O trabalho de Mikkel Keldorf contra o drama das famílias do Rio de Janeiro e Fortaleza que sofreram as consequências da competição de futebol
Roma, 17 de Julho de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
O Brasil tem sido capa e manchete de jornais no mês de Julho
narrando gols, penaltis, extensões e tempos de prorrogação e feitos de
grandes jogadores. Assim é como a Copa do Mundo tomou a atenção de
milhões de pessoas em todo o mundo nas últimas semanas. Enquanto isso,
em segundo lugar, ficaram as críticas e as consequências sociais que
este evento desportivo deixou no país latino-americano.
Assim, o documentário The price of the World Cupa (O preço do
Mundial), dirigido e produzido por Mikkel Keldorf, analisa e explora
esse "legado social" deixado pela Copa do Mundo, tomando como exemplo
duas das cidades brasileiras que foram sedes: Rio de Janeiro e
Fortaleza. Feito antes de iniciar a competição desportiva de interesse
internacional, O preço do Mundial é um convite à reflexão sobre a origem dos problemas sociais e dos protestos que surgiram durante os preparativos para a Copa.
O vídeo de 30 minutos mostra o drama de algumas das 600 famílias que
foram deslocadas da Favela Metrô-Mangueira, em frente ao estádio do
Maracanã, para dar lugar a projectos de infraestrutura. Dado o aumento do
custo de vida que trouxe o evento, o documentário mostra a realidade
dramática que viveram as 20.300 famílias que foram "removidas" no Rio de
Janeiro entre 2009 e 2013.
Além disso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
denunciou em seu momento este drama: "Não podemos aceitar que, durante a
Copa, famílias e comunidades inteiras tenham sido deslocadas para a
construção de estádios e de outras obras estruturais, em uma clara
violação do direito à moradia".
O documentário também mostra a cidade de Fortaleza, onde foram
investidos mais de 100 milhões de euros para remodelar seu estádio, que
tem um dos mais altos índices de violência e de desigualdade social no
planeta: "é a quinta cidade com a maior desigualdade social do
mundo(...). O 7 por cento dos mais ricos têm um quarto da riqueza da
cidade", em relação à maior parte da população que sofre por ter uma
renda muito menor do que a média nacional.
Da mesma forma, o trabalho apresentado por Keldorf mostra a difícil
situação das crianças que vivem na rua em Fortaleza. Além disso, a acção
de grupos de "extermínio" de moradores de rua, a falta de apoio
financeiro para as organizações sociais e o aumento de acções militares
para “pacificar" as favelas, também aumentam a vulnerabilidade dessa
população.
A realização da Copa do Mundo no Rio de Janeiro foi uma oportunidade
para que a Igreja e o papa Francisco lembrem a importância do jogo limpo
e da possibilidade que o desporto proporciona para criar cultura de
encontro.
Desde o Conselho Pontifício para a Cultura foi apresentado na última
sexta-feira uma iniciativa para unir o mundo inteiro pela paz, pedindo
que o domingo, 13 de Julho, dia do último jogo, se respeitasse um
momento de silêncio. A iniciativa também foi promovida pelo twitter com a
hashtag #PAUSEforPeace: "Junte-se a nós pedindo uma pausa para a guerra
durante a final da Copa do Mundo no Rio. Uma trégua pela paz".
Por sua parte, o Santo Padre disse em sua conta no Twitter (@
Pontifex) que "os mundiais conseguiram o encontro de pessoas de várias
nações e religiões. Que esporte promova sempre a cultura do encontro".
(Trad.T.S.)
(17 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc.
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