O Santo Padre presidiu a liturgia de acção de graças do 200º aniversário da restauração da Companhia de Jesus
Roma, 29 de Setembro de 2014 (Zenit.org)
O papa Francisco presidiu na tarde deste sábado, 27 de
setembro, na Igreja do Santíssimo nome de Jesus, em Roma, a liturgia de
acção de graças pelo 200º aniversário da restauração da Companhia de
Jesus na Igreja universal. A reintegração foi autorizada pelo Papa Pio
VII com a bula ‘Sollicitudo omnium ecclesiarum' do 7 de Agosto de 1814. E
em um 27 de setembro como hoje, mas de 1540, foi quando o Papa Paulo
III aprovou pela primeira vez a Companhia".
No altar-mor da igreja 'Del Gesu' tinha sido colocada a imagem da
"Madonna della Strada" (Nossa Senhora do caminho), à qual os jesuítas
rezavam desde o início da Companhia, e as lâmpadas e bandeiras lembrando
os cinco continentes.
Em suas palavras, o Papa Francisco recordou que "a Companhia que leva
o nome de Jesus viveu tempos difíceis de perseguição" durante os quais
"os inimigos da Igreja foram capazes de obter a supressão da Companhia
pelo meu predecessor, Clemente XIV".
"Hoje, recordando a sua reconstituição – indicou o Santo Padre –
somos chamados a recuperar a nossa memória, trazendo à memória os
benefícios recebidos e os dons particulares."
E elogiou o então Geral da Companhia, o Padre Ricci, que ante as
tentações "não se deixou enrolar" e propôs aos jesuítas em tempos de
tribulação, “uma visão das coisas que os enraizava ainda mais na
espiritualidade da Companhia”. Considerou que esta atitude levou os
jesuítas a ter experiência da morte e ressurreição do Senhor, mesmo
“diante da perda de tudo, até mesmo da sua identidade pública”.
"A Companhia – e isso é bonito, acrescentou o Papa – viveu o conflito
até o fim, sem reduzi-lo: viveu a humilhação de Cristo humilhado,
obedeceu". O fez sem buscar salvar-se, graças a “um compromisso fácil”,
porque não se devem praticar “fáceis irenismos”. Por isso, o pe. Ricci,
“privilegiou a história com relação a uma possível pequena cinza,
sabendo que o amor julga a história, e que a esperança, mesmo na
escuridão, é maior do que as nossas expectativas".
E o padre Ricci não se defende sentindo-se “uma vítima da história,
mas pecador”. Porque “reconhecer-se pecador, evita colocar-se na
condição de considerar-se vítima diante de um carrasco".
O Papa percorreu as principais etapas da perseguição: em 1759 os
decretos do Marquês de Pombal que a destruiu em Portugal; em 1761 a
tempestade que avançava na França; em 1760 a expulsão da Espanha; e em
1773 a assinatura do fechamento com o breve Dominus ac Redemptor. O
geral disse que o importante para a Companhia era “ser fiel até o fim,
fiel ao espírito da sua vocação, que é a maior glória de deus e a
salvação das almas" e exortou a manter vivo o espírito de caridade, de
união, de obediência, de paciência, de simplicidade evangélica, de
verdadeira amizade com Deus. Todo o resto é mundanismo.
Francisco convidou a recordar a história de sua ordem religiosa, à
qual "foi dada a graça não só de crer no Senhor, mas também de sofrer
por ele".
E assim como a barca da Companhia foi sacudida pelas ondas, também a
barca de Pedro pode ser hoje. Porque “a noite e o poder das trevas estão
sempre próximos”. E convidou os jesuítas a remar, “Remem, sejam fortes,
também com o vento contrário. Rememos ao serviço da Igreja, rememos
juntos! Porque “também o Papa rema na barca de Pedro”. Convidou, por
tanto, a rezar “Senhor, salvai-nos; Senhor, salva o seu povo”.
Recordou também que quando a Companhia foi reconstituída, se colocou à
disposição da Santa Sé, e voltou à sua actividade com a pregação e o
ensinamento dos ministérios espirituais, a investigação científica, a
acção social, as missões e a atenção dos povos, dos que sofrem e dos que
estão marginalizados.
"Hoje, a Companhia – continuou o Papa – enfrenta com inteligência e
diligência também o trágico problema dos refugiados e das pessoas
deslocadas, e se esforça com discernimento para integrar o serviço da fé
e a promoção da justiça, de acordo com o Evangelho.
Recordando "que a bula de Pio VII, que reconstituía a Companhia, foi
assinada no dia 7 de Agosto de 1814, na basílica de Santa Maria Maior”,
onde santo Ignácio celebrou a sua primeira missa no Natal de 1538. E
concluiu: "Maria, nossa Senhora, Mãe da Companhia, estará comovida por
causa dos nossos esforços por estar a serviço do seu Filho. Que ela nos
guarde e nos proteja sempre”.
(29 de Setembro de 2014) © Innovative Media Inc.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário