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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Apelo do Papa aos cristãos: "que todos sejam um"

Francisco convidou os participantes da Plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos a manter viva a mensagem do Concílio Vaticano II Ecuménico e a rezar para superar "as diferenças sobre temas antropológicos"


Roma, 20 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Federico Cenci


O Concílio Vaticano II, um giro ecuménico. É neste conceito que está o cerne do discurso que o Papa Francisco emitiu esta tarde aos participantes na Plenária do Pontifício Conselhor para a promoção da Unidade dos Cristãos, realizado em Roma até amanhã sobre o tema “A meta do ecumenismo: princípios, oportunidades e desafios em 50 anos da Unitatis Redintegratio”.

O Santo Padre sublinhou a importância deste Decreto, emitido no dia 21 de Novembro de 1964, juntamente com a Constituição dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium, e o Decreto sobre as Igrejas Orientais Católicas, Orientalium Ecclesiarum. “A combinação desses três documentos, tão profundamente ligados uns aos outros, oferece a visão da eclesiologia católica como foi proposta pelo Concílio Vaticano II”, disse o Papa.

Voltando os olhos à actualidade, ele destacou que “podemos alegrar-nos pelo fato de que o ensinamento do Concílio foi amplamente recebido. Nos últimos anos, com base em motivações teológicas enraizadas na Escritura e na Tradição da Igreja, a nossa atitude de católicos mudou com relação aos cristãos de outras Igrejas e Comunidades eclesiais”. Agora sim podemos ver que “hostilidades” e “indiferenças” – capazes de cavar “abismos aparentemente intransponíveis" e produzir "feridas profundas" – pertencem ao passado. Hoje começou, pelo contrário, um “processo de cura que permite acolher o outro como irmão ou irmã, na unidade profunda que nasce do Baptismo”.

O Papa quis centrar-se nos "muitos frutos que durante este meio século foram recolhidos”. O aprofundamento dos contactos com "muitas Igrejas e Comunidades eclesiais" e o desenvolvimento de "novas formas de colaboração" produziu as "traduções ecuménicas da Sagrada Escritura", que o Papa considera "muito importantes". Mas os cristãos de diferentes denominações estão constantemente trabalhando juntos “a serviço da humanidade sofredora e necessitada, pela defesa da vida humana e da sua dignidade inalienável, pela salvaguarda da criação e contra as injustiças que afligem tantos homens e nações".

Todas as coisas positivas alcançadas até aqui não devem parar a acção ecuménica, que “deve penetrar sempre mais profundamente o ensinamento teológico e a praxe pastoral das dioceses, dos Institutos de vida consagrada, das associações e movimentos eclesiais". O convite do Papa a "todos os fieis" é de "manter viva a consciência do compromisso que implica a vontade de Jesus expressa em sua oração ao Pai, na véspera da Paixão:" Que todos sejam um "(Jo 17: 21)".

Esse objectivo permanece inacessível, no entanto, já que "as diferenças sobre as novas questões antropológicas e éticas tornam mais difícil a nossa jornada rumo à unidade". Portanto, é importante não ceder "ao desânimo e à resignação", mas "continuar a confiar em Deus que coloca no coração dos cristãos sementes de amor e unidade, para enfrentar com renovado vigor os desafios ecuménicos de hoje".

Desafios que o Papa identifica na realização de um pleno ecumenismo espiritual e de um pleno ecumenismo do sangue. O primeiro dos dois “que tem o seu momento culminante na Semana de oração pela unidade dos cristãos”, vive e cresce  por meio de “vários canais, que realmente só o Senhor vê, mas que muitas vezes também nós temos a alegria de conhecer”, ou seja, momentos de oração e trabalho compartilhado “em tantas obras de caridade”.

Sobre o ecumenismo do sangue, o Papa recordou que a própria Unitatis Redintegratio valoriza “a capacidade – dada por Deus – de dar testemunho de Cristo até o sacrifício da vida” (cf. n. 4). Disso nasce a reproposta do Pontífice de um tema invocado muitas vezes nos últimos meses: “Aqueles que perseguem a Cristo em seus fieis não diferenciam confissões: persegue-os simplesmente porque são cristãos”.

Tomar consciência destes dois desafios pode ajudar a “caminhar juntos”, para o qual existe “um desejo forte e generalizado” que o Papa pôde constatar “encontrando vários cristãos não católicos, ou lendo as suas cartas”. Reafirmando que, há 50 anos de UR, a busca da plena unidade dos cristãos permanece uma prioridade para a Igreja católica”, o Bispo de Roma afirmou que esta unidade é para ele “uma das principais preocupações diárias”.

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