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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Beja: Novas gerações garantem «futuro» do cante alentejano

Padre e compositor António Cartageno destaca o facto desta arte musical estar a ser ensinada nas escolas

Beja, 28 Nov 2014 (Ecclesia) – O padre e compositor António Cartageno, que trabalha há muitos anos na Diocese de Beja, considera a distinção de património imaterial da Humanidade atribuída ao cante alentejano mais um passo para garantir o futuro desta arte popular.

Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, o sacerdote destaca o facto do cante alentejano estar actualmente a atrair “cada vez mais jovens” e inclusivamente a ser “ensinado às crianças nas escolas”.

“Um dado novo dos últimos anos é que têm surgido jovens que cantam o canto alentejano, que o estudam, o ensaiam, e cantam muito bem”, destaca o pároco das comunidades de Santa Maria da Feira, Santiago Maior e São João Baptista.

Por outro lado, a aposta também tem passado por esta tradição alentejana ser transmitida aos mais novos, nas escolas, “com a ajuda de alguns monitores e dos professores”.

“Aliás, essa era uma das razões para sensibilizar a UNESCO na atribuição desta classificação ao cante, para que ele seja preservado, que tenha futuro. E tem, porque os jovens e as crianças estão a agarrá-lo”, complementa o padre António Cartageno.

Um dos aspectos que levou a UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – a considerar o cante alentejano património imaterial da Humanidade foi sublinhar o seu contributo para a solidariedade e fraternidade entre as pessoas.

Para o padre António Cartageno, trata-se um ponto importante a relevar, na medida em que “não conhece em Portugal, ao nível do canto popular, outro que aproxime tanto as pessoas”.

Os homens e as mulheres “cantam abraçados uns aos outros, reforçam o sentido de grupo, de solidariedade”, salienta o sacerdote.

Nas terras onde o cante alentejano está mais implantado, sobretudo no Baixo Alentejo e numa faixa do Alto Alentejo, a maioria das comunidades “têm um ou mesmo dois grupos corais”.

“As pessoas reúnem para ensaiar, para criarem novas modas, e isto cria de facto laços, molda a relação entre as pessoas, faz com que elas fiquem mais entrosadas umas com as outras”, complementa o pároco e compositor.

Ainda quanto ao futuro, o padre António Cartageno realça que a atribuição desta distinção vem aumentar a responsabilidade “do povo alentejano, dos grupos corais, das autarquias”, em trabalharem na preservação e divulgação do cante.

“Se ele é agora património imaterial da Humanidade é preciso mostrá-lo e mostrá-lo com qualidade às pessoas que cá vêm. E isso naturalmente vai exigir muito mais daqui para a frente”, conclui.

CB/JCP
 
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