«Cristianismo é vida e não apenas ideias», frisa D. João Marcos
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o novo bispo partilha um pouco da sua história pessoal, a forma como Deus lhe bateu à porta e como viveu 40 anos de percurso sacerdotal.
Natural da freguesia rural de Monteperobolso, na Diocese da Guarda, D. João Marcos ainda hoje retém na memória a forma como os seus pais, a sua comunidade, viviam a religião e a fé.
Estávamos no ano de 1949 e a Igreja Católica era uma força que “realmente aglutinava as pessoas” e exercia “uma autoridade indiscutível na vida”.
“O evangelho proposto era recebido como lei fundamental da vida, não era tudo perfeito, mas a vida não estava esfrangalhada como hoje. A noção do todo era muito nítida”, recorda o novo bispo.
Foi neste ambiente que o chamamento de Deus começou a soar no coração de D. João Marcos, a par de outra vocação, a de pintor, de “artista”.
“Um artista diz-se a si mesmo, mais ou menos conscientemente. Mas no que faz fica a sua interioridade. Pela negativa e positiva. Se eu estou cheio de tensões o desenho expressa essa tenção. Se estou pacificado essa paz que está em mim aparece depois no desenho”, salienta.
D. João Marcos cumpriu o seu percurso vocacional nos seminários de Santarém, Almada e Olivais, do Patriarcado de Lisboa, e a sua formação pastoral na Paróquia de Nossa Senhora dos Anjos, também na região lisboeta.
A ordenação sacerdotal chegou a 23 de Junho de 1974, na Sé de Lisboa, pela mão do cardeal-patriarca D. António Ribeiro.
Entre outras funções, foi pároco ou fez parte da equipa sacerdotal nas paróquias da Merceana, Milharado, Vila Franca do Rosário, Camarate e Apelação.
Na Merceana, em Alenquer, tomou contacto com o Caminho Neocatecumenal, uma proposta de vivência cristã que marcou decisivamente o seu percurso.
“Perceber realmente que o cristianismo é vida e não apenas ideias, liturgia, etc. Quando me dei conta que há uma semente que faz germinar essa vida, e que a semente é o kerigma, agarrei-me ao Caminho porque tinha encontrado esta semente”, sublinha D. João Marcos.
Outra experiência que “puxou muito” pelo novo bispo, que o “desinstalou”, foi a de ser director espiritual dos seminários dos Olivais e do Seminário Redemptoris Mater de Lisboa.
“Se não tenho vida espiritual como posso ajudar os outros? Muitas vezes é a necessidade de dar aos outros que puxa por nós”, complementa.
Um bispo coadjutor é nomeado por iniciativa da Santa Sé e, ao contrário dos bispos auxiliares, goza do direito de suceder ao bispo diocesano quando este cessa as suas funções.
D. João Marcos irá assim assumir as funções de bispo de Beja quando D. António Vitalino, o actual responsável diocesano, atingir os 75 anos [Novembro de 2016], idade em que o Direito Canónico determina a apresentação da renúncia.
A entrevista ao novo bispo está em destaque na edição mais recente do Semanário ECCLESIA e poderá ser escutada na íntegra na emissão do Programa ECCLESIA de domingo, na Antena 1, a partir das 6h00.
LS/JCP
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