Numa autobiografia publicada nos últimos dias, a mãe do talentoso português disse que queria fazer um aborto, mas o médico recusou-se a fazer a intervenção
Roma, 21 de Julho de 2014 (Zenit.org) Federico Cenci
Setenta prémios individuais, incluindo duas bolas de Ouro e
um Fifa World Player, uma série de troféus levantados com as camisetas
do Sporting Lisboa, Manchester United e Real Madrid. E, novamente, uma
enorme quantidade de recordes que requer uma boa dose de paciência para
aqueles que querem ler todos, assim como dois dos mais altos prémios
concedidos pelo Estado de Portugal. Porém, um pequeno grande mérito para
estes prémios é devido a um desconhecido médico Português. Pequeno como
o corpinho ainda frágil e indefeso que cresce dia a dia no ventre de
uma mulher, grande como o gesto nobre de quem realiza com
profissionalismo e fé o próprio trabalho e consegue, assim, salvar uma
vida humana do aborto.
No já distante 1984, a vida que este homem salvou foi a de
Cristiano Ronaldo, um dos jogadores mais fortes e prolíficos em termos
de golos realizados nos últimos anos. Foi a própria mãe do eixo do Real
Madrid e da Selecção portuguesa que revelou a história que está nos
bastidores na autobiografia, Mãe Coragem, publicada sexta-feira
passada em Portugal. A mulher, cujo nome é Dolores Aveiro, diz em uma
das passagens mais comoventes do livro a sua situação, quando ela
descobriu que estava grávida daquela criança que mais tarde se tornaria o
famoso Cristiano Ronaldo.
"Naquela época, eu já tinha 30 anos e três filhos, não parecia
apropriado lidar com um novo nascimento e ampliar a família, então
procurei um médico, que, porém, se recusou a fazer a cirurgia", explica.
Passava por um tempo bem sombrio na sua casa, dar de comer aos filhos
Hugo, Elma e Cátia Liliana, a cada dia, era um desafio cada vez mais
difícil com um marido, José Diniz, desempregado (morreu em 2005 devido
ao álcool) e com as poupanças reduzidas a nada.
Mas a relutância e a tentativa de desencorajá-la do aborto, por parte
do médico, não tiraram as suas intenções, que mesmo assim tentou
interromper a gravidez com um “remédio caseiro” sugerido por uma amiga:
“Me disse para beber cerveja escura e quente. Assim a criança teria
morrido”.
A cerveja, no entanto, não conseguiu parar a energia vital daquele
coração batendo no ventre de Dolores. Depois de algumas horas de tomar a
bebida potencialmente assassina, na parte inferior do abdómen
continuava a reinar a paz. Sinal da ineficácia do "remédio caseiro".
Pouco a pouco, a mulher (já acostumada ao aleitamento, às fraldas e
choros nocturnos) decidiu ter também o quarto filho. “Se a vontade de
Deus é que esta criança nasça, assim seja”, foi o seu pensamento mais
íntimo.
No dia 5 de Fevereiro de 1985 em uma cidade das Ilhas Selvagens, um
pequeno arquipélago do Oceano Atlântico mais perto das costas africanas
do que das portuguesas, nasceu Cristiano Ronaldo. Uma criança forte e
saudável, veio à luz em uma cidade anónima e que teria se tornado famoso
em todo o mundo devido ao seu talento futebolístico único.
Um bastidor muito delicado, que a mãe decidiu publicar com a
permissão prévia de seu filho Cristiano, o qual, hoje, ainda tem a força
de fazer piada do tema: “Viu, mãe, você queria me abortar e agora sou
eu que controlo as finanças em casa”. E pensar que a tentação de
interromper a gravidez surgiu das suas dificuldades económicas. Se
aquele médico não tivesse permanecido fiel ao seu juramento e, portanto,
firme em sua oposição sobre o aborto, hoje o mundo do futebol teria uma
grande estrela a menos no seu firmamento. E o firmamento – se sabe –
para observá-lo temos que olhar para cima. É por isso que a objecção de
consciência é sempre um gesto dirigido para cima. (Trad.T.S.)
(21 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc.
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