As associações "pró-vida" irlandesas repondem à ONU, que continua a dizer que a legislação de Dublin sobre o aborto viola as normas internacionais sobre os direitos humanos
Roma, 28 de Julho de 2014 (Zenit.org) Federico Cenci
Muita coisa em jogo no Conselho para os direitos humanos das
Nações Unidas em Genebra, onde a Irlanda se encontra diante de uma
bifurcação: ceder às pressões da ONU e, portanto, abdicar aos pedidos de
“suavizar” a sua legislação sobre o aborto ou resistir na luta pela
tutela do nascituro.
“Duro” e “insistente” foi a acusação do Conselho ao qual foi
submetido, em meados de Julho, Frances Fitzgerald, ministro da Justiça
da Irlanda. Motivo da arenga: a actual legislação de Dublin sobre o
aborto violaria as normas internacionais sobre os direitos humanos.
O Conselho considerou insuficiente o compromisso da Irlanda, no ano
passado, quando, para cumprir as exigências da ONU alterou a sua
legislação sobre o aborto, com a aprovação de uma lei denominada The
Protection of Life During Pregnancy Act. A norma confirmou as restrições
irlandesas em matéria de aborto, mas acrescentando uma passagem
relativa aos riscos para a mãe.
A lei, conforme expressamente anunciado pelo governo, estava
destinada a esclarecer as circunstâncias em que, devido a uma condição
física precária da mãe, o aborto pode ser permitido. Além disso, com a
aprovação da lei o acesso ao aborto foi estendido até mesmo onde há um
risco de suicídio da mulher grávida. Para continuar, no entanto, é
necessário o parecer unânime de três médicos (um obstetra e dois
psicólogos).
É ainda muito pouco para o Conselho dos Direitos Humanos das Nações
Unidas, segundo o qual a legislação irlandesa continua a "criminalizar"
as mulheres grávidas, negando-lhes poder recorrer a isso - ao aborto -
que é definido um “direito”. Yuval Sahny, relator da acusação, destacou
que a Irlanda nega assim o acesso à interrupção da gravidez “mesmo em
circunstâncias em que nós, Estados, (membros) julgamos que tenha que ser
uma obrigação permitir o aborto legal e seguro".
A ONU, no entanto, tem se encontrado com interlocutores nem um pouco
dispostos, muito pelo contrário, capazes de manter a própria legislação
sobre o aborto. Mary Jackson, funcionária do Departamento de Saúde,
disse que reivindicou que a lei reprovada pelo Parlamento irlandês um
ano atrás está em conformidade com as exigências da ONU.
Estiveram presentes na discussão em Genebra, também Lorcan Price,
advogado e representante da Campanha Pro-vida, Associação Irlandesa em
defesa da vida. Price contestou a interpretação de que as Nações Unidas
têm o conceito de direitos, afirmando: "Não existe nenhum direito ao
aborto na legislação internacional”. Portanto, não está em Irlanda mas
em outro lugar a discordância com os direitos humanos. “Hoje os
riquíssimos lobby pró-aborto - disse ele – tentam enganar a Comissão de
Direitos Humanos aqui em Genebra, argumentando que o feto ainda não
nascido não tem o direito de viver. Esta afirmação é completamente
contrária às leis sobre direitos humanos".
Lobby que têm nomes e sobrenomes. "Espero com todo o coração -
continuou Price – que o Comité defenda o direito à vida e rejeite a
pressão internacional dos grupos estadunidenses, como o Center for
Reproductive Rights, que querem impor a todo custo o regime do aborto na
Irlanda”. As Nações Unidas – observou, portanto, o presidente da
associação pro-vida – “sabem que não existe um direito internacional
sobre o aborto na legislação. Se a Onu assumisse uma posição
explicitamente a favor do aborto, causaria um dano incalculável na sua
credibilidade como organismo em defesa dos verdadeiros direitos
humanos”.
Duro o comentário feito em Lifenews de Cora Sherlock, vice-presidente
de Pro-Life Campaign, que definiu a audiência da Comissão com a Irlanda
uma “farsa”, porque as Nações Unidas demonstraram ser "extremamente
tendenciosas em favor do 'aborto". Por exemplo, Sherlock lembrou que da
ONU “nem mesmo um murmúrio de preocupação se levantou por causa das
terríveis situações de Países como a Inglaterra, onde as crianças que
sobrevivem de um aborto não recebem assistência médica e são abandonadas
à morte nos cantos”. E ainda sobre a Inglaterra, o Conselho “não falou
nada sobre o recente caso documentado em que os restos de 15 mil
crianças abortadas foram queimados para produzir calor nos hospitais ou
que, na Inglaterra, as gravidezes podem ser interrompidas por razões de
deficiência do feto até no momento do parto”.
Uma "farsa", para parafrasear Sherlock, destinada a continuar.
Espera-se agora que o Conselho se reúna novamente, para fazer um novo
teste em base às declarações recolhidas e emitir assim as suas
observações conclusivas daqui a duas semanas.
(28 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc.
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