A relação do Papa com a política, na reflexão do padre Francisco Occhetta, na próxima edição da revista La Civiltà Cattolica, de sábado, 19 de Julho
Roma, 17 de Julho de 2014 (Zenit.org) Nicola Rosetti
Na última edição de " La Civiltà Cattolica", que sairá no
próximo sábado, 19 de Julho, padre Francisco Occhetta se inspirou na
missa que o Papa Francisco celebrou no passado dia 27 de Março para
cerca de 500 parlamentares, para falar sobre a relação que o Pontífice
tem com o mundo da política.
As leituras do dia, tiradas do Livro de Jeremias, Capítulo 7 e
Capítulo 11 do Evangelho de Mateus, destacam, de acordo com a
interpretação do Papa, por um lado, a necessária fidelidade a Deus e à
sua palavra para a obter a prosperidade em um Estado, e do outro, a
obrigação por parte da classe governante de estar perto do povo e
servi-lo, porque sem a lógica do serviço acaba-se descartando o que é
verdadeiro e bom.
De fato, o Papa afirma: “O povo de Deus estava só, e esta classe de
dirigentes, os doutores da lei, os saduceus, os fariseus, estava fechada
nas suas ideias, na sua pastoral, na sua ideologia. E esta classe é
aquela que não escutou a Palavra do Senhor, e para justificar-se fala o
que escutamos no Evangelho: este homem, Jesus, expulsa os demónios pelo
poder de Belzebu (Mt 11,15). "
Durante a homilia o Papa reflectiu no conceito de corrupção, uma
reflexão que tem feito muitas vezes. Explica o padre Occhetta: "A raiz
da corrupção para o Papa é de natureza espiritual, e não moral;
encontra-se no cansaço da transcendência e na pretensão da
auto-suficiência". A corrupção para o papa Francisco "é uma atitude do
coração com relação a um tesouro que o seduz, o acalma e o engana.”
Aqueles que deveriam ser apenas as palavras de um sermão, acabaram se
transformando em uma espécie de "exame de consciência público". As
palavras do pontífice abalaram as mentes e os corações dos parlamentares
que participaram da missa do 27 de Março, os quais reflectiram nas
indicações do Papa. Quarenta e dois destes pensamentos foram recolhidos
no livro italiano “Eletti per servire. Papa Francesco e i Parlamentari italiani”, (Eleitos para servir. Papa Francisco e os parlamentares italianos), editado pelo capelão do Parlamento italiano, Mons. Leuzzi.
De acordo com o jesuíta: "As palavras contidas no livro podem ser
resumidas em três direcções: tornar visível a dimensão da honestidade; o
retorno à sua própria consciência como lugar de discernimento para fazer
escolhas e escrever leis; refletir sobre quais maneiras, formas e
conteúdos o fiel, na política, deva se confrontar com o contexto secular
no qual actua”.
Padre Occhetta conclui o seu artigo com uma reflexão sobre o papel
dos católicos na política, citando as palavras de Mons. Galantino: "O
bipolarismo, assim como tem sido feito no plano institucional e
político, mais tarde, acabou por criar o efeito de duas posições
políticas em busca do voto católico, cada uma fazendo-se mais ou menos
utilmente fiadora de um pacote de valores, mas sem integrar nas próprias
perspectivas a contribuição do personalismo cristão. Faltou um debate
real entre os mesmos católicos e entre eles e as outras culturas sobre
novas questões da democracia: das novas ciências e às suas consequências
práticas às novas emergências sociais”.
De acordo com o religioso, portanto, “a prioridade continua sendo a
capacidade de discernir nos problemas da agenda política aquelas
referências à antropologia cristã que permitem mover a questão do
problema particular - que pode ter soluções políticas e técnicas
diversas, todas compatíveis com a fé - para os processos de
discernimento que trazem à luz as questões sobre o sentido do homem e do
mundo, próprios de uma civilização humana". (Trad.T.S.)
(17 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc.
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