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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

"Uma nova criação já está em vigor, com a morte e ressurreição de Cristo"

Durante a audiência geral, o Papa Francisco reflecte sobre a Igreja a caminho do Reino dos Céus


Roma, 26 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Luca Marcolivio


No meio de uma manhã “um pouco feinha” por causa das constantes gotas de chuva, o Papa Francisco teve a Audiência Geral da quarta-feira sobre um tema muito querido por ele: a Igreja a caminho.

Depois de ter chamado de “corajosos” os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, apesar do mau tempo, o Papa recordou uma das pedras angulares do Concílio Vaticano II: "A Igreja não é uma realidade estática, parada, fim em si mesma, mas está continuamente a caminho na história, rumo à meta última e maravilhosa que é o Reino dos céus, cuja Igreja na terra é a semente e o começo”.

São conceitos, observou o Papa, que quase sugam a nossa imaginação, “capazes apenas de intuir o esplendor do mistério que supera os nossos sentidos".

Isto levanta questões em nós: "quando vai acontecer esta etapa final? Como será a nova dimensão na qual a Igreja entrará? O que será, então, da humanidade? E da criação que nos circunda?".

O Santo Padre citou a Gaudium et Spes que reafirma a impossibilidade de conhecer o momento do Juízo e, ao mesmo tempo, a certeza que da “Revelação que Deus prepara uma nova habitação e uma terra nova, na qual habita a justiça, e cuja felicidade saciará superabundantemente todos os desejos de paz que surgem no coração dos homens" (GS n° 39).

O Paraíso ou a “nova Jerusalém” – como a Bíblia define – mais do que um “lugar” é um “estado” cujas “nossas expectativas mais profundas serão cumpridas de forma superabundante e o nosso ser, como criaturas e como filhos de Deus, alcançará o pleno amadurecimento” e no qual estaremos “face a face” com Deus, revestidos do Seu amor, da Sua “paz” e da Sua “alegria”, de forma completa, “sem nenhum limite”.

O pensamento do Céu, que um dia, "todos nós nos encontraremos lá”, comentou Francisco, “é bonito” e “dá força à alma”.

Existem depois “uma continuidade e uma comunhão de fundo entre a Igreja celestial e aquela ainda a caminho sobre a terra”. Quem já está na presença de Deus pode “apoiar-nos e interceder por nós, rezar por nós”, enquanto que nós, aqui na Terra, “somos sempre convidados a oferecer obrar boas, orações e a mesma Eucaristia para aliviar a tribulação das almas que ainda estão à espera da bem-aventurança sem fim”.

Na perspectiva cristã, explicou o Papa, “a distinção não é mais entre quem já morreu e quem não morreu ainda, mas entre quem está em Cristo e quem não”: isso determina “a nossa salvação” e “a nossa felicidades”.

O cumprimento do "projecto maravilhoso" indicado pela Sagrada Escritura "não pode não afectar também tudo o que nos circunda e que saiu do pensamento e do coração de Deus”. Como afirma São Paulo, toda a criação “será libertada da escravidão da corrupção, para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8, 21).

Uma "nova criação", então, "já está em vigor a partir da morte e ressurreição de Cristo", não para levar “uma aniquilação do cosmos e de tudo o que nos circunda”, mas para que cada coisa alcance “a sua plenitude de ser, de verdade, de beleza”.

Em conclusão, o Papa Francisco recordou como as “estupendas realidades que nos esperam”, nos fazem compreender “o quanto pertencer à Igreja seja realmente um dom maravilhoso, que traz em si uma vocação altíssima”.

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