Recordo-me de ter lido (não me lembro onde, privilégios da idade) esta frase: “O modo como nos ocuparmos dos nossos idosos será uma característica histórica do nosso grau de civilização”.
À medida que a nossa população aumenta de idade, teremos de prestar cada vez mais atenção a esta incontornável questão bem como ao envelhecimento do Ocidente e das suas naturais consequências sociais.
Perante esta pseudo cultura da morte será bom também não esquecer o conceito de "autonomia relacional", a ideia de que uma pessoa não é um ser isolado, mas faz parte de um todo, uma família, uma sociedade, um país, um continente e um planeta vivo que se chama Terra.
Muitos parecem ter perdido o sentido de uma conexão do ser humano entre si, com os outros, com o universo e com o cosmos de que fazem parte, numa mera forma relacional de equilíbrios onde todos os momentos estão mutuamente implicados, no sentido dos afectos e do amor e da vida no seu todo.
Cada idade tem as suas necessidades, as suas belezas, as suas tarefas e exigência de cuidados. O convívio entre idosos e jovens, sempre foi, é e será motivo de mútuo complemento, de troca de saberes e experiências, numa vivência de continuidade intergeracional. Os seus tempos cruzam-se numa partilha de equilíbrio, numa cumplicidade curiosa, numa terna forma de viver e saber ensinar a viver.
Cícero escreveu que "o peso da idade é mais leve para quem se sente respeitado e amado pelos jovens".
O cineasta sueco Ingmar Bergman disse que "envelhecer é como escalar uma grande montanha: enquanto se sobe as forças diminuem, mas o olhar é mais livre, a vista mais ampla e serena".
Em época de predadores da vida eu atrevo-me a recordar a célebre frase de Júlia César depois de ter subjugado a Gália rebelde: veni, vidi, vinci - cheguei, vi e venci. Parece-me ser, nos tempos que correm, uma atitude muito de moda, entram em cena política adultos de meia-idade, ou jovens de idade avançada, depende do ponto de vista, ignoram o que já existia antes de terem nascido e desconhecem em absoluto que o tempo flui de forma vertiginosa, trucidadora e implacável. Deles nem vai restar uma banda desenhada que faça rir os avós, os filhos e os netos. Ou será que já foi descoberto o elixir da longa vida e está no segredo destes falsos deuses?
Acabo com uma frase optimista mas que transporta muita responsabilidade para todo o cidadão que se quer livre, feliz e respeitado em todas as épocas da sua vida; que amou, trabalhou e lutou por nobres ideais da sociedade:
"O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, mas por aqueles que permitem a maldade." Albert Einstein
Duma forma mais simples eu diria: - “o mal só avança porque os bons não fazem nada…”
A isto eu chamo muito simplesmente “cidadania activa e participada”, liberdade com responsabilidade, humanidade com ética, respeito pela vida que não nos pertence e pela morte que está anunciada, mas é crime provocá-la ou antecipá-la e será uma aberração legislá-la.
Maria Susana Mexia
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