Entrevista com Mons. Celli. No Sínodo da Família será o tema das redes sociais. E a mensagem da JM das Comunicações Sociais será comunicação e família
Roma, 29 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
A questão da comunicação entrará plenamente no sínodo da
família, será de grande importância, e a vemos na mensagem para o Dia
Mundial das Comunicações Sociais, publicado nessa segunda-feira, disse o
presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, o
arcebispo Claudio Maria Celli.
Disse também que as redes sociais não são apenas um instrumento,
mas também um ambiente onde as pessoas moram e trabalham. Recordou que o
papa Francisco convidou os católicos a estarem nelas e que é preciso,
mais do que mensagens religiosas, colocar o próprio testemunho. Isso
pode aproximar muita gente da Igreja, embora seja necessário, depois,
aproximar estas pessoas fisicamente da comunidade cristã onde se recebe
os sacramentos.
ZENIT: Excelência, acabam de ser realizados dois congressos sobre comunicação com bispos. Por quê?
- Mons. Celli: Estes seminários fazem parte do diálogo colaborativo
que há entre o Pontifício Conselho das Comunicações e o CELAM. Esta
iniciativa de realizar seminários para bispos começou há algum tempo. Já
fizemos dois no Brasil no ano passado, e um na Argentina para os Bispos
do Cone Sul; outro em Cuba. Este ano, no entanto, fizemos um na
Bolívia, Cochabamba, para os bispos do Peru e Bolívia. O segundo segunda
foi em Bogotá para os bispos da Colômbia, Equador e Venezuela. Em
Novembro vamos fazer um no México com toda a Conferência Episcopal. E
também em Novembro estaremos em Manágua, com todos os bispos da América
Central e do Caribe.
ZENIT: Qual é o problema de fundo?
- Mons. Celli: É ajudar os bispos a entender o que está acontecendo
no mundo da comunicação, e entender que as tecnologias de comunicação
actuais não são apenas instrumentos, mas oportunidades que criam um novo
ambiente existencial. E esta é a grande descoberta. Não um instrumento a
mais na mão, mas que essas tecnologias são um ambiente de vida onde os
homens trabalham e vivem. Por exemplo, hoje em dia um jovenzinho europeu
passa de 3 a 5 horas no computador. E este ambiente de vida é uma rede,
e também as redes sociais.
Então, o nosso problema é ajudar os bispos a entender que a
comunicação hoje em dia não é mais apenas uma ferramenta, como ter um
rádio, uma TV ou um jornal. Mas ver como as novas tecnologias criam
desafios e oportunidades para a Igreja anunciar o Evangelho.
ZENIT: E, como os católicos devem relacionar-se com as redes sociais?
- Mons. Celli: O Papa Francisco diz claramente: não tenha medo de
entrar nas redes sociais. É verdade, não é um convite ingénuo, embora o
Papa conheça perfeitamente os limites e perigos das redes sociais. Mas,
diz: estejam presentes e dêem testemunho. E de forma muito simpática
fala que não se trata de bombardear as redes sociais de mensagens
religiosas. Não fazer proselitismo, mas dar testemunho. Por isso, as
pessoas têm que dar testemunho dos valores em que acreditam, com a
própria presença, com os próprios juízos, com os próprios valores, com a
sua avaliação das coisas. É verdade que muitas pessoas conhecerão Jesus
Cristo nas redes sociais. Porque muitos homens e mulheres de hoje nunca
colocaram o pé em uma igreja, mas poderão encontrar o Senhor nas redes
sociais. Isso é um desafio.
ZENIT: Então, dar testemunho, não é mesmo?
- Mons. Celli: Um leigo, por exemplo, pode expressar o seu juízo,
avaliações sobre a vida de hoje, sobre um evento, uma notícia, sobre
como ele reage diante da vida. Porque já Paulo VI dizia: "O mundo de
hoje acredita mais nas testemunhas do que nos mestres. E se acredita no
Mestre é porque Jesus é testemunho. Há uma frase muito bela que usava o
papa Bento XVI e que Francisco retomou: ‘A Igreja cresce por atracção,
não por proselitismo’ e, por exemplo, é necessário fazer presente o
próprio testemunho, os próprios sentimentos. O Papa pede para ser
autênticos e dar valor aos valores.
ZENIT: E os sítios que fazem o anúncio formal?
- Mons. Celli: Sim, também estão as que fazem um anúncio formal.
Conheci pessoas, por exemplo, em um congresso que tinha conhecido o
Senhor visitando um sítio web monástico, e disse em público que ‘se hoje
recuperei a fé foi graças a esse sítio’. Mas, não temos que virar
pregadores ambulantes, não devemos bombardear com as mensagens
religiosas. Contrariamente seria suficiente ter um computador e enviar
uma frase do evangelho de tempo em tempo. Não é isso, mas o testemunho
dado com o próprio exemplo e estilo de vida.
ZENIT: É suficiente o ambiente digital?
- Mons. Celli: Segunda coisa importante: não posso me tornar um
discípulo do Senhor só na internet. Devo ter uma comunidade específica
que me acolha. Não posso imaginar que minha vida cristã só esteja ligada
à Internet. Posso começar a conhecer, a entender, posso abrir cenários
em minha mente e coração, mas depois preciso encontrar uma comunidade
concreta com a qual caminhar. Basta pensar nos sacramentos, não posso
obtê-los pela internet.
ZENIT: Então, como ir do digital para uma comunidade real?
- Mons. Celli: E aqui é necessário encontrar pessoas que me ajudem a
fazer esta passagem da internet para a comunidade real. Por exemplo
convidar aos próprios encontros na comunidade. Este é o grande desafio.
ZENIT: No sínodo da família, seu dicastério vai dizer algo sobre a família e comunicação?
- Mons. Celli: Não podemos ter uma visão reducionista do sínodo, que
também tocará o tema do evangelho da família. E posso antecipar-lhe que o
próximo tema das Jornadas Mundiais da Comunicação Social será
comunicação e família. O papa quer que o tema da comunicação entre no
tema da família. Tendo dois sínodos pela frente, o de Outubro e o de
2015, é inegável que o tema da família será fundamental. Já verá o tema,
que será publicado na próxima segunda-feira. O tema da mensagem será
publicado no do dia da festa dos Arcanjos. (Entrevista original em
Espanhol, 27-09-2014)
(29 de Setembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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