Meditando sobre a Carta de São Paulo aos Coríntios, o Papa Francisco, em Santa Marta, identifica uma "resistência à identidade cristã"
Roma, 19 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Luca Marcolivio
A ressurreição é a verdadeira realização da vida cristã, mas
não é um conceito óbvio, nem fácil de aceitar. Confirmam as pregações
de São Paulo, comprometido a fazer uma "correcção difícil" sobre esta
questão com a comunidade de Corinto (1 Cor 15,12-68).
Durante a homilia desta manhã em Santa Marta, meditando sobre o
fundamento da epístola paulina, o Papa Francisco explicou o verdadeiro objecto da controvérsia: os corintos acreditam, sim, na ressurreição de
Cristo, mas tinham dúvidas sobre a própria ressurreição: "Eles – disse
Francisco – pensavam de outra forma: sim, os mortos são justificados,
não irão para o inferno - muito bonito! - mas irão um pouco no cosmos,
no ar, ali, a alma diante de Deus, somente a alma”.
Também São Pedro e Santa Maria Madalena tiveram dúvidas; Pedro achava
que o corpo do Mestre havia sido "roubado" do Sepulcro. No final, “eles
aceitaram a ressurreição porque O viram”.
A ressurreição, portanto, é um "escândalo", em especial, para os
sábios e filósofos de Atenas. “Há resistência à transformação, a
resistência para que a obra do Espírito que recebemos no Baptismo nos
transforme até o final, à Ressurreição”, destacou o Papa.
Falando sobre isso, também nós contemporâneos costumamos dizer: "eu
quero ir para o Céu, não quero ir para o inferno. 'Mas é bem mais
difícil dizer: “Eu ressuscitarei como Cristo’”. Conceito “difícil de
entender”; é mais fácil – disse o Papa - pensar em um panteísmo
cósmico”.
Com a Ressurreição, ele continuou, "nosso corpo será transformado",
mas a "resistência à transformação do nosso corpo", revoca "resistência à
identidade cristã". Este medo chega a ser maior do que o “pavor do
Maligno do Apocalipse, do Anticristo”(...) “da voz do Arcanjo ou do som
da tromba”. Mas pavor de nossa ressurreição: “todos seremos
transformados. Será o fim de nosso percurso cristão, essa
transformação”.
A tentação de não crer na ressurreição dos mortos, continuou o Papa,
nasceu nos "primeiros dias da Igreja". Paulo, a fim de consolar e
encorajar os tessalonicenses, disse: "No fim, estaremos com Ele". (Cf.Ts
1,14).
A Ressurreição significa "estar com o Senhor [...] com o nosso corpo e
nossa alma"; começa aqui, se "caminhamos com o Senhor". Se estivermos
habituados a estar com Ele "este pavor da transformação do nosso corpo
se afasta", disse Francisco.
O momento da Ressurreição "será como um despertar", onde poderemos
ver o Senhor "não espiritualmente", mas “com o meu corpo" e com os “meus
olhos transformados".
Por sua vez, a "identidade cristã" não termina com um "triunfo
temporal" ou com uma "bela missão", mas "com a Ressurreição de nossos
corpos."
Por fim nos "saciarmos com a visão do Senhor". Toda a nossa vida é
chamada a estar com o Senhor, para finalmente "depois da voz do arcanjo,
depois do som da trombeta, permanecer com o Senhor”, concluiu o Papa
Francisco.
(19 de Setembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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