Francisco convidou os participantes da Plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos a manter viva a mensagem do Concílio Vaticano II Ecuménico e a rezar para superar "as diferenças sobre temas antropológicos"
Roma, 20 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Federico Cenci
O Concílio Vaticano II, um giro ecuménico. É neste conceito
que está o cerne do discurso que o Papa Francisco emitiu esta tarde aos
participantes na Plenária do Pontifício Conselhor para a promoção da
Unidade dos Cristãos, realizado em Roma até amanhã sobre o tema “A meta
do ecumenismo: princípios, oportunidades e desafios em 50 anos da
Unitatis Redintegratio”.
O Santo Padre sublinhou a importância deste Decreto, emitido no dia
21 de Novembro de 1964, juntamente com a Constituição dogmática sobre a
Igreja, Lumen Gentium, e o Decreto sobre as Igrejas Orientais
Católicas, Orientalium Ecclesiarum. “A combinação desses três
documentos, tão profundamente ligados uns aos outros, oferece a visão da
eclesiologia católica como foi proposta pelo Concílio Vaticano II”,
disse o Papa.
Voltando os olhos à actualidade, ele destacou que “podemos alegrar-nos
pelo fato de que o ensinamento do Concílio foi amplamente recebido. Nos
últimos anos, com base em motivações teológicas enraizadas na Escritura
e na Tradição da Igreja, a nossa atitude de católicos mudou com relação
aos cristãos de outras Igrejas e Comunidades eclesiais”. Agora sim
podemos ver que “hostilidades” e “indiferenças” – capazes de cavar
“abismos aparentemente intransponíveis" e produzir "feridas profundas" –
pertencem ao passado. Hoje começou, pelo contrário, um “processo de
cura que permite acolher o outro como irmão ou irmã, na unidade profunda
que nasce do Baptismo”.
O Papa quis centrar-se nos "muitos frutos que durante este meio
século foram recolhidos”. O aprofundamento dos contactos com "muitas
Igrejas e Comunidades eclesiais" e o desenvolvimento de "novas formas de
colaboração" produziu as "traduções ecuménicas da Sagrada Escritura",
que o Papa considera "muito importantes". Mas os cristãos de diferentes
denominações estão constantemente trabalhando juntos “a serviço da
humanidade sofredora e necessitada, pela defesa da vida humana e da sua
dignidade inalienável, pela salvaguarda da criação e contra as
injustiças que afligem tantos homens e nações".
Todas as coisas positivas alcançadas até aqui não devem parar a acção ecuménica, que “deve penetrar sempre mais profundamente o ensinamento
teológico e a praxe pastoral das dioceses, dos Institutos de vida
consagrada, das associações e movimentos eclesiais". O convite do Papa a
"todos os fieis" é de "manter viva a consciência do compromisso que
implica a vontade de Jesus expressa em sua oração ao Pai, na véspera da
Paixão:" Que todos sejam um "(Jo 17: 21)".
Esse objectivo permanece inacessível, no entanto, já que "as
diferenças sobre as novas questões antropológicas e éticas tornam mais
difícil a nossa jornada rumo à unidade". Portanto, é importante não
ceder "ao desânimo e à resignação", mas "continuar a confiar em Deus que
coloca no coração dos cristãos sementes de amor e unidade, para
enfrentar com renovado vigor os desafios ecuménicos de hoje".
Desafios que o Papa identifica na realização de um pleno ecumenismo
espiritual e de um pleno ecumenismo do sangue. O primeiro dos dois “que
tem o seu momento culminante na Semana de oração pela unidade dos
cristãos”, vive e cresce por meio de “vários canais, que realmente só o
Senhor vê, mas que muitas vezes também nós temos a alegria de
conhecer”, ou seja, momentos de oração e trabalho compartilhado “em
tantas obras de caridade”.
Sobre o ecumenismo do sangue, o Papa recordou que a própria Unitatis
Redintegratio valoriza “a capacidade – dada por Deus – de dar testemunho
de Cristo até o sacrifício da vida” (cf. n. 4). Disso nasce a
reproposta do Pontífice de um tema invocado muitas vezes nos últimos
meses: “Aqueles que perseguem a Cristo em seus fieis não diferenciam
confissões: persegue-os simplesmente porque são cristãos”.
Tomar consciência destes dois desafios pode ajudar a “caminhar
juntos”, para o qual existe “um desejo forte e generalizado” que o Papa
pôde constatar “encontrando vários cristãos não católicos, ou lendo as
suas cartas”. Reafirmando que, há 50 anos de UR, a busca da plena
unidade dos cristãos permanece uma prioridade para a Igreja católica”, o
Bispo de Roma afirmou que esta unidade é para ele “uma das principais
preocupações diárias”.
(20 de Novembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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