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segunda-feira, 28 de julho de 2014

A Igreja do Texas promove a assistência legal às crianças imigrantes

Uma campanha pretende conseguir advogados dispostos a dar assistência legal gratuita aos menores que atravessam a fronteira com o Texas


Roma, 28 de Julho de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García


A Igreja católica do norte do Texas lançou uma campanha voltada a encontrar advogados dispostos a se comprometer de forma voluntária para dar assistência legal às crianças detidas na fronteira entre os EUA e o México.

A campanha, iniciada alguns dias atrás por grupos de caridade de Dallas, pela Associação de Advogados Hispânicos de Dallas e pela diocese da cidade, pretende captar advogados voluntários bilingues para ajudar gratuitamente as crianças cujos casos são examinados nos tribunais de imigração. Cerca de 160 advogados já aderiram voluntariamente à iniciativa.

O apelo veio de dom Kevin Joseph Farrel, bispo da diocese de Dallas. "Para as comunidades de fé, neste momento, a questão não é a discussão da política de imigração, mas a ajuda urgente aos necessitados", explica ele, em declaração à Agência Fides. O prelado define os Estados Unidos como "o país número 1 do mundo quando se trata de ajudar as pessoas".

Quanto à acção de tropas da Guarda Nacional na fronteira, anunciada pelo governador do Texas, Rick Perry, dom Farrel observa que "o governador certamente tem as suas razões para enviar mil soldados para a zona de fronteira. Mas isto não resolve o problema neste momento".

Segundo o prelado, "todo mundo sabe que a reforma da política de imigração nos Estados Unidos e a abordagem da principal causa do êxodo infantil na América Central serão efectivas. Mas, como Igreja, nós agora estamos preocupados com as crianças. Esta é uma crise humanitária que julgará o carácter e o nível moral da nossa nação".

O número de crianças que procedem principalmente de Honduras, El Salvador e Guatemala e chegam à fronteira com os Estados Unidos está atingindo níveis recorde. 57.525 crianças foram detidas entre 1º de Outubro de 2013 e 30 de Junho de 2014. Estes números mostram um aumento de 106% em comparação com o ano passado, quando as autoridades fronteiriças detiveram 27.884 crianças.

"As instalações do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) de El Paso me lembram um campo de refugiados. Mas, nos EUA, essas instalações se chamam centros de detenção. São para imigrantes sem documentos, alguns dos quais serão deportados para a fronteira, de volta para o México, em Ciudad Juárez, uma das cidades mais violentas do mundo. Outros vieram de outras partes do mundo. Dependendo do resultado das solicitações de asilo, eles poderiam ser deportados para os seus países de origem", explica o director internacional do Serviço Jesuíta aos Refugiados, pe. Peter Balleis SJ.

"O 'acampamento' abriga 800 homens e mulheres que aguardam a resolução do seu caso e a provável deportação. É a rotina de um processo diário: todas as instalações estão limpas, funcionários amigáveis cumprem o seu dever, todo mundo segue as ordens. Mas as cercas de arame farpado são preocupantes", explica o jesuíta.

“As instalações do ICE em El Paso foram criadas para os adultos. Não são adequadas para acolher os milhares de menores de idade e as famílias que chegaram à fronteira nas últimas semanas”, prossegue o pe. Peter Balleis, que também fala do albergue provisório dirigido por Rubén García e pela organização de voluntários da Casa Anunciação:

"É uma imagem muito diferente. Os menores e as jovens mães recebendo comida decente, servida por voluntários sentados à mesa com eles, falando e escutando as histórias deles. Na maioria dos casos, compartilhando histórias pessoais terríveis de medo das facções criminosas do seu país, Honduras; de como colocaram a vida nas mãos de ‘coyotes’ ou contrabandistas de pessoas, pagando milhares de dólares, viajando em trens e ónibus até chegar à fronteira dos EUA com o México, para terminar num centro de detenção. Muitos deles não voltariam a fazer isso. Mas outros fariam de novo, todas as vezes que achassem necessárias. Eles têm motivos para temer pela própria vida e, em particular, pela vida dos filhos, especialmente das crianças".

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