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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Igreja promove a reconciliação na Costa do Marfim

Dom Gaspar Beby Gneba, bispo de Man, conta sobre a reconstrução e a paz no país africano


Roma, 17 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Antonio Gaspari


Sua diocese teve uma das primeiras rádios diocesanas do país. De 2002 a 2007, uma das tropas que lutava na Guerra Civil ocupou a rádio para fazer propaganda e antes de sair roubou tudo. O local onde antes havia estúdio, agora está vazio.

Por ocasião da visita ad limina ao Papa, o bispo Gaspar Beby Gneba aproveitou a oportunidade para se reunir com executivos da Rádio Maria e pedir-lhes ajuda para reconstruir o local e retomar a transmissão.

Em entrevista concedida a Zenit, o jovem bispo falou da Rádio que transmitia programas em francês e em outras duas línguas locais; falou também sobre a situação do país que actualmente parece estável. "Ainda há gangues que atacam igrejas e comércios e saqueiam tudo", disse o prelado. No entanto, "as escolas funcionam, os hospitais também, muitos lugares estão sendo reconstruídos. As tropas da ONU vigiam, mesmo sem regulamentação para intervir com armas. O governo ainda não é muito forte, mas procura assegurar medidas de segurança."

No início da guerra civil, acrescentou o bispo, houve uma tentativa de criar um conflito entre cristãos e muçulmanos. O objectivo era ganhar poder político, mas, na Costa do Marfim não havia grupos fundamentalistas. Entre cristãos e muçulmanos existia e ainda existe uma boa colaboração, apesar das tentativas de fazer entrar alguns grupos fundamentalistas na Costa do Marfim.

A diocese de Man, capital da Região das Montanhas, com mais de 160 mil pessoas, conta com 52 sacerdotes, sete comunidades religiosas femininas e duas masculinas.

Os católicos são 25% da população, e, apesar de não ser a maioria, a comunidade possui prestigio. Assim que a paz foi restaurada, o povo votou nos membros da Comissão para a Reconciliação. E, surpreendentemente, Dom Beby foi eleito pelos votos dos muçulmanos e cristãos como Presidente da Comissão, na sua região.

Quando, em 2009, foi nomeado chefe da diocese, o bispo de Man indicou como prioridade pastoral as boas relações com os muçulmanos. Ele esteve presente nas celebrações do Ramadão - a "Quaresma" - e assim fizeram os muçulmanos com os católicos, no mês de Janeiro. Portanto, as duas comunidades têm estabelecido boas relações fraternas.

"O maior problema da Costa do Marfim - explicou Dom Beby - foi a sucessão do presidente, que governou bem o país. A sua morte desencadeou uma verdadeira luta para a sucessão”. E também porque "ainda não existe uma comunidade civil forte o suficiente para garantir a continuidade democrática".

"O fundamentalismo islâmico não está presente, mas há um risco de que possa chegar", concluiu o bispo, "a situação não é fácil, mas é ocasião para que o cristianismo emerja como religião de paz."

Durante a visita ad limina ao Papa, os bispos da Costa do Marfim pedirão orações e ajuda para que possam reconstruir e consolidar uma comunidade civil, que garanta a liberdade e a democracia.

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