Criação, evolução, cosmos... Em Scienceandfaithbcn.com
O curso Science and Faith usa vídeos e e-learning para difundir o diálogo ciência-fé |
Actualizado 28 de Maio de 2014
P.J.G./ReL
Há não muito, o doutor em Filosofia da Física pela Universidade de Bremen Francisco José Soler Gil assinalava que no debate entre ciência e fé, e o seu debate derivado entre teísmo e ateísmo cientificista, só chegam a Espanha as obras dos grandes divulgadores antiteístas, que se apresentam como "Oráculos da Ciência" (como explica o livro com esse título de Karl Giberson e Mariano Artigas).
Esses oráculos seriam (na selecção de "Oráculos da Ciência") os biólogos Stephen Jay Gould e Richard Dawkins e Edward O. Wilson, e os físicos Carl Sagan, Stephen Hawking e Steven Weinberg.
Os seus livros vendem-se em colecções populares e linguagem acessível, traduziram-se em espanhol, citam-se em blogues "cépticos" ou de "pensamento crítico" e finalmente passam ao vaporoso mundo das "mensagens do Facebook" e as fotos na Internet com citações amplas e evocativas, "oraculares".
Por outro lado, não chegam ao leitor espanhol os autores em língua inglesa que debatem desde uma postura teísta, que em inglês vendem livros, difundem-se e enchem auditórios.
Clássicos que não estão em espanhol
Soler Gil explica-o assim: "Resulta muito difícil de explicar que um livro de tal repercussão nesta controvérsia como é The coherence of Theism de Richard Swinburne, publicado em 1979, não se encontre todavia acessível ao público que fala castelhano. Mais ainda, das obras deste autor, só uma, A existência de Deus, foi traduzida recentemente (2011)... Só um pouco melhor foi o destino no nosso país de autores como John Polkinghorne, graças aos esforços da editoria Sal Terrae (Santander). E muito pior o de autores como William Lane Craig, Robin Collins, Michael Heller ou até o mesmíssimo Alvin Plantinga, para citar somente alguns nomes de uma corrente de pensamento séria, pujante e quase totalmente desconhecida no nosso âmbito cultural."
"O resultado é previsível: nas livrarias o tema da existência de Deus só se apresenta desde o ponto de vista ateu. O estudante de filosofia e, no geral, o leitor culto... Vê-se privado das fontes que lhe permitiriam, junto com as outras, poder reflectir com verdadeira independência sobre o tema. Deste modo, gera-se a falsa impressão de que o debate reflexivo sobre Deus já está fechado e de que o único que subsiste é uma obscura inércia religiosa irracional frente à clareza racional do ateísmo. E é difícil exagerar o potencial de fanatismo laicista que encerra uma abordagem assim", aponta Soler Gil.
P.J.G./ReL
Há não muito, o doutor em Filosofia da Física pela Universidade de Bremen Francisco José Soler Gil assinalava que no debate entre ciência e fé, e o seu debate derivado entre teísmo e ateísmo cientificista, só chegam a Espanha as obras dos grandes divulgadores antiteístas, que se apresentam como "Oráculos da Ciência" (como explica o livro com esse título de Karl Giberson e Mariano Artigas).
Esses oráculos seriam (na selecção de "Oráculos da Ciência") os biólogos Stephen Jay Gould e Richard Dawkins e Edward O. Wilson, e os físicos Carl Sagan, Stephen Hawking e Steven Weinberg.
Os seus livros vendem-se em colecções populares e linguagem acessível, traduziram-se em espanhol, citam-se em blogues "cépticos" ou de "pensamento crítico" e finalmente passam ao vaporoso mundo das "mensagens do Facebook" e as fotos na Internet com citações amplas e evocativas, "oraculares".
Por outro lado, não chegam ao leitor espanhol os autores em língua inglesa que debatem desde uma postura teísta, que em inglês vendem livros, difundem-se e enchem auditórios.
Clássicos que não estão em espanhol
Soler Gil explica-o assim: "Resulta muito difícil de explicar que um livro de tal repercussão nesta controvérsia como é The coherence of Theism de Richard Swinburne, publicado em 1979, não se encontre todavia acessível ao público que fala castelhano. Mais ainda, das obras deste autor, só uma, A existência de Deus, foi traduzida recentemente (2011)... Só um pouco melhor foi o destino no nosso país de autores como John Polkinghorne, graças aos esforços da editoria Sal Terrae (Santander). E muito pior o de autores como William Lane Craig, Robin Collins, Michael Heller ou até o mesmíssimo Alvin Plantinga, para citar somente alguns nomes de uma corrente de pensamento séria, pujante e quase totalmente desconhecida no nosso âmbito cultural."
"O resultado é previsível: nas livrarias o tema da existência de Deus só se apresenta desde o ponto de vista ateu. O estudante de filosofia e, no geral, o leitor culto... Vê-se privado das fontes que lhe permitiriam, junto com as outras, poder reflectir com verdadeira independência sobre o tema. Deste modo, gera-se a falsa impressão de que o debate reflexivo sobre Deus já está fechado e de que o único que subsiste é uma obscura inércia religiosa irracional frente à clareza racional do ateísmo. E é difícil exagerar o potencial de fanatismo laicista que encerra uma abordagem assim", aponta Soler Gil.
Divulgar a ciência, sem a ideologia de Sagan
A divulgação científica é um serviço bom e necessário que deveria chegar a tantos cidadãos como seja possível... E não tem sentido deixá-lo em mãos ideologicamente militantes contra Deus, a Igreja ou a religião, aos documentários de Sagan ou aos livros de Dawkins.
A Igreja encheu o mundo de universidades e de homens de ciência, as crateras da lua tem nomes de cientistas jesuítas...
E sem dúvida muitos catequistas, sacerdotes e professores católicos não são capazes de responder às perguntas básicas dos seus alunos e paroquianos, começando por essa que fazem as crianças aos 9 anos e que a Dawkins lhe parece uma sementeira de ateísmo: "Mamã, o professor de ciência disse-me que viemos do macaco e de uma sopa química, e a professora de religião disse-me que Deus fez Adão e Eva com barro e somos seus descendentes; quem tem razão?"
A divulgação científica é um serviço bom e necessário que deveria chegar a tantos cidadãos como seja possível... E não tem sentido deixá-lo em mãos ideologicamente militantes contra Deus, a Igreja ou a religião, aos documentários de Sagan ou aos livros de Dawkins.
A Igreja encheu o mundo de universidades e de homens de ciência, as crateras da lua tem nomes de cientistas jesuítas...
E sem dúvida muitos catequistas, sacerdotes e professores católicos não são capazes de responder às perguntas básicas dos seus alunos e paroquianos, começando por essa que fazem as crianças aos 9 anos e que a Dawkins lhe parece uma sementeira de ateísmo: "Mamã, o professor de ciência disse-me que viemos do macaco e de uma sopa química, e a professora de religião disse-me que Deus fez Adão e Eva com barro e somos seus descendentes; quem tem razão?"
Um curso online de alta divulgação
Neste panorama, é uma bênção que a Faculdade de Teologia da Catalunha tenha posto em marcha este ano, debaixo do patrocínio do Pontifício Conselho para a Cultura, um curso online de alta divulgação em língua espanhola, aberto a alunos que se liguem desde qualquer parte de Espanha, América Hispânica ou do mundo, para dar a conhecer os frutos dos últimos 30 anos de diálogo ciência-fé, anos muito frutíferos, uma idade dourada inclusive, mas que em âmbitos hispânicos se desconhece, enquanto a hostilidade do "novo ateísmo" cientificista é ubíqua.
Em 2 de Junho de 2014 começa a fase seguinte deste curso.
Para o seu promotor, Emili Marlés, sacerdote da diocese de Terrassa, "os conhecimentos científicos são uma ajuda para louvar a Deus com mais intensidade na sua obra criadora". "As ciências são uma ajuda, não uma dificuldade, para descobrir a beleza e a sabedoria de Deus", acrescenta. Fala com conhecimento de causa, porque é licenciado em física e a sua tese doutoral em teologia especializa-se precisamente no diálogo ciência-teologia.
Um professor físico e poeta
Entre os professores do curso está um "clássico" do debate ciência-fé como é o doutor em física David Jou, que além de mais é católico, poeta, um grande orador e um autor reconhecido pela sua sensibilidade nesta fronteira. "É um estímulo saber mais de ciência, pensar mais sobre a fé, estudar e reflectir, abrir-se ao mundo e a Deus", afirma. E sobre o curso destaca o seu formato acolhedor e acessível, "uma festa do saber e do sentir", ainda que sem renunciar ao rigor.
Outros professores do curso são Armand Puig, Lluc Torcal, Gennaro Auletta, Manuel García Doncel e o veterano divulgador de história da ciência na Igreja, o padre Francesc Nicolau.
Neste panorama, é uma bênção que a Faculdade de Teologia da Catalunha tenha posto em marcha este ano, debaixo do patrocínio do Pontifício Conselho para a Cultura, um curso online de alta divulgação em língua espanhola, aberto a alunos que se liguem desde qualquer parte de Espanha, América Hispânica ou do mundo, para dar a conhecer os frutos dos últimos 30 anos de diálogo ciência-fé, anos muito frutíferos, uma idade dourada inclusive, mas que em âmbitos hispânicos se desconhece, enquanto a hostilidade do "novo ateísmo" cientificista é ubíqua.
Em 2 de Junho de 2014 começa a fase seguinte deste curso.
Para o seu promotor, Emili Marlés, sacerdote da diocese de Terrassa, "os conhecimentos científicos são uma ajuda para louvar a Deus com mais intensidade na sua obra criadora". "As ciências são uma ajuda, não uma dificuldade, para descobrir a beleza e a sabedoria de Deus", acrescenta. Fala com conhecimento de causa, porque é licenciado em física e a sua tese doutoral em teologia especializa-se precisamente no diálogo ciência-teologia.
Um professor físico e poeta
Entre os professores do curso está um "clássico" do debate ciência-fé como é o doutor em física David Jou, que além de mais é católico, poeta, um grande orador e um autor reconhecido pela sua sensibilidade nesta fronteira. "É um estímulo saber mais de ciência, pensar mais sobre a fé, estudar e reflectir, abrir-se ao mundo e a Deus", afirma. E sobre o curso destaca o seu formato acolhedor e acessível, "uma festa do saber e do sentir", ainda que sem renunciar ao rigor.
Outros professores do curso são Armand Puig, Lluc Torcal, Gennaro Auletta, Manuel García Doncel e o veterano divulgador de história da ciência na Igreja, o padre Francesc Nicolau.
Hoje o conflito é ético
Marlés assinala numa entrevista na "Catalunya Cristiana" que o conflito entre ciência e fé tradicionalmente centrou-se em ramificações de dois casos históricos (Galileu e o heliocentrismo; Darwin e o evolucionismo), que com uma adequada leitura da Bíblia (seguindo os princípios da Dei Verbum do Concílio Vaticano II) não tem maior razão de ser.
Nenhum dos grandes temas científicos actuais (relatividade, mecânica quântica, genética...) colocam incompatibilidades com o pensamento cristão. O conflito hoje não é do tipo científico, mas sim ético: como as suas aplicações podem magoar as pessoas. Que o átomo se rompa não faz duvidar da existência de Deus; que com a energia atómica se façam bombas que matem milhões, sim fará duvidar mais de um.
Um curso 100% online e com vídeos
O curso é 100% online. Cada aula oferece um vídeo introdutório, junto com um artigo de e-learning e acesso a leituras, vídeos e podcasts que aprofundam o tema. A aula encerra-se com um autoteste e a participação no fórum de debate.
A matrícula no curso permite diversas modalidades, com e sem tutor, e um acompanhamento específico para professores. "Os nossos alunos não só encontram reflexão, mas também arte, uma estética atractiva, porque queremos explicar o diálogo fé-ciência desde a via da beleza", explica Marlés.
Marlés assinala numa entrevista na "Catalunya Cristiana" que o conflito entre ciência e fé tradicionalmente centrou-se em ramificações de dois casos históricos (Galileu e o heliocentrismo; Darwin e o evolucionismo), que com uma adequada leitura da Bíblia (seguindo os princípios da Dei Verbum do Concílio Vaticano II) não tem maior razão de ser.
Nenhum dos grandes temas científicos actuais (relatividade, mecânica quântica, genética...) colocam incompatibilidades com o pensamento cristão. O conflito hoje não é do tipo científico, mas sim ético: como as suas aplicações podem magoar as pessoas. Que o átomo se rompa não faz duvidar da existência de Deus; que com a energia atómica se façam bombas que matem milhões, sim fará duvidar mais de um.
Um curso 100% online e com vídeos
O curso é 100% online. Cada aula oferece um vídeo introdutório, junto com um artigo de e-learning e acesso a leituras, vídeos e podcasts que aprofundam o tema. A aula encerra-se com um autoteste e a participação no fórum de debate.
A matrícula no curso permite diversas modalidades, com e sem tutor, e um acompanhamento específico para professores. "Os nossos alunos não só encontram reflexão, mas também arte, uma estética atractiva, porque queremos explicar o diálogo fé-ciência desde a via da beleza", explica Marlés.
A Faculdade de Teologia da Catalunha reconhece um curso completo como 6 créditos (144 horas), e a Generalitat da Catalunha o reconhece-o como formação permanente pelo seu convénio com a Faculdade. Todo o projecto conta com o patrocínio do Pontifício Conselho para a Cultura e financiamento da John Templeton Foundation, famosa pelo seu milionário prémio anual a favor do avanço da ciência e o pensamento no âmbito da religião.
Toda a informação sobre o curso e a matricula em:
www.scienceandfaithbcn.com
Toda a informação sobre o curso e a matricula em:
www.scienceandfaithbcn.com
Temas "Science and Faith" deste curso:
- O mundo fez-se em 7 dias ou em 14.000 milhões de anos? Génesis 1 e 2 em debate;
- Galileu e o diálogo Ciência e fé;
- Investigando um cosmos surpreendente. A riqueza da realidade;
- Como a ciência conhece a realidade? O Método Científico;
- A teologia, é um acesso à realidade ou pura mitologia? Teologia e verdade;
- Um diálogo nem sempre fácil: a relação Teologia-Ciência ao longo da história;
- Como foi a evolução cosmológica do nosso universo?
- Teorias da evolução biológica;
- Que quer dizer que Deus criou o mundo? - Teologia clássica da criação;
- Um mundo desenhado por Deus;
- Jesus Cristo, tem algo que ver com a evolução cósmica?
- Um diálogo com a ciência que enriquece a teologia, o novo conceito de «criação evolutiva».
Temas a partir de Outubro de 2014
- A criação como Liber Naturae: criação e revelação;
- Teorias sobre a evolução dos hominídeos;
- A origem da vida humana e o desenvolvimento embrionário.
- Deus interveio na criação do primeiro homem? E na criação de cada homem?
- Num universo em evolução, podemos dizer que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus?
- A clonagem e as células mãe;
- A Igreja e o darwinismo;
- Posso esperar um milagre na minha vida? (teologia dos milagres);
- Antropologia e neurociência;
- Que quer dizer ressuscitar de entre os mortos?
- O fim do nosso universo segundo a Ciência;
- O fim do universo segundo a teologia.
in
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