Em entrevista a uma revista argentina, o papa nos propõe 10 ideias como fórmula da felicidade
Cidade do Vaticano, 28 de Julho de 2014 (Zenit.org)
Viver e deixar os outros viverem. Compartilhar o domingo em
família e brincar com as crianças. Esquecer o negativo e doar-se aos
outros. Estes são alguns dos conselhos que o papa Francisco nos dá em
seu “decálogo” para sermos felizes, publicado pelo repórter Pablo Calvo
em sua entrevista ao pontífice para a revista argentina “Viva”.
“Qual é a fórmula da felicidade?”, pergunta o jornalista, que
depois conta aos leitores: "O papa não foge da pergunta e, nesta
resposta pontual e durante o resto da conversa, ensaia uma receita para
sermos felizes. Seguem 10 elementos dessa poção que parece inalcançável,
mas que Francisco nos convida a tentar", apresenta Pablo Calvo.
1. Viva e deixe viver: “Os romanos têm um ditado que poderíamos tomar
como ponto de partida: 'Vá em frente e deixe os outros irem em frente'.
Viva e deixe viver, é o primeiro passo da paz e da felicidade”.
2. Doar-se aos outros: “Se você estancar, vai correr o risco de ser egoísta. E a água estancada fica logo estragada”.
3. Mover-se “remansadamente”: “Em ‘Dom Segundo Sombra’ há uma coisa
muito bonita, de alguém que relê a sua vida. O protagonista. Diz que,
quando era jovem, era um arroio pedregoso que arrastava tudo pela
frente; quando adulto, era um rio que corria em frente; e na velhice ele
se sentia em movimento, mas lentamente, ‘remansado’. Eu utilizaria esta
imagem do poeta e novelista Ricardo Güiraldes, esse último adjectivo,
‘remansado’. A capacidade de mover-se com benevolência e humildade, o
remanso da vida. Os idosos têm essa sabedoria, são a memória de um povo.
E um povo que não cuida dos seus idosos não tem futuro”.
4. Brincar com as crianças: “O consumismo nos levou a essa ansiedade
de perder a cultura sadia do ócio, de ler, de desfrutar da arte. Agora
eu atendo pouco em confissão, mas, em Buenos Aires, eu ouvia muitas
confissões e quando vinha uma jovem mãe eu perguntava: 'Quantos filhos
você tem? Você brinca com eles?'. E era uma pergunta que elas não
esperavam, mas eu dizia que brincar com as crianças é fundamental, é uma
cultura sadia. É difícil, os pais vão trabalhar cedo e voltam muitas
vezes quando os filhos já estão dormindo. É difícil, mas eles têm que
brincar”.
5. Compartilhar os domingos com a família: “Outro dia, em Campobasso,
fui a uma reunião entre o mundo da universidade e o mundo operário.
Todos pediam o domingo livre. O domingo é para a família”.
6. Ajudar os jovens a conseguir emprego: “Temos que ser criativos com
essa faixa etária. Se faltam oportunidades, eles caem na droga. E está
muito alto o índice de suicídios entre os jovens sem trabalho. Outro dia
eu li, mas não confio porque não é um dado científico, que havia 75
milhões de jovens de até 25 anos desempregados. Não basta dar comida
para eles: tem que inventar cursos de um ano de canalizador, electricista,
costureiro. É a dignidade que dá o pão para casa”.
7. Cuidar da natureza: “Temos que cuidar da criação e não estamos fazendo isso. É um dos maiores desafios que nós temos”.
8. Esquecer rápido o que é negativo: “A necessidade de falar mal do
outro indica uma baixa autoestima: eu me sinto tão abaixo que, em vez de
subir, rebaixo o outro. Esquecer rápido o que é negativo é sadio”.
9. Respeitar quem pensa diferente: “Podemos instigar o outro com o
testemunho, para que os dois progridam nessa comunicação, mas o pior que
pode acontecer é o proselitismo religioso, que paralisa: 'Eu dialogo
contigo para te convencer'. Não. Cada um dialoga a partir da sua
identidade. A Igreja cresce por atracção, não por proselitismo”.
10. Procurar activamente a paz: “Estamos vivendo uma época de muita
guerra. Na África parecem guerras tribais, mas são mais do que isso. A
guerra destrói. E o clamor pela paz tem que ser gritado. A paz, às
vezes, dá a ideia de quietude, mas nunca é quietude, é sempre uma paz activa”.
(28 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc.
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