Irmãos e amigos:
Louvemos a Cristo, nosso Rei e Senhor, «que tem o Seu trono nas alturas e se inclina lá do alto a olhar o céu e a terra. Ele levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria para o fazer sentar com os grandes, com os grandes do Seu povo»1.
Louvemos a Cristo, nosso Rei e Senhor, «que tem o Seu trono nas alturas e se inclina lá do alto a olhar o céu e a terra. Ele levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria para o fazer sentar com os grandes, com os grandes do Seu povo»1.
Estas palavras do Salmo 112 cumprem-se hoje, perante os nossos olhos e nesta celebração, neste homem débil que sou eu. O Senhor poisou o Seu olhar misericordioso sobre mim, levantou-me do pó e ungiu-me, como a David, no meio dos irmãos, para me colocar como Pastor à frente do Seu povo.
Neste momento, exultando de alegria no Espírito Santo, quero usar as mesmas palavras de Jesus para glorificar o Pai: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelas aos pequeninos os mistérios do Reino»2 e, no meio de nós, realizas maravilhas em favor do teu povo3.
Eu Te bendigo porque me deste a vida numa família cristã, e fizeste crescer em mim a graça baptismal. Dou-Te graças pelos meus pais, pelas minhas irmãs e outros familiares e pelos meus formadores e colegas nos Seminários do Patriarcado e na Paróquia de Nossa Senhora dos Anjos. Dou-Te graças pela minha formação teológica no Seminário dos Olivais e no Instituto Superior de Estudos Teológicos e pelo meu percurso na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Agradeço-Te os primórdios da minha vida de presbítero na equipa sacerdotal da Merceana, com os Padres Joaquim Batalha, Joaquim Martins e Teodoro de Sousa. Dou Te graças por me teres oferecido o Caminho Neocatecumenal como ajuda para o meu crescimento e como instrumento pastoral para renovar as paróquias na esteira do Vaticano II. Nas experiências de evangelização em Évora, em Dublim e na Amazónia pude ver o poder da Tua palavra que suscita e alimenta a fé e pude também sofrer um pouco pelo Evangelho. Dou-Te graças, ó Pai, pelos anos em que fui pároco do Milharado e de Vila Franca do Rosário, de Camarate e de Apelação, e também pela minha comunidade neocatecumenal na Paróquia da Sagrada Família do Calhariz de Benfica.
Eu Te agradeço ainda por estes últimos anos como Director Espiritual no Seminário dos Olivais e no Seminário Redemptoris Mater em que tive a graça de ajudar a formar padres não só para o Patriarcado de Lisboa, mas também para as dioceses de Santarém, Leiria-Fátima, Aveiro, Portalegre e Castelo Branco, Funchal, Mindelo e Santiago de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Cochim. Dou-Te graças ainda por ter sido agregado ao ilustre Cabido da Sé Patriarcal de Lisboa nos últimos dez anos, ficando assim mais estreitamente ligado à Igreja-Mãe da nossa Diocese na qual fui ordenado diácono e presbítero.
Dou-Te muitas graças, Senhor, pelos Patriarcas que deste à Igreja de Lisboa e que foram para mim verdadeiros pais na fé, desde o Cardeal Cerejeira que me fez a prima tonsura e o Cardeal Ribeiro que me ordenou presbítero, ao saudoso D. José Policarpo e a D. Manuel Clemente. Feliz Igreja que teve e tem tais pastores!
Querida Diocese de Lisboa que na adolescência me acolheste e me formaste, que servi como presbítero durante quarenta anos e que agora tenho de deixar: como Deus te ama! Não esqueças a gesta evangelizadora que te glorificou no passado. Abre-te ao sopro do Espírito que dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus, para proclamarmos que Jesus é o Senhor, e assim renova a face da terra. Que a alegria do Evangelho e o testemunho da caridade de Deus sempre resplandeçam no rosto dos teus pastores e nas tuas comunidades cristãs, na sua rica diversidade.
Como são belas as tuas tendas, Igreja de Lisboa, ao iniciares agora um percurso sinodal que te ajudará a cultivar a comunhão e a dar corpo à missão que o Senhor hoje te confia! Como não agradecer tantos dons que o Senhor me concedeu por meio dos teus bispos, presbíteros, diáconos, religiosos e fiéis leigos! Acredito que a minha partida de Lisboa para Beja é para ti uma palavra de Deus e um sinal profético: uma resposta concreta ao imperativo do Papa Francisco para sairmos de nós mesmos rumo às periferias, levando a palavra do Evangelho na boca e no coração. Deixo Lisboa e parto para Beja cheio de gratidão, sustentado pela amizade e pela oração de tanta gente que o Senhor colocou na minha vida.
Acredito que vou conduzido pela mão da Virgem Maria. Solícita e carinhosamente, ela me tem acompanhado e defendido desde a infância até hoje. Mãe da Igreja, Rainha dos Apóstolos, Estrela da Nova Evangelização, Senhora de Fátima, Santa Maria de Belém, Virgem de Nazaré, Senhora do Carmo, Senhora de Guadalupe, Madrinha do Alentejo, a ti me confio inteiramente neste dia e, comigo, todos aqueles que, a partir de hoje, vou servir como pastor.
Ao Santo Padre, o Papa Francisco, agradeço esta eleição de que não sou digno, mas que aceitei com humildade e confiança e desde aqui lhe afirmo a minha plena comunhão, obediência inteira e oração perseverante pelos frutos do seu ministério. Devo também uma palavra de muita gratidão ao Senhor Núncio Apostólico, D. Rino Passigato e aos Bispos aqui presentes. Agradeço de um modo especial ao Senhor D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, e aos bispos seus auxiliares, pela estima que sempre me dedicaram. Saúdo também o Senhor D. José Alves, Arcebispo de Évora; o Senhor D. António Vitalino Dantas, Bispo de Beja; e D. Manuel Quintas, Bispo do Algarve, os Bispos da Província Eclesiástica de Évora, com quem vou trabalhar mais de perto, com quem vou aprender a exercer o múnus episcopal.
Quero saudar os presbíteros e diáconos aqui presentes e também os religiosos e religiosas que muito têm rezado por mim, sobretudo nas últimas semanas. Para as autoridades civis de Almeida uma saudação amiga e agradecida por terem vindo. Saúdo também os meus conterrâneos de Monteperobolso, da Ade e da Mesquitela aqui presentes com o seu pároco. Não posso esquecer os meus antigos paroquianos de Aldeia Galega da Merceana, de Aldeia Gavinha, de Palhacana, de Olhalvo, da Ventosa e de Meca que puderam vir a esta celebração, e muito especialmente os do Milharado e de Vila Franca do Rosário e de Camarate e de Apelação, no meio dos quais tantas vezes senti a mão do Bom Pastor a conduzir-nos e a orientar os nossos passos. Levai àqueles que não puderam vir uma saudação muito especial da minha parte.Queridos irmãos e catequistas do Caminho Neocatecumenal com quem caminhei e que ajudei a caminhar: como é grande o tesouro que o Senhor vos confiou para a renovação da Igreja no nosso tempo! Como é belo experienciar e anunciar a verdade da ressurreição de Cristo, vitorioso sobre a morte, que nos permite amar os inimigos e viver e cultivar a comunhão fraterna. Como são belos sobre os montes os pés dos que anunciam o Evangelho! Conto de um modo especial com a vossa oração para ser imagem viva do Bom Pastor na Diocese de Beja.
Quero saudar os antigos colegas e professores do curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa que quiseram viver connosco este momento. Deus surpreende-nos de muitas maneiras! Aproveito para vos lembrar as palavras que Bento XVI nos deixou aqui ao lado, no Centro Cultural de Belém: «Fazei coisas belas, mas sobretudo fazei das vossas vidas lugares de beleza»4.
Para os meus familiares, irmãs e sobrinhos, para a minha tia Alice e primos, sobretudo aqueles que nos vemos mais raramente, uma palavra de muita amizade. Pertenceis a uma família assinalada por Deus. Caminhai na Sua presença como bons cristãos!
Quero deixar também uma palavra a todos os seminaristas do Seminário dos Olivais e do Seminário Redemptoris Mater e também aos presbíteros e diáconos que tenho acompanhado como Director Espiritual: obrigado pela vossa amizade. Rezai por mim, permanecei firmes no Senhor, amai-O generosamente, servi-O com alegria! A vida e a felicidade de muita gente dependem da vossa fidelidade.
Agradeço ainda a todos aqueles que ajudaram a preparar e a realizar esta bela celebração: o Senhor vos recompensará largamente.
Por fim, aos presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas e fiéis cristãos da diocese de Beja aqui tão significativamente presentes, quero agradecer as manifestações de alegria com que receberam a notícia da minha eleição. O Santo Padre escolheu-me e envia-me e o Patriarcado de Lisboa oferece-me a vós. Tenho consciência da minha falta de preparação. Vejo-me a mim mesmo como aquele vazio que as asas dos querubins desenhavam sobre a Arca da Aliança, vazio que é espaço para a manifestação do Senhor. Confio que Ele se manifestará na minha pobreza! A partir do próximo Domingo estarei inteiramente ao vosso serviço. Vós sois o jugo que o Senhor agora me chama a levar unido a Ele. Sei que o ministério episcopal é, de si, um jugo pesado, mas também sei por experiência que são verdadeiras as palavras do Senhor que me assegura: Porque Eu estou contigo, «o meu jugo é suave»5.
Rezai por mim!
† João Marcos
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