1. Convivência na diferença
A diferença incomoda muita gente. Ao longo da história da humanidade tem havido muitas guerras e discórdias por causa das diferenças entre pessoas, raças, cores, sistemas políticos e ideológicos, religiões, etc., para não mencionar a ambição do poder, do domínio e do ter. No domingo passado o Papa Francisco visitou um pequeno país onde prima a diferença em todos os sentidos, mas as pessoas vivem em paz, procuram o consenso em vista do bem comum. Estou-me a referir à Albânia, um país pequeno, com a superfície do Alentejo, mas montanhoso, onde católicos, muçulmanos, ortododoxos e ateus convivem pacificamente. No mesmo dia realizou-se um referendo na Escócia sobre a independência ou não em relação ao Reino Unido. E na Catalunha continua acesa a discussão sobre a sua separação da Espanha, na Madeira há vozes de maior autonomia em relação ao Continente, para não falar dos horrores perpetrados pelos que querem construir um estado islâmico, só de fiéis do Islão.
Enquanto o movimento da construção de uma comunidade europeia alargada, democrática, forte, com igualdade de direitos e deveres de todos os cidadãos parecia irreversível, surgem outras tendências que parecem contrárias à primeira, nascida dos escombros da segunda guerra mundial, para que isso nunca mais acontecesse.
A diferença incomoda muita gente. Ao longo da história da humanidade tem havido muitas guerras e discórdias por causa das diferenças entre pessoas, raças, cores, sistemas políticos e ideológicos, religiões, etc., para não mencionar a ambição do poder, do domínio e do ter. No domingo passado o Papa Francisco visitou um pequeno país onde prima a diferença em todos os sentidos, mas as pessoas vivem em paz, procuram o consenso em vista do bem comum. Estou-me a referir à Albânia, um país pequeno, com a superfície do Alentejo, mas montanhoso, onde católicos, muçulmanos, ortododoxos e ateus convivem pacificamente. No mesmo dia realizou-se um referendo na Escócia sobre a independência ou não em relação ao Reino Unido. E na Catalunha continua acesa a discussão sobre a sua separação da Espanha, na Madeira há vozes de maior autonomia em relação ao Continente, para não falar dos horrores perpetrados pelos que querem construir um estado islâmico, só de fiéis do Islão.
Enquanto o movimento da construção de uma comunidade europeia alargada, democrática, forte, com igualdade de direitos e deveres de todos os cidadãos parecia irreversível, surgem outras tendências que parecem contrárias à primeira, nascida dos escombros da segunda guerra mundial, para que isso nunca mais acontecesse.
Como interpretar estes novos acontecimentos? Serão ou não obstáculo à construção da comunidade europeia? Serão manifestações de egoísmo nacionalista ou compatíveis com um futuro de paz na Europa? Vão acentuar-se as desigualdades entre países e regiões ricas e pobres ou serão factores de progresso e crescimento para todos? Estas e muitas outras interrogações vêem à nossa mente, para as quais não encontramos respostas, mas não podemos cruzar os braços como espectadores impassíveis.
Neste ambiente de tendências contraditórias é importante apontar algum bom exemplo. Olhando para a Albânia, para o seu povo, pobre, jovem, unido apesar das diferenças étnicas e religiosas, sentimos que não é a riqueza nem a diversidade a causa da coesão desse povo. Depois de uma longa ditadura do comunismo ateu militante, com muitos mártires da fé e das convicções democráticas, o povo albanês descobriu o valor da liberdade e da fraternidade, vivendo a sua identidade étnica e religiosa no respeito pela diversidade dos credos de cada um. O ter e o poder afastam as pessoas umas das outras e criam invejas, rivalidades e desigualdades.
Este modelo de convivência pacífica na diferença e no respeito pelas convicções e credos de cada pessoa, famílias e comunidades, poderá ajudar-nos a construir uma Europa das pessoas e povos diferentes, mas iguais na dignidade da pessoa humana.
2. Construção de comunidades abertas
Estamos a arrancar um novo ano pastoral na diocese de Beja. As escolas já abriram as portas, embora ainda com muitas falhas na colocação de professores e no encerramento de escolas com menos de 21 alunos nas aldeias. Também os tribunais se tornaram mais distantes e não apenas pela avaria no sistema informático. Espero que na vida da igreja diocesana não aconteça o mesmo, embora saiba que também temos muitas fragilidades. No entanto temos os meios da medicina espiritual ao nosso alcance: a participação de todos os baptizados na construção das nossas comunidades locais, com o tempo e as capacidades de que estamos dotados; a compreensão, atenção e reconciliação entre todos os membros desta igreja e sobretudo a abertura àqueles que fazem parte do nosso meio, aldeias e cidades, mas não frequentam directamente os nossos locais de culto.
Como conseguir criar comunidades fraternas e atentas a todos os que vivem ao nosso lado? Aqui reside a criatividade pastoral, não apenas do clero, mas de todos os colaboradores na missão. Como convocamos e convidamos as pessoas para esta missão, seja para os conselhos económicos e pastorais das paróquias, seja para as direcções dos centros sociais, seja para a formação de crianças e adultos, seja para os diferentes ministérios na celebração da fé (leitores, cantores, acólitos, ministros extraordinários da comunhão, pessoas para o acolhimento, visitadores de doentes e pobres), etc? Os métodos podem ser diferentes, mas se não atingimos os objectivos pretendidos, temos de ver onde falhamos e talvez mudar. Não empurrar as dificuldades para os outros, mas estar conscientes de que o maior obstáculo pode estar em nós mesmos. Este é o caminho para a mudança, partindo duma revisão de vida em que impera a criatividade da caridade.
Outros passos teremos de dar para construir pelo menos núcleos, que são fermento de comunidades fraternas, abertas e inclusivas ao modo de Jesus Cristo, que disse: minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.
Sobre isso poderemos reflectir noutra altura, agradecendo sugestões, para as partilhar em benefício de todos.
† António Vitalino, Bispo de Beja
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