A mãe do capitão da selecção brasileira de futebol diz que tinha sido tentada a interromper a gravidez. Seu pai a dissuadiu: "Não cometa pecado"
Roma, 30 de Julho de 2014 (Zenit.org) Federico Cenci
As imagens mostram-no, enquanto abraçado à sua mulher,
admira a beleza de Paris a bordo de um barco que navega no rio Sena.
Aproveitando do serviço que a TV brasileira Globo está realizando sobre a
sua biografia, o jogador Thiago Silva, desfrutar de um momento de
relaxamento na romântica cidade onde ele trabalha como defensor do time
do Paris Saint Germain.
Um trabalho não como os outros, esse do jogador futebol em
determinados níveis; um trabalho que lhe dá a abundância de lucros e
reputação. Privilégios que podem desgastar aqueles que os possuem. Este é
o caso de muitos atletas que, atraídos pelo encanto da fama que os
precede, acabam correndo sim, mas fora do campo de jogo, atrás dos
fetiches do star system.
Thiago Silva, por outro lado, corre e sua apenas dentro do rectângulo
verde atrás da bola e dos atacantes adversários. Na vida prefere ir
devagar, pensar antes de falar e tomar uma atitude sóbria e digna diante
das câmaras. Isto foi visto no último dia 9 de Julho, quando, no
estádio de elo Horizonte, consumou-se a pior derrota na história da selecção brasileira. Uma derrota de 7-1 contra a Alemanha, que ficará
como uma marca indelével, impressa na pele dos torcedores e dos
jogadores brasileiros durante toda a vida.
O capitão da equipa verde amarelo, Thiago Silva, teve que assistir das
arquibancadas a hecatombe futebolística dos seus companheiros. A TV de
todo o mundo o imortalizou enquanto, com olhar contrito, levava as mãos à
cabeça. No final do jogo, em seguida, desceu ao campo, abraçou seus
companheiros ainda marcados pela humilhação e, juntamente com eles,
levantou os braços para os seus torcedores, em um gesto de desculpas.
Gesto que depois repetiu na frente dos microfones dos jornalistas.
Afinal, de uma derrota, por pior que seja, sempre é possível sair.
Uma lição que Thiago Silva aprendeu ao longo de sua vida, forjada no
contexto duro e perigoso de uma das piores favelas do Rio de Janeiro,
Santa Cruz. É aqui que a estrela brasileira teve que lutar para crescer e
chegar onde chegou hoje, evitando a tentação de anestesiar a pobreza e a
segregação com recurso “fácil” do crime.
Com a luta, Thiago Silva teve muito trabalho pela frente aos 14 anos,
quando, por uma tuberculose quase morreu. Mas, antes disso, conheceu a
luta sem estar consciente ainda. Trata-se da luta que teve de travar a
sua mãe, Angela, exactamente trinta anos atrás, pressionada por uma vida
que estava crescendo em seu ventre e pelo desejo insano de interromper
aquele maravilhoso processo vital.
A mesma Angela fala daqueles momentos durante o especial de Thiago
Silva que foi ao ar na Globo. "Pai, eu não queria fazer um aborto, mas
não tenho condições de ter uma criança”, disse desesperada ao seu pai,
com lágrimas que quebravam as palavras e colocava em risco o futuro avô
da estrela brasileira. O homem ouviu a sua filha, tentando dissuadi-la
com cuidado e firmeza ao mesmo tempo. "Ele me impediu – explica hoje a
mulher -, me disse que eu não poderia cometer um pecado". Aquele
conceito, que alguém hoje - na cultura dominante - diluiria com gotas de
falsa piedade, lentamente penetrou no coração de Angela abrindo-o ao
amor de nova vida.
Foi assim que convenceu-se a levar adiante a gravidez, até aquele 22
de Setembro de 1984, dia em que Thiago Silva veio à luz. Entre a lama de
uma família favelada não teria garantido uma existência fácil, mas
feliz sim, graças ao amor por um filho que chegou de repente, e, no
final, aceito como um presente. Um dom vindo do alto, como o mesmo
Thiago Silva sabe em seu coração. E isso está escrito bem na sua pele
com uma tatuagem que diz: "Eu não possuo o mundo, mas sou o filho do
dono."
(30 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc.
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