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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Papa: Remar na Barca de Pedro, também com o vento contrário

O Santo Padre presidiu a liturgia de acção de graças do 200º aniversário da restauração da Companhia de Jesus


Roma, 29 de Setembro de 2014 (Zenit.org)


O papa Francisco presidiu na tarde deste sábado, 27 de setembro, na Igreja do Santíssimo nome de Jesus, em Roma, a liturgia de acção de graças pelo 200º aniversário da restauração da Companhia de Jesus na Igreja universal. A reintegração foi autorizada pelo Papa Pio VII com a bula ‘Sollicitudo omnium ecclesiarum' do 7 de Agosto de 1814. E em um 27 de setembro como hoje, mas de 1540, foi quando o Papa Paulo III aprovou pela primeira vez a Companhia".

No altar-mor da igreja 'Del Gesu' tinha sido colocada a imagem da "Madonna della Strada" (Nossa Senhora do caminho), à qual os jesuítas rezavam desde o início da Companhia, e as lâmpadas e bandeiras lembrando os cinco continentes.

Em suas palavras, o Papa Francisco recordou que "a Companhia que leva o nome de Jesus viveu tempos difíceis de perseguição" durante os quais "os inimigos da Igreja foram capazes de obter a supressão da Companhia pelo meu predecessor, Clemente XIV".

"Hoje, recordando a sua reconstituição – indicou o Santo Padre – somos chamados a recuperar a nossa memória, trazendo à memória os benefícios recebidos e os dons particulares."

E elogiou o então Geral da Companhia, o Padre Ricci, que ante as tentações "não se deixou enrolar" e propôs aos jesuítas em tempos de tribulação, “uma visão das coisas que os enraizava ainda mais na espiritualidade da Companhia”. Considerou que esta atitude levou os jesuítas a ter experiência da morte e ressurreição do Senhor, mesmo “diante da perda de tudo, até mesmo da sua identidade pública”.

"A Companhia – e isso é bonito, acrescentou o Papa – viveu o conflito até o fim, sem reduzi-lo: viveu a humilhação de Cristo humilhado, obedeceu". O fez sem buscar salvar-se, graças a “um compromisso fácil”, porque não se devem praticar “fáceis irenismos”. Por isso, o pe. Ricci, “privilegiou a história com relação a uma possível pequena cinza, sabendo que o amor julga a história, e que a esperança, mesmo na escuridão, é maior do que as nossas expectativas".

E o padre Ricci não se defende sentindo-se “uma vítima da história, mas pecador”. Porque “reconhecer-se pecador, evita colocar-se na condição de considerar-se vítima diante de um carrasco".

O Papa percorreu as principais etapas da perseguição: em 1759 os decretos do Marquês de Pombal que a destruiu em Portugal; em 1761 a tempestade que avançava na França; em 1760 a expulsão da Espanha; e em 1773 a assinatura do fechamento com o breve Dominus ac Redemptor. O geral disse que o importante para a Companhia era “ser fiel até o fim, fiel ao espírito da sua vocação, que é a maior glória de deus e a salvação das almas" e exortou a manter vivo o espírito de caridade, de união, de obediência, de paciência, de simplicidade evangélica, de verdadeira amizade com Deus. Todo o resto é mundanismo.

Francisco convidou a recordar a história de sua ordem religiosa, à qual "foi dada a graça não só de crer no Senhor, mas também de sofrer por ele".

E assim como a barca da Companhia foi sacudida pelas ondas, também a barca de Pedro pode ser hoje. Porque “a noite e o poder das trevas estão sempre próximos”. E convidou os jesuítas a remar, “Remem, sejam fortes, também com o vento contrário. Rememos ao serviço da Igreja, rememos juntos! Porque “também o Papa rema na barca de Pedro”. Convidou, por tanto, a rezar “Senhor, salvai-nos; Senhor, salva o seu povo”.

Recordou também que quando a Companhia foi reconstituída, se colocou à disposição da Santa Sé, e voltou à sua actividade com a pregação e o ensinamento dos ministérios espirituais, a investigação científica, a acção social, as missões e a atenção dos povos, dos que sofrem e dos que estão marginalizados.

"Hoje, a Companhia – continuou o Papa – enfrenta com inteligência e diligência também o trágico problema dos refugiados e das pessoas deslocadas, e se esforça com discernimento para integrar o serviço da fé e a promoção da justiça, de acordo com o Evangelho.

Recordando "que a bula de Pio VII, que reconstituía a Companhia, foi assinada no dia 7 de Agosto de 1814, na basílica de Santa Maria Maior”, onde santo Ignácio celebrou a sua primeira missa no Natal de 1538. E concluiu: "Maria, nossa Senhora, Mãe da Companhia, estará comovida por causa dos nossos esforços por estar a serviço do seu Filho. Que ela nos guarde e nos proteja sempre”.

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