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terça-feira, 23 de setembro de 2014

O cardeal Muller recebe o superior dos lefebvrianos

Encontro durou duas horas e determinou a gradual superação das controvérsias a fim de permitir a volta da plena comunhão do grupo com a Igreja


Cidade do Vaticano, 23 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García


O cardeal prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard L. Müller, se reuniu nesta manhã, durante duas horas, com dom Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, grupo tradicionalista fundado por dom Lefebvre.

Participaram do encontro dom Luis Ladaria, SJ, secretário da mesma Congregação, dom Agostino Di Noia, OP, secretário adjunto, e dom Guido Pozzo, secretário da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, além dos assistentes da Fraternidade Nikolas Pfluger e Alain-Marc Nély. A comissão Ecclesia Dei foi criada em 1988 por João Paulo II precisamente para favorecer o regresso à Igreja católica de todos os indivíduos unidos à comunidade "lefebvriana".

O porta-voz do Vaticano, pe. Federico Lombardi, informa que "durante o encontro foram examinado alguns problemas de tipo doutrinal e canónico e determinou-se proceder gradualmente e dentro de um tempo razoável para superar as dificuldades e alcançar a desejada reconciliação plena".

“Depois de um longo período sem encontros”, disse Lombardi, “o de hoje marcou a retomada do contacto de forma serena, mostrando a boa intenção de se continuar em perspectiva positiva”.

O encontro de hoje foi o primeiro desde a nomeação do cardeal Müller como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Em 21 de Janeiro de 2009, mediante decreto pontifício, a Santa Sé levantou a excomunhão imposta aos quatro bispos lefebvrianos que tinham sido consagrados validamente, mas não legitimamente, já que a sua ordenação desobedecia à proibição da Santa Sé.

"Uma ordenação episcopal sem o mandado pontifício significa o perigo de um cisma, por questionar a unidade do colégio episcopal com o papa. Assim, a Igreja deve reagir com a sanção mais dura, a excomunhão, com o fim de chamar as pessoas sancionadas ao arrependimento e à volta à unidade", escreveu Bento XVI, em 12 de Março de 2009, na carta aos bispos da Igreja católica.

Na mesma carta, Bento XVI explicou que, "até que as questões relativas à doutrina sejam esclarecidas, a Fraternidade não tem nenhum estado canónico na Igreja, e, embora tenham sido liberados da sanção eclesiástica, os seus ministros não exercem legitimamente ministério algum na Igreja".

Em Julho de 2011, em um de seus últimos actos no cargo, o predecessor do actual prefeito, cardeal Levada, entregou ao superior da Fraternidade um texto com um Preâmbulo Doutrinal preparado pela Congregação e aprovado pelo papa Bento XVI. O texto, necessário para a continuidade do processo que levaria a Fraternidade à regularização da sua posição no seio da Igreja católica, não foi assinado por dom Fellay.

Em setembro de 2011, um comunicado assinado pelo secretário geral da Fraternidade, Christian Thouvenot, explicava que o documento não tinha sido assinado porque era "claramente inaceitável".

O último episódio oficial de encontro entre representantes da Fraternidade e representantes da Igreja católica ocorreu alguns meses atrás, ao término de um jantar na Casa Santa Marta. Foi uma breve saudação entre dom Fellay e o papa Francisco.

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