Na catedral, antes de rezar as vésperas, o Santo Padre abraça um sacerdote diocesano e uma freira estigmatina, ambos já idosos, sobreviventes do ódio contra a fé
Roma, 22 de Setembro de 2014 (Zenit.org)
Depois da visita à Universidade de Nossa Senhora do Bom
Conselho, o Santo Padre se dirigiu à catedral de São Paulo, em Tirana,
para celebrar as vésperas com os sacerdotes, religiosas, seminaristas e
membros dos diversos movimentos leigos presentes na Albânia.
O arcebispo de Tirana, dom Rrok K. Mirdita, dedicou algumas
palavras ao papa, depois das quais foram ouvidos o testemunho de um
sacerdote e de uma religiosa, ambos idosos, que narraram a perseguição
sofrida pelo regime comunista.
O padre Ernesto Simoni, sacerdote diocesano de 84 anos, se voltou aos
ouvintes presentes e recordou que, com a chegada do partido comunista
ao poder, começaram a ser presos e assassinados vários sacerdotes, que
morreram clamando “Viva Cristo Rei!”. Seus superiores diocesanos foram
fuzilados, exemplificou.
Simoni acrescentou que, depois de 8 anos de sacerdócio, o governo o
descobriu, prendeu e levou para uma cadeia em que os detidos viviam em
situação desumana. Nesse presídio, ele era torturado e lhe diziam: “Você
apanha porque anuncia Jesus Cristo”, a quem queriam que ele renegasse.
Quando estava prestes a morrer, o padre foi libertado.
O sacerdote lembrou também de quando, no cárcere, enviaram um falso
preso para o fazer falar contra o comunismo e assim poder condená-lo.
Ele passou dezoito anos preso. Na cela, tinha escrito: “Minha vida é
Jesus”. Algum tempo depois da prisão, teve que fazer trabalhos forçados.
Depois da queda do comunismo e do retorno da liberdade religiosa, o
padre Ernesto Simoni voltou a trabalhar como pároco. Até hoje, ele
atende 118 povoados.
Maria Caleta, religiosa estigmatina, contou que o seu pároco ficou
preso durante oito anos e, ao ser solto quando já estava morrendo, não
encontrou mais a sua paróquia. Ela tinha simplesmente deixado de
existir. Hoje, o pároco está em processo de canonização.
A irmã Maria tinha passado sete anos na congregação das estigmatinas,
até que os comunistas fecharam a comunidade e dispersaram as
religiosas. Junto com outras pessoas, ela tentou manter a fé. “Às vezes
eu ficava em dúvida se não estavam me espionando, mas continuava
transmitindo a fé mesmo assim”, relatou.
Para ela também veio o tempo dos trabalhos forçados. Certo dia, na
rua, uma mãe, pertencente a uma família comunista, lhe pediu que baptizasse o seu filho. A irmã temia que fosse uma armadilha, mas pegou
água na própria rua e baptizou a criança. A freira falou ainda do desejo
que sentia de ir à missa e receber os sacramentos, então proibidos.
Hoje, declarou, quando pensa no passado, ela “se assombra por ter
conseguido fazer o pouco que fez”.
(22 de Setembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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