Uma declaração do Comité Permanente da Conferência Episcopal do Chile reflecte sobre a vida e a família
Roma, 23 de Julho de 2014 (Zenit.org)
"A humanidade passa por uma época de mudanças que traz
consigo muitas esperanças e temores e que nos leva a perguntar quais são
os fundamentos da nossa vida e das nossas opções. Se este discernimento
é necessário para realidades como as novas formas de comunicação e os
modelos sociais e económicos, é ainda mais verdade quando nos referimos a
realidades essenciais como a vida humana e a família, bem como o
desenvolvimento do Chile". Assim começa a declaração publicada pelos
bispos chilenos em uma mensagem que recorda que a vida e a família "são o
nosso tesouro e comprometem a nossa maneira de existir, de amar, de
servir".
A Conferência Episcopal do Chile se manifesta sobre diversos
assuntos, como o assim chamado “aborto terapêutico”, o “acordo de vida
em casal” e as “uniões homossexuais”, denominadas por alguns sectores da
sociedade como “casamento igualitário”. Os bispos, diz o texto, se
manifestam com "clareza e firmeza e com profundo respeito", motivados
pelo "bem da família e do Chile". Eles compartilham também o seu temor
de que "a discussão destas realidades – que não são apenas ‘temas’– seja
feita a partir de perspectivas ideológicas ou populistas, sem contacto
com as realidades existenciais que estão em jogo".
Desta forma, os prelados reafirmam a convicção absoluta "de que o
direito à vida humana é o primeiro dos direitos humanos, que deve ser
respeitado e defendido sempre, desde a concepção até a morte natural".
Num primeiro ponto da declaração, os bispos abordam o "evangelho da
vida", destacando que a criança gerada no ventre da mãe é uma vida
humana e, portanto, "credora do primeiro dos direitos humanos: ser
respeitada e bem cuidada".
"A mãe que, lamentavelmente, aborta, pressionada muitas vezes por
terceiros, costuma carregar um peso atroz pelo resto vida depois de ter
dado fim à gestação do fruto do próprio ventre", dizem os bispos,
complementando que, "longe de condená-la, queremos ajudá-la, apoiá-la".
"Em vez de discutir uma lei para dar fim ao ser humano concebido,
poderíamos discutir como o Estado pode acompanhar, aconselhar, abrir
espaços na sociedade e até financiar tantas iniciativas em favor da vida
que hoje são mantidas graças à generosidade de muitas pessoas", afirma o
texto.
O segundo ponto abordado pela declaração é "o evangelho do matrimónio
e da família". "O trabalho educativo, mais o trabalho de pais e mães, e
essa tripla função da mulher que é mãe, esposa e trabalhadora, é uma
realidade que não escapa à bênção de Deus, desde o primeiro dia da
criação", observam os bispos. "A família é o verdadeiro valor
constituinte da comunidade humana". Os bispos também reconhecem que, por
diversas razões, há famílias monoparentais, o que é "mais uma razão
para acompanhá-las".
E explicam: "Não condenamos, mas promovemos a estabilidade
matrimonial e pedimos leis que facilitem e apoiem a vida de família". Ao
mesmo tempo, os bispos chilenos afirmam que são necessárias "leis
laborais e educacionais a serviço desta linda aventura de ser família". O
episcopado observa, por outro lado, que "as uniões informais não podem
ser equiparadas juridicamente à união estável e indissolúvel de um homem
e de uma mulher para formar uma família e enfrentar juntos a vida, numa
instituição que merece o apoio e a protecção do Estado porque dá origem à
célula básica da sociedade".
Os bispos também fazem referência aos que defendem a união entre
pessoas do mesmo sexo. A este respeito, eles consideram "superficial
falar de 'casamento igualitário', pelo simples fato de que não é o caso.
Não é uma união entre homem e mulher e não tem a estabilidade própria
do matrimónio, que, no ensinamento bíblico, possui dois traços
característicos e inseparáveis: o aspecto da unidade (entre homem e
mulher) e a vocação à procriação".
"Ser uma pessoa com tendência homossexual não é um castigo de Deus,
como muitos equivocadamente ainda pensam. E muitos perdões ainda temos
que pedir como sociedade por tê-los discriminado injustamente", afirmam
os bispos chilenos.
Em um terceiro ponto da declaração, eles mostram "apoio às famílias e
aos seus direitos". Reflectindo sobre as famílias “perfeitas” da
propaganda falaz e consumista, os prelados sugerem como modelo a Sagrada
Família, "a família solidária, com todos os dramas que a vocação
familiar tem que enfrentar". Desta perspectiva de fé, "expressamos que a
família, fundamentada no matrimónio, é a célula básica da sociedade,
como o nosso ordenamento constitucional e legal também reconhece".
A Conferência Episcopal do Chile encerra a declaração convidando a
orar pelo sínodo dos bispos que o papa Francisco convocou, levando em
conta que é neste “património vivo da humanidade” que se baseia o futuro
da nossa espécie.
(23 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc.
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