O que está acontecendo no Oriente Médio é pior do que o que temos assistido durante as guerras mundiais
Roma, 04 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Fadi Sotgiu Rahi, C.SS.R.
As notícias dos telejornais, da imprensa e da internet em
todo o mundo, ultimamente, são todas dedicadas às acções desumanas,
imorais e brutais do Estado Islâmico da Grande Síria e do Iraque (EIIL).
Por mais de três meses, o massacre, a perseguição, a deportação e
os sequestros dos cristãos sírios e iraquianos são as prioridades dos
extremistas islâmicos sunitas jihadistas, que estão dominando algumas
regiões do Levante, anunciando o nascimento de um novo califado
islâmico.
Diante de tanto sangue que flui no Iraque, no panorama das cidades
mais antigas do cristianismo já esvaziadas, diante de milhares de
refugiados que fogem diariamente das suas terras, diante das fotos de
crianças e idosos abandonados, diante dos bombardeamentos das igrejas e das
mesquitas mais antigas e diante do número ilimitado de mártires cristãos
durante estes últimos meses, a maior parte das nações do mundo
permaneceu em silêncio total olhando para o que acontece no Oriente
Médio deixando só alguns breves comentários. Algo muito triste...
O novo califado do estado islâmico Abu Bakr al-Baghdadi é seguido por
mais de vinte mil muçulmanos sunitas na Síria e no Iraque publicamente;
enquanto no Líbano ainda é secretamente seguido. Os membros do EIIL
aumentam e continuam nas suas acções sem nenhuma misericórdia convertendo
todos à força ao Islão, com o grito: Allahu Akbar (Deus é grande), e
considerando os não-muçulmanos Cuffar (incrédulos).
No entanto, o cenário de perseguição aos cristãos, de acordo com
EIIL, não é só o Levante. Eles consideram todo o Ocidente um mundo
cristão; portanto, não fazem distinção entre o Oriente e Ocidente; já
alguns deles começavam a anunciar a conversão ao Islão em alguns países
ocidentais.
Em 20 de Agosto deste ano, então, ocorreu a decapitação do jornalista
americano James Foley, 40, no Iraque, que foi sequestrado no final de
2012, na Síria. Enquanto isso, a posição dos Estados Unidos e da
Grã-Bretanha para o EIIL mudou, e ambos anunciaram o estado de alerta
máximo por temor de um atentado nos seus territórios. O presidente Obama
ordenou bombardear os postos dos salafistas jihadistas no Iraque, sem
enviar soldados ao território.
Durante o mês de Agosto, a presença dos membros pertencentes a este
Estado ou os seus "simpatizantes" em vários países, começaram a aparecer
publicamente na Europa e em outros lugares, demonstrando e carregando a
bandeira do novo Estado auto-proclamado independente. Na Haia, Holanda,
mais de 500 pessoas manifestaram livremente para apoiar o Estado
islâmico no Levante, sem nenhuma reacção por parte do Estado que queria
"respeitar a liberdade de expressão".
Em Colónia, Alemanha, por outro lado, cerca de setenta muçulmanos
também manifestaram com esse objectivo, mas depois de um confronto com a
polícia quase todos foram presos. Duas semanas depois, em Londres,
centenas de muçulmanos bloqueavam e percorriam as ruas da cidade com a
bandeira do EIIL e a foto do califa.
Tais manifestações públicas que apoiam o estado islâmico, junto com a
descoberta de tantos europeus que lutam com os terroristas na Síria e
no Iraque, causaram uma forte movida da consciência colectiva e,
especialmente, na de alguns líderes civis na Europa, que perceberam o
perigo em andamento. Precisamente por esta razão, o primeiro-ministro
dos Países Baixos decidiu, em 25 de Agosto, retirar a nacionalidade
holandesa de todos aqueles que estão lutando no Iraque e na Síria, bem
como daqueles que pertencem a esses movimentos terroristas. A mesma
decisão foi tomada pelo presidente da Argentina.
O EIIL, por sua vez, já está tentando desenvolver a sua presença em
outras nações árabes, penetrando no Líbano. Os soldados libaneses,
porém, defendem bem as suas fronteiras, especialmente depois do
confronto com mais de 6.000 terroristas que tentaram entrar pelas
montanhas sírias para dominar o país Erssal no norte da Bekaa. Mais de
vinte heróis militares morreram no conflito, centenas de soldados e
civis feridos, a maior parte dos habitantes emigraram.
O que está acontecendo no Oriente Médio é pior do que o que temos
assistido durante as guerras mundiais. Por isso, tem razão o Papa
Francisco quando diz que já começou uma "terceira guerra mundial". A
visita conjunta dos quatro Patriarcas das Igrejas Orientais, em Arbil no
norte do Iraque, também foi um sinal de confirmação da unidade das
Igrejas ao redor dos cristãos perseguidos, cujo rosto reflecte o de Jesus
sofredor no Calvário.
A crise é enorme, as forças são fracas e as grandes nações não se
interessam pelo povo que sofre. A Igreja ajuda a abrir as portas das
casas de Deus como lugar de acolhimento para os refugiados. O mundo, no
entanto, está lá para assistir de braços cruzados.
(04 de Setembro de 2014) © Innovative Media Inc.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário