As raízes cristãs promovem a identidade da Europa e a protegem do utilitarismo, terrorismo e cultura do descarte. Convida a defender a vida, a família, a criação. Criar trabalho para os jovens e acolher os imigrantes.
Roma, 25 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora, Rocio Lancho García
O Santo Padre Francisco hoje, em Estrasburgo, fez a viagem
papal mais curta da história. No total, esteve menos de quatro horas na
cidade francesa.
Após o desembarque, às 10h, o Papa foi transferido de carro para a
sede do Parlamento Europeu, onde foi recebido pelo presidente Martin
Schulz. Ali também havia uma multidão que o esperava, emocionada e com
hinos ao Papas. Também alguns funcionários curiosos se aproximaram às
janelas para presenciar a chegada do Santo Padre e imortalizar o momento
tirando fotos com os telefones celulares.
Depois de ouvir os hinos, o do Vaticano, e o da União Europeia,
tocados pela banda militar francesa enquanto a bandeira do Vaticano era
içada, o Papa dirigiu-se de carro à entrada de honra do Parlamento:
Espace Mariana de Pineda. Aqui foram apresentadas as duas delegações,
dos 14 membros do Bureau do Parlamento e dos 8 presidentes dos grupos
políticos da Assembleia.
Entre os cumprimentos do Papa aos presentes que estavam nos
corredores, Francisco reecontrou-se com a anciã Elma Scmidt, a
proprietária da casa que o hospedou em 1986 na Alemanha. Momento em que
nenhum dos dois escondeu a emoção e a alegria. Enquanto caminhavam pelo
Parlamento, foi possível escutar o Santo Padre falando algumas frases em
alemão com o presidente Schulz.
Depois de algumas fotografias, Francisco assinou o livro de Ouro,
trocou os presentes e finalmente o Papa se reuniu com o presidente
Schulz, na presença de algumas autoridades políticas e eclesiásticas. O
pontífice argentino deu um mosaico ao Europarlamento, com uma pomba da
paz.
Às 11h15, o papa Francisco entrou no hemiciclo para a Sessão solene
do Parlamento Europeu. Depois do discurso de Martin Schulz, o Papa
pronunciou seu discurso, que foi interrompido várias vezes por aplausos.
Que a Europa gire ao redor da pessoa e não da economia
Em seu discurso, o Papa convidou os eurodeputados a "construir juntos
a Europa, que não gire em torno da economia, mas da sacralidade da
pessoa humana, dos valores inalienáveis". Uma Europa "que abrace com
coragem seu passado e olhe com confiança o seu futuro para viver
plenamente e com esperança o seu presente”.
O Papa destacou que “o ser humano corre o risco de ser reduzido a uma
mera engrenagem de um mecanismo que o trate como um simples bem de
consumo para ser utilizado, de forma que – lamentavelmente o percebemos
muitas vezes – quando a vida já não serve para tal mecanismo ela é
descartada sem muitos cuidados, como no caso dos doentes terminais, dos
anciãos abandonados e sem atenções, ou das crianças assassinadas antes
de nascer”.
As raízes cristãs da Europa
Considerou fundamental "o património que o cristianismo deixou" o que
não constitui uma ameaça para a laicidade dos Estados e para a
independência das instituições da União”. E que graças “às próprias
raízes religiosas”, pode defender-se melhor de “tantos extremismos que
se expandem no mundo actual, também por causa do grande vazio no âmbito
dos ideais”, porque “é justamente este esquecimento de Deus, em vez da
sua glorificação, o que gera a violência”.
Perseguição religiosa
Pediu também para não esquecer-se das “várias injustiças e
perseguições que sofrem diariamente as minorias religiosas, e
especialmente cristãs, em várias partes do mundo”.
Investir na família e na educação
"Dar esperança à Europa não significa só reconhecer a centralidade da
pessoa humana, mas implica também favorecer as suas qualidades”. Por
esta razão, é preciso “investir nela e em todos os âmbitos nos quais os
seus talentos se formam e dão fruto”, disse.
"A primeira área – indicou Francisco – é certamente a da educação,
começando da família, célula fundamental e elemento precioso de toda a
sociedade”.
Defender a criação
O Pontífice também entrou na questão da defesa da criação: “Europa
sempre esteve na vanguarda de um compromisso louvável em favor da
ecologia", esclarecendo que os homens são "guardiães, mas não
proprietários".
Trabalho
Sobre o trabalho lembrou que "é hora de promover as políticas de
emprego, mas é necessário, acima de tudo, voltar a dar dignidade ao
trabalho", que "não se dirija à exploração das pessoas, mas a garantir,
através do trabalho, a possibilidade de construir uma família e de
educar os filhos”.
Migração
"Não podemos tolerar que o mar Mediterrâneo se transforme em um
grande cemitério”, disse o Santo Padre, e pediu “legislações adequadas
que sejam capazes de proteger os direitos dos cidadãos europeus e de
garantir ao mesmo tempo a acolhida aos imigrantes”.
Além disso, indicou que "a consciência da própria identidade é
essencial nas relações com os outros países vizinhos", particularmente
com aqueles que "sofrem por causa de conflitos internos e por causa da
pressão do fundamentalismo religioso e do terrorismo internacional".
Dois mil anos unem a Europa ao cristianismo e concluiu afirmando que
"dois mil anos de história unem a Europa e o cristianismo. Uma história
em que não faltaram conflitos e erros, mas sempre animada pelo desejo de
construir para o bem”.
Portanto, convidou a “promover uma Europa protagonista, transmissora
de ciência, arte, música, valores humanos e também de fé. A Europa que
contempla o céu e persegue ideais; a Europa que olha, defende, e protege
o homem; a Europa que caminha sobre a terra segura e firme, precioso
dom de referência para toda a humanidade”.
(25 de Novembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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