Dom Gaspar Beby Gneba, bispo de Man, conta sobre a reconstrução e a paz no país africano
Roma, 17 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Antonio Gaspari
Sua diocese teve uma das primeiras rádios diocesanas do
país. De 2002 a 2007, uma das tropas que lutava na Guerra Civil ocupou a
rádio para fazer propaganda e antes de sair roubou tudo. O local onde
antes havia estúdio, agora está vazio.
Por ocasião da visita ad limina ao Papa, o bispo Gaspar Beby Gneba
aproveitou a oportunidade para se reunir com executivos da Rádio Maria e
pedir-lhes ajuda para reconstruir o local e retomar a transmissão.
Em entrevista concedida a Zenit, o jovem bispo falou da Rádio que
transmitia programas em francês e em outras duas línguas locais; falou
também sobre a situação do país que actualmente parece estável. "Ainda há
gangues que atacam igrejas e comércios e saqueiam tudo", disse o
prelado. No entanto, "as escolas funcionam, os hospitais também, muitos
lugares estão sendo reconstruídos. As tropas da ONU vigiam, mesmo sem
regulamentação para intervir com armas. O governo ainda não é muito
forte, mas procura assegurar medidas de segurança."
No início da guerra civil, acrescentou o bispo, houve uma tentativa
de criar um conflito entre cristãos e muçulmanos. O objectivo era ganhar
poder político, mas, na Costa do Marfim não havia grupos
fundamentalistas. Entre cristãos e muçulmanos existia e ainda existe uma
boa colaboração, apesar das tentativas de fazer entrar alguns grupos
fundamentalistas na Costa do Marfim.
A diocese de Man, capital da Região das Montanhas, com mais de 160
mil pessoas, conta com 52 sacerdotes, sete comunidades religiosas
femininas e duas masculinas.
Os católicos são 25% da população, e, apesar de não ser a maioria, a
comunidade possui prestigio. Assim que a paz foi restaurada, o povo
votou nos membros da Comissão para a Reconciliação. E,
surpreendentemente, Dom Beby foi eleito pelos votos dos muçulmanos e
cristãos como Presidente da Comissão, na sua região.
Quando, em 2009, foi nomeado chefe da diocese, o bispo de Man indicou
como prioridade pastoral as boas relações com os muçulmanos. Ele esteve
presente nas celebrações do Ramadão - a "Quaresma" - e assim fizeram os
muçulmanos com os católicos, no mês de Janeiro. Portanto, as duas
comunidades têm estabelecido boas relações fraternas.
"O maior problema da Costa do Marfim - explicou Dom Beby - foi a
sucessão do presidente, que governou bem o país. A sua morte desencadeou
uma verdadeira luta para a sucessão”. E também porque "ainda não existe
uma comunidade civil forte o suficiente para garantir a continuidade
democrática".
"O fundamentalismo islâmico não está presente, mas há um risco de que
possa chegar", concluiu o bispo, "a situação não é fácil, mas é ocasião
para que o cristianismo emerja como religião de paz."
Durante a visita ad limina ao Papa, os bispos da Costa do Marfim
pedirão orações e ajuda para que possam reconstruir e consolidar uma
comunidade civil, que garanta a liberdade e a democracia.
(17 de Setembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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