Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, explica a viagem do Papa à Turquia
Roma, 27 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Deborah Castellano Lubov
Perto da visita do Papa Francisco à Turquia, Zenit
entrevistou o cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a
Promoção da Unidade dos Cristãos.
Zenit: O primeiro objectivo da visita do Papa parece ser o do diálogo ecuménico. Qual é a situação actual?
Existe uma situação muito boa nas relações ecumênicas entre a Igreja
de Constantinopla e a Igreja de Roma, desde o primeiro encontro entre o
Beato Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras em 1964. Temos uma longa
tradição de visitas recíprocas por ocasião da festa de Santo André, que
terá lugar dia 30 de Novembro. Neste segundo ano de seu pontificado, o
Papa Francisco estará pessoalmente em Constantinopla, renovando as
visitas de São João Paulo II e do Papa Emérito Bento XVI,
respectivamente em 1979 e 2006. É uma bela oportunidade que se
acrescenta à festa de São Pedro e São Paulo, em 29 de Junho, quando
chega a Roma uma delegação de Constantinopla.
Zenit: Quais são as expectativas sobre a relação entre cristãos e ortodoxos?
O encontro é muito importante para melhorar as relações entre Roma e
Constantinopla. O Patriarca Ecuménico de Constantinopla tem um primado
no mundo da ortodoxia e, nesse sentido, expressa todas as Igrejas
Ortodoxas. Trata-se de um aprofundamento do diálogo na amizade e na
fraternidade entre o Papa de Roma e Patriarca Ecuménico. Espero que o
encontro seja uma boa oportunidade para reforçar estas boas relações e
preparar novas iniciativas para o futuro.
Zenit: Como é o diálogo entre a Igreja de Roma e a Patriarcado ortodoxo russo?
A situação é diferente, porque não temos um diálogo particular entre
Roma e Moscovo. O Papa nunca se encontrou com o Patriarca de Moscovo. O
Metropolita Hilarion que é de Moscovo vem a Roma para encontrar o Santo
Padre e, recentemente, eu fui duas vezes a Moscovo para aprofundar esse
diálogo. A Comissão mista internacional entre a Igreja Católica e as
Igrejas Ortodoxas é composta por 14 denominações diferentes, incluindo a
Igreja Ortodoxa Russa. Uma melhor cooperação está sendo desenvolvida no
âmbito cultural e social.
Zenit: O que pode ser feito para melhorar o relacionamento com o Patriarcado da Rússia?
Hoje a situação está complicada. O que aconteceu na Ucrânia e as
acusações do Patriarca ortodoxo russo contra a Igreja greco-católica do
país, pioraram as relações ecuménicas. Espero que possamos encontrar um
caminho para a reconciliação na Ucrânia. Espero que as várias igrejas
cristãs possam oferecer soluções para a conciliação da sociedade na
Ucrânia.
Zenit: O que pensam em Moscovo sobre a visita do Papa Francisco à Turquia?
Eu não sei. Deveríamos perguntar em Moscovo. É claro que o Patriarca Ecuménico de Constantinopla deveria representar um pouco 'todas as
Igrejas ortodoxas’. Mas quais serão as reacções e as consequências nas
Igrejas Ortodoxas deste encontro com o Papa, eu não sei.
Zenit: Como vai a relação com os cristãos evangélicos? Há um progresso no diálogo ecuménico?
Sim. Criou-se uma nova situação, porque o Santo Padre é muito aberto e
apreciado no mundo dos evangélicos e pentecostais. Esta é uma nova
oportunidade, porque até agora, a porta estava entreaberta. Entre os
pentecostais e evangélicos existia muitos preconceitos contra a Igreja
Católica e contra o Papa. A partir do momento em que os líderes dessas
igrejas se encontraram pessoalmente com o Papa, a situação melhorou e
abriram-se as portas para um diálogo melhor.
Nesse sentido, eu sou muito grato ao Santo Padre por tudo o que está
fazendo para melhorar as relações com o mundo dos evangélicos e
pentecostais.
Zenit: Alguns jornais relataram que com o pontificado do Papa
Francisco um número crescente de evangélicos está se convertendo ao
catolicismo. O que o senhor pode nos dizer sobre isso?
Eu não acho que o objectivo do diálogo é converter os outros. Ambos
Bento XVI e o Papa Francisco afirmaram que o proselitismo não é a
maneira que a Igreja busca para promover o ecumenismo. No entanto, se
uma pessoa tem a intenção de se converter à Igreja Católica, devemos
garantir o direito à liberdade religiosa, que é um direito humano
fundamental. Em qualquer caso, o objectivo dos encontros ecuménicos é
aprofundar a relação de fraternidade, amizade, entre o Papa e os
evangélicos, para oferecer um testemunho comum de Cristo, para
manifestar a presença de Deus no mundo e desenvolver a dimensão
missionária da Igreja.
Zenit: O senhor gostaria de acrescentar alguma coisa sobre as
actividades do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos
Cristãos?
Sim. Antes da visita pastoral a Constantinopla, celebramos o 50º
aniversário da promulgação do decreto do Concílio Vaticano II para o
Ecumenismo, Unitatis Redintegratio (21 Novembro 1964).
Durante a plenária comemoramos este belo evento, com a celebração das
Vésperas na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em seguida, com três
conferências sobre o decreto ecuménico, que teve lugar na Pontifícia
Universidade Gregoriana.
(27 de Novembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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