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sexta-feira, 18 de julho de 2014

A influência do Papa Francisco no pensamento político

A relação do Papa com a política, na reflexão do padre Francisco Occhetta, na próxima edição da revista La Civiltà Cattolica, de sábado, 19 de Julho


Roma, 17 de Julho de 2014 (Zenit.org) Nicola Rosetti


Na última edição de " La Civiltà Cattolica", que sairá no próximo sábado, 19 de Julho, padre Francisco Occhetta se inspirou na missa que o Papa Francisco celebrou no passado dia 27 de Março para cerca de 500 parlamentares, para falar sobre a relação que o Pontífice tem com o mundo da política.

As leituras do dia, tiradas do Livro de Jeremias, Capítulo 7 e Capítulo 11 do Evangelho de Mateus, destacam, de acordo com a interpretação do Papa, por um lado, a necessária fidelidade a Deus e à sua palavra para a obter a prosperidade em um Estado, e do outro, a obrigação por parte da classe governante de estar perto do povo e servi-lo, porque sem a lógica do serviço  acaba-se descartando o que é verdadeiro e bom.

De fato, o Papa afirma: “O povo de Deus estava só, e esta classe de dirigentes, os doutores da lei, os saduceus, os fariseus, estava fechada nas suas ideias, na sua pastoral, na sua ideologia. E esta classe é aquela que não escutou a Palavra do Senhor, e para justificar-se fala o que escutamos no Evangelho: este homem, Jesus, expulsa os demónios pelo poder de Belzebu (Mt 11,15). "

Durante a homilia o Papa reflectiu no conceito de corrupção, uma reflexão que tem feito muitas vezes. Explica o padre Occhetta: "A raiz da corrupção para o Papa é de natureza espiritual, e não moral; encontra-se no cansaço da transcendência e na pretensão da auto-suficiência". A corrupção para o papa Francisco "é uma atitude do coração com relação a um tesouro que o seduz, o acalma e o engana.”

Aqueles que deveriam ser apenas as palavras de um sermão, acabaram se transformando em uma espécie de "exame de consciência público". As palavras do pontífice abalaram as mentes e os corações dos parlamentares que participaram da missa do 27 de Março, os quais reflectiram nas indicações do Papa. Quarenta e dois destes pensamentos foram recolhidos no livro italiano “Eletti per servire. Papa Francesco e i Parlamentari italiani”, (Eleitos para servir. Papa Francisco e os parlamentares italianos), editado pelo capelão do Parlamento italiano, Mons. Leuzzi.

De acordo com o jesuíta: "As palavras contidas no livro podem ser resumidas em três direcções: tornar visível a dimensão da honestidade; o retorno à sua própria consciência como lugar de discernimento para fazer escolhas e escrever leis; refletir sobre quais maneiras, formas e conteúdos o fiel, na política, deva se confrontar com o contexto secular no qual actua”.

Padre Occhetta conclui o seu artigo com uma reflexão sobre o papel dos católicos na política, citando as palavras de Mons. Galantino: "O bipolarismo, assim como tem sido feito no plano institucional e político, mais tarde, acabou por criar o efeito de duas posições políticas em busca do voto católico, cada uma fazendo-se mais ou menos utilmente fiadora de um pacote de valores, mas sem integrar nas próprias perspectivas a contribuição do personalismo cristão. Faltou um debate real entre os mesmos católicos e entre eles e as outras culturas sobre novas questões da democracia: das novas ciências e às suas consequências práticas às novas emergências sociais”.

De acordo com o religioso, portanto, “a prioridade continua sendo a capacidade de discernir nos problemas da agenda política aquelas referências à antropologia cristã que permitem mover a questão do problema particular - que pode ter soluções políticas e técnicas diversas, todas compatíveis com a fé - para os processos de discernimento que trazem à luz as questões sobre o sentido do homem e do mundo, próprios de uma civilização humana". (Trad.T.S.)


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