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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A viuvez numa perspectiva cristã

A responsável do Movimento "Nova Vida", Fernanda Mischiari-Solieri, explica como a perda do cônjuge pode ser acompanhada por uma profunda jornada espiritual


Roma, 18 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Carlo Veronese


Entre os problemas da terceira idade – embora o fenómeno também possa envolver pessoas mais jovens – está o relacionado com a viuvez. É um dos temas sobre o qual a Igreja Católica nunca ofereceu magistério orgânico, no entanto, existem grupos e associações que o seguem de perto.

Entre estes está o Movimento de Viúvas católicas "Nova Vida", cuja responsável, Fernanda Mischiari-Solieri, disse a ZENIT como, mesmo na experiência da dor da perda do cônjuge, os viúvos e as viúvas podem abrir-se e oferecer à sua família e à comunidade um grande testemunho cristão.

ZENIT: A viuvez foi muitas vezes vista de forma negativa, dado a morte do próprio cônjuge. Como, no entanto, considerá-la de forma cristã?
Fernanda: Ninguém gosta de ficar viúvo ou viúva em vida e, certamente, após a morte do próprio cônjuge, não encontra muita ajuda da sociedade, mas na fé redescobre uma nova espiritualidade que o une a Deus de uma maneira especial.

Para isso, é necessário para a pessoa viúva muita oração e reflexão que a conduza a um novo relacionamento com o Senhor que se transforma sempre mais em um forte apoio  diante do momento de solidão. Com tal caminho humano e espiritual, a viuvez pode ser encarada de forma cristã como uma escolha particular que Deus tem feito.

ZENIT: Hoje a viuvez está sendo ouvida na Igreja? Que contribuição pode oferecer à comunidade eclesial?
Fernanda: Infelizmente na Igreja ainda falta uma pastoral orgânica para as pessoas viúvas, considerando que na Itália existem cerca de 6 milhões de pessoas que vivem neste estado.

Portanto, eu gostaria de - mas acho que isso pode interpretar o pedido de muitas pessoas viúvas - uma maior atenção à viuvez, começando pelas paróquias, pelas organizações eclesiásticas e pelas várias dioceses, chegando na formação dos futuros sacerdotes.

Neste desafio, no entanto, é necessário fugir de uma visão da pessoa viúva somente como aquela privada da pessoa amada e, portanto, com constante dor, mas como uma importante presença na Igreja com a sua acção e testemunho.

De facto, como não ver o compromisso de muitas pessoas viúvas na Igreja como apoio e ajuda na prática diária de muitas paróquias?

ZENIT: Como presença da viuvez pode ser de ajuda para o matrimónio e a família?
Fernanda: A viuvez cristã com o seu testemunho pode ajudar os casais a considerar o quão importante seja uma vida junto com seu esposo, lidando com as dificuldades e cansaços que possam surgir no dia-a-dia da vida matrimonial.
Depois, com certeza, uma pessoa viúva, crescida na fé, ajuda de forma especial os jovens esposos, a não ficarem só em uma existência “normal”, vivida junta, mas que,  continuamente, possam reconhecer como o outro seja sempre um dom precioso de Deus.

A viuvez também tem um forte papel educativo para as novas gerações, sabendo que o desafio dos dias de hoje é combinar uma formação humana com uma cristã, acompanhando os nossos filhos e netos no seu crescimento, contribuindo com eles não no sentido de morte, típico da sociedade contemporânea, mas com um olhar de esperança em seu próprio futuro. 

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