onde está essa tensão ideal que incentivou e
fez grande a sua história? Onde está o seu espírito de empreendedor
curioso? Onde está a sua sede de verdade, que até agora tendes
comunicado ao mundo com paixão?
Tribunal Europeu dos Direitos Humanos
É de certa forma a "consciência" da Europa. Por isso, afirmou que
"minha esperança é que essa consciência amadureça cada vez mais, não por
um mero acordo entre as partes, mas como resultado da tensão rumo essas
raízes profundas, que é o pilar sobre os quais os Padres fundadores da
Europa contemporânea decidiram edificar”.
O desafio da multipolaridade
"Globalizar de forma original a multipolaridade implica o desafio de
uma harmonia construtiva, livre de hegemonias que, embora
pragmaticamente parecem facilitar o caminho, terminam destruindo a
originalidade cultural e religiosa dos povos”. Dessa forma, garantiu que
a tarefa de globalizar a multipolaridade da Europa não não ser
imaginada com a figura da esfera mas sim com a do poliedro, onde a
unidade harmoniosa do todo conserva a particularidade de cada uma das
partes.
O desafio da transversalidade
Se quiséssemos definir hoje o Continente, deveríamos falar de uma
Europa dialogante, que sabe colocar a transversalidade de opiniões e
reflexões a serviço de povos harmoniosamente unidos, observou o Papa.
Por isso, acrescentou que "uma Europa que dialogue unicamente dentro dos
grupos fechados de pertença fica na metade do caminho; é preciso o
espírito juvenil que aceite o desafio da transversalidade”.
Encontros sobre a dimensão religiosa do diálogo intercultural
Estes encontros, "parecem particularmente importantes no ambiente
multicultural de hoje, multipolar, à procura de sua própria fisionomia,
para combinar com sabedoria a identidade europeia que se formou ao longo
dos séculos com os pedidos vindos de outros povos que agora se juntam
ao Continente”.
Papel da Igreja Católica no Conselho da Europa
A propósito, mencionou questões que a Igreja se preocupa: questões
relacionadas com a protecção da vida humana, questões delicadas que devem
ser submetidas a uma cuidadosa consideração, tendo em conta a verdade
de todo o ser humano, sem limitar-se a campos específicos, médicos,
científicos ou jurídicos, acolhida dos emigrantes, o grave problema do
trabalho, altos níveis de desemprego entre os jovens, a questão da
dignidade do trabalho.
(25 de Novembro de 2014) © Innovative Media Inc.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário