As palavras do Santo Padre pronunciadas no Angelus
Roma, 27 de Julho de 2014 (Zenit.org)
Apresentamos as palavras pronunciadas pelo Santo Padre neste
domingo, 27 de Julho, diante dos fiéis e peregrinos reunidos na Praça
de São Pedro para rezar a oração mariana do Angelus.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
As semelhanças propostas pela liturgia de hoje são a conclusão do
capítulo do Evangelho de Mateus dedicado às parábolas do Reino de Deus
(13, 44-52). Entre estas há duas pequenas obras-primas: as parábolas do
tesouro escondido no campo e da pérola de grande valor. Elas nos dizem
que a descoberta do Reino de Deus pode acontecer de repente como para o
agricultor que arando encontra o tesouro inesperado, ou após uma longa
busca, como para o comerciante de pérolas, que finalmente encontra a
pérola preciosíssima, há muito tempo sonhada. Mas em ambos os casos o
fato principal é que o tesouro e a pérola valem mais do que todos os
outros bens, portanto, o agricultor e o comerciante, quando o encontram,
renunciam a tudo para adquiri-lo. Eles não precisam raciocinar, pensar
ou reflectir: eles percebem imediatamente o valor incomparável do que
descobriram, e estão dispostos a perder tudo para adquiri-lo.
Assim é o reino de Deus: quem o encontra não tem dúvidas, sente que é
aquilo que estava procurando, esperando, e que responde às suas
aspirações mais autênticas. E é realmente assim: quem conhece Jesus,
quem o encontra pessoalmente, permanece fascinado, atraído por tanta
bondade, tanta verdade, tanta beleza, e tudo numa grande humildade e
simplicidade. Procurar Jesus, encontrar Jesus: este é o grande tesouro!
Quantas pessoas, quantos santos e santas ao ler de coração aberto o
Evangelho, ficaram tão impressionados com Jesus, a ponto de ser
converter. Pensemos em São Francisco de Assis: ele já era um cristão,
mas um cristão "água de rosa". Quando leu o Evangelho, em um momento
decisivo de sua juventude, encontrou Jesus e descobriu o Reino de Deus e
então todos os seus sonhos de glória terrena desapareceram. O Evangelho
de Jesus faz você conhecer Jesus verdadeiro, Jesus vivo; fala ao
coração e transforma a vida. E assim, deixa tudo. Você pode efectivamente
mudar o estilo de vida, ou continuar a fazer o que fazia antes, mas
você é outra pessoa, você renasceu: encontrou aquilo que dá sentido,
sabor, que ilumina tudo, até mesmo as dificuldades, os sofrimentos e até
a morte.
Ler o Evangelho. Ler o Evangelho. Nós conversamos sobre isso, lembra?
Todos os dias ler um trecho do Evangelho; e também levar connosco um
pequeno evangelho, no bolso, na bolsa, ter à mão. E assim, lendo uma
passagem, encontraremos Jesus. Tudo adquire sentido quando no Evangelho
encontramos este tesouro, que Jesus chama ‘o reino de Deus’, aquele Deus
que reina em sua vida, em nossas vidas; Deus que é amor, paz e alegria
em cada homem e em todos os homens. Isto é o que Deus quer, é o motivo
pelo qual Jesus se entregou para morrer na cruz, para nos libertar do
poder das trevas e nos levar para o reino da vida, da beleza, da
bondade, da alegria. Ler o Evangelho é encontrar Jesus e ter esta
alegria cristã, que é um dom do Espírito Santo.
Queridos irmãos e irmãs, a alegria de ter encontrado o tesouro do
Reino de Deus transparece, é visível. O cristão não pode esconder a sua
fé, porque ela transparece em cada palavra, em cada gesto, mesmo nos
mais simples e quotidianos: transparece o amor que Deus nos deu mediante
Jesus. Rezemos por intercessão da Virgem Maria, que venha a nós e em
todo o mundo o seu Reino de amor, de justiça e de paz.
(Depois do Angelus)
Queridos irmãos e irmãs,
Amanhã ocorre o centésimo aniversário da eclosão da Primeira Guerra
Mundial, que causou milhões de mortes e imensa destruição. Este
conflito, que o Papa Bento XVI definiu como "massacre inútil", resultou,
após quatro longos anos, em uma paz mais frágil. Amanhã será um dia de
luto em memória desta tragédia. Enquanto lembramos este trágico
acontecimento, espero que não se repitam os erros do passado, mas se
leve em conta as lições da história, fazendo prevalecer as razões da paz
através do diálogo paciente e corajoso.
Em particular, hoje meus pensamentos vão para três ‘zonas críticas’: a
médio oriental, a iraquiana e a ucraniana. Vos peço que continuem a se
unir à minha oração para que o Senhor conceda às pessoas e às
autoridades daquelas regiões a sabedoria e a força necessária para levar
em frente, com determinação, o caminho da paz, enfrentando cada disputa
com a tenacidade do diálogo e da negociação com a força da
reconciliação. Que no centro de cada decisão não sejam colocados os
interesses particulares, mas o bem comum e o respeito por cada pessoa.
Lembremo-nos que tudo está perdido com a guerra e nada se perde com a
paz.
Irmãos e irmãs, nunca a guerra! A guerra nunca! Penso sobretudo nas
crianças, das quais se tira a esperança de uma vida digna, de um futuro:
crianças mortas, crianças feridas, crianças mutiladas, crianças órfãs,
crianças que têm como brinquedos resíduos bélicos, crianças que não
sabem sorrir. Parem, por favor! Vos peço de todo o coração. É hora de
parar! Parem, por favor!
Dirijo uma cordial saudação a todos vós, peregrinos da Itália e de outros países.
Saúdo o grupo de brasileiros, as paróquias da Diocese de Cartagena
(Espanha), os escoteiros de Gavião (Portugal), os jovens de Madrid,
Asidonia-Jerez (Espanha), e os de Monteolimpino (Como), os professores
de Conselve e Ronchi Casalserugo, os escoteiros de Catania e os fiéis de
Acerra.
Desejo a todos um bom domingo. E não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço. Adeus!
(Trad.:MEM)
(27 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário