Embaixada dos EUA junto à Santa Sé organiza evento que celebra o primeiro dia mundial de luta contra essa tragédia
Roma, 01 de Agosto de 2014 (Zenit.org)
O chamamento a combater o tráfico humano ecoou novamente no Vaticano esta semana.
Instando os participantes a intensificarem a luta e apoiar os
sobreviventes do tráfico, o Vaticano realizou uma conferência através de
vídeo, na última terça-feira, para recordar o primeiro Dia Mundial de
Combate ao Tráfico de Pessoas, em 30 de Julho, conforme informações da
Rádio Vaticano.
O embaixador dos Estados Unidos, Luis de Baca, que monitoriza a prática
de tráfico humano no mundo, participou do evento organizado pela
Pontifícia Academia das Ciências em conjunto com a Embaixada dos EUA
perante a Santa Sé e com a Rede Global de Liberdade, que é uma
associação ecuménica.
Do seu escritório em Washington, o embaixador apresentou o recente
relatório norte-americano sobre tráfico de pessoas, destacando a saga
das vítimas que conseguem se libertar do tráfico e se tornam
“sobreviventes”.
O relatório, que acompanha o progresso da luta contra essa tragédia
em 188 países, se concentra no paradigma triplo de "prevenção, protecção e
repressão", além de incluir histórias pessoais de homens, mulheres e
crianças que escaparam da escravidão e agora estão ajudando a combater
os traficantes.
O tráfico de pessoas afecta praticamente toda a comunidade global,
trate-se de crianças-soldados na África, de exploração de imigrantes nos
Estados Unidos, de tráfico sexual no Oriente Médio ou na Europa do
Leste, de trabalho infantil no Sudeste Asiático, de comércio de órgãos
na América Central. Em recentes conferências sobre o tema organizadas
pelo Vaticano, o papa Francisco se encontrou pessoalmente com um grupo
de vítimas.
O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, que visitou o papa
em Roma em 9 de maio, destacou em um comunicado a necessidade de cortar
o financiamento dos traficantes e de combater as causas do tráfico de
seres humanos, como a pobreza, a desigualdade e a ignorância.
Conversando com jornalistas sobre os milhões de pessoas ainda vítimas
deste crime, o embaixador De Baca disse que houve uma mudança
importante na forma como o tráfico é definido: "O tráfico era definido
como o deslocamento de pessoas através de fronteiras internacionais...
Isso excluía a escravidão hereditária na Mauritânia, no Mali e em outras
partes da África Ocidental".
Embora vários países tenham criado novas leis de combate ao tráfico
humano, o embaixador admitiu ainda não há vontade política suficiente
para enfrentar as formas mais ocultas deste fenómeno generalizado.
Para ilustrar, ele disse: “O que nós vemos em todo o mundo é que os
governos sempre tentam reclassificar as coisas. Eles procuram garantir
que não seja definido como tráfico de seres humanos o uso de mão de obra
explorada na sua indústria da pesca, na sua indústria de óleo vegetal,
na sua indústria de carvão vegetal, na busca de amas ou de pessoas que
venham construir os seus estádios para os próximos eventos desportivos...”.
De Baca aplaudiu, porém, o importante papel que a Igreja tem
desempenhado na definição do tráfico como um crime contra a humanidade,
trazendo-o mais para o centro da agenda pública. Mesmo assim, o
embaixador ressaltou que a colaboração com quem enfrenta o problema deve
continuar, porque as estratégias eficazes de prevenção têm importância
crítica.
Apesar de algumas reformas ocorrerem depois de cada nova tragédia, há
necessidade de uma mudança maior e sistémica, sem a qual, segundo De
Baca, os objectivos não serão alcançados.
(01 de Agosto de 2014) © Innovative Media Inc.
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