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sábado, 19 de julho de 2014

Israel invade Gaza por terra. Ainda há crianças entre as vítimas

Depois da trégua de cinco horas, o exército israelita intensificou os ataques. Gaza permanece no escuro. Netanyahu anunciou ataque aos túneis que ligam a Faixa de Gaza a Israel


Roma, 18 de Julho de 2014 (Zenit.org)


"Atingiremos os túneis que chegam de Gaza em Israel", anunciou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, poucos minutos depois que o exército havia intensificado suas acções.

Às 21:23, o governo aprovou a expansão da operação militar "Protective Edge". Enquanto em Gaza era cortado o fornecimento de electricidade, seguiam rapidamente os lançamentos da artilharia, ataques aéreos e vários disparos da marinha israelita ao norte da Faixa de Gaza. Israelitas que vivem na zona fronteiriça foram obrigados a ficar em casa.

Fontes médicas palestinianas afirmam que, depois de três horas de ataques, restaram cinco mortos, incluindo uma criança de cinco meses. Assim, sobe para 260 o trágico balanço de um dos mais sangrentos conflitos das últimas décadas; os feridos - de acordo com as últimas actualizações - são 2.000.

A invasão via terra aconteceu  após repetidas ofertas para "acalmar a situação" rejeitado pelo Hamas, como afirma o porta-voz militar israelita. O objectivo "não é derrubar o governo do Hamas", mas destruir o túnel, local de passagem e armazenamento de armas.

À notícia da ofensiva, os Ezzedin al-Qassam, braço armado do Hamas, respondem: "Aguardávamos ansiosamente esta operação para dar uma lição a Israel". E acrescentam que terá "consequências terríveis".

Na Faixa de Gaza ainda se propagam morte e destruição devido aos ataques aéreos que se tornaram mais pesados após a trégua humanitária de cinco horas proposta pela ONU. Ontem, pela primeira vez desde o início do "Protective Edge", ambos os lados haviam concordado com a suspensão para permitir a evacuação dos mais  feridos e o abastecimento da população. O "cessar-fogo" parece ter cumprido  o horário, apesar de duas horas após o início (às 9 da manhã, horário local) ter sido violado com três disparos de morteiro de Gaza ao município de Eshkol.

Entre as vítimas ainda há crianças. Não bastaram as mortes trágicas de quatro crianças, com idades entre 9 e 11 anos, atingidos há dois dias por um míssil enquanto jogavam futebol em uma praia de Gaza. Um crime tão brutal que o presidente Shimon Peres pediu desculpas aos palestinianos em declaração à BBC: "Lamento profundamente a morte de crianças ... foi resultado de um acidente".

Na retomada após a trégua foram mortas três crianças palestinianas, todas da mesma família, por três foguetes que atingiram um prédio de três andares no centro de Gaza - afirma o porta-voz do serviço de resgate. Os corpos das crianças - afirmam fontes locais - foram retirados dos escombros com dificuldade, e ainda pode haver vítimas. As crianças foram identificadas: os irmãozinhos Jihad e Wassim Sheheibar, 8 e 7 anos de idade, o primo Fulla Sheheibar, 10 anos. À noite, o bombardeio israelitae também atingiu o hospital Al-Wafa, deixando muitos  feridos, incluindo enfermeiros e pacientes.

A Agência para a ajuda aos refugiados palestinianos (UNRWA) anunciou a descoberta, pela primeira vez, de foguetes escondidos em uma escola de Gaza, confirmando as alegações de Israel de que, o Hamas e outros grupos terroristas estão usando estruturas civis como depósitos de armas. A UNRWA "informou às partes interessadas" e "tomou todas as medidas necessárias para a remoção dos objectos", dando início a uma investigação.

A situação parece fora de controle. Por parte da comunidade internacional se multiplicam os apelos para a contenção e pelo fim desta guerra trágica. Em particular, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, renovou o seu apelo pela vida dos civis, e a ministra italiana das Relações Exteriores Federica Mogherini pediu  "imediatamente" o cessar-fogo.

Agora, a esperança está nas negociações em curso no Cairo, Egipto, onde as delegações israelitas e palestinianas chegaram ontem durante o dia. Segundo Hazem Abou Shanab, responsável pelo al-Fatah, movimento do presidente palestino, Mahmoud Abbas, "há algo sobre a mesa, mas nada foi finalizado."

(Trad.:MEM)

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