O Santo Padre recebeu no Vaticano os dirigentes do Congresso Judaico Mundial, que reprovam o silêncio do mundo diante da perseguição contra os cristãos no Médio Oriente
Roma, 18 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
O papa Francisco recebeu nesta quarta-feira à tarde, no
Vaticano, um grupo de dirigentes do Congresso Judaico Mundial. Faltando
poucos dias para o ano novo judaico, Francisco lhes desejou, em
hebraico, um “Shana tová umetuká (Feliz e doce ano novo)”.
“Levamos ao papa uma torta de mel, conforme manda a tradição judia:
devemos comer algo doce para desejar um feliz e doce ano”, explicou o director do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL), Claudio Epelman, em
declarações à Agência Judaica de Notícias.
Já o presidente do Congresso Judaico Mundial (CJM), Ronald Lauder,
deu uma conferência de imprensa na manhã de hoje na sede da Associação da
Imprensa Estrangeira na Itália, onde relatou o encontro com o papa
Francisco.
ZENIT perguntou se ele considera poucas as reacções mundiais às
atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico, inclusive em ambientes
muçulmanos. “Todo o mundo está em silêncio”, concordou Lauder,
completando: “O problema é: por quê? Nós, como judeus, sabemos o que
aconteceu quando o mundo ficou em silêncio. Um dos motivos pelos quais
viemos aqui é justamente para dizer: ‘o mundo não pode permanecer em
silêncio’”.
“Acredito que posso dizer com sinceridade que o Congresso Judaico
Mundial e o papa Francisco estão absolutamente de acordo na condenação
dos ataques contra os cristãos do Oriente Médio e de outras regiões do
mundo”.
Lauder ainda comentou que, em particular, o papa lhe disse acreditar
que “já se trata de uma terceira guerra mundial. Mas, diferentemente das
duas anteriores, ela não está se desenvolvendo em uma só etapa, e sim
num mosaico de momentos diversos”.
O papa também lhe disse, de acordo com o presidente do CJM, que há
muito sofrimento no mundo e que “primeiro coube a vocês, agora está
cabendo a nós”. Quando os judeus sofreram ataques selvagens, prosseguiu
Lauder, o mundo ficou quase mudo. Agora são os cristãos que estão sendo
aniquilados e novamente o mundo diz pouco demais.
Ele recordou também que, no mês de Agosto, escreveu um artigo no New
York Times perguntando: “Quem assumirá a defesa dos cristãos? Por que o
mundo não reage?”.
Diante do ataque do Hamas com mísseis, “Israel se defendeu como
qualquer país teria se defendido”, observou, afirmando que “existe
somente um país no Oriente Médio onde os cristãos estão seguros. Esse
país é Israel”. O mesmo vale para os lugares sagrados do cristianismo,
considerou. Israel é, segundo Lauder, o único lugar do Oriente Médio em
que a religião cristã está crescendo.
O líder judeu concluiu que “é fácil entender o desastre que acontece
quando o mundo fica em silêncio. E em Israel aprendemos esta lição do
modo mais terrível possível”.
Lauder mostrou a letra árabe “nun”, equivalente ao “n” latino, “que é
a inicial de ‘nazarenos’, ou seja, de cristãos, e que foi pintada na
porta das casas dos cristãos para mostrar onde eles vivem [no caso das
cidades iraquianas invadidas pelos terroristas do Estado Islâmico, ndr].
Não é diferente da estrela amarela de Davi que os nazistas impunham aos
judeus para diferenciá-los das outras pessoas. Hoje o mundo não pode
mais se permitir o silêncio diante disso”.
No final da entrevista, Lauder afirmou que “todas as pessoas do mundo
que amam a liberdade têm que unir as forças e dizer que isto é
inaceitável, que é imoral e que não pode mais ser tolerado. Quando
estávamos nos despedindo, o papa me disse: ‘Nós, cristãos, e vocês,
judeus, temos que rezar pela paz no mundo’”.
Entre os participantes do encontro de ontem à tarde com o papa, além
de Ronald Lauder, estiveram Jack Terpins, presidente do CJL, Chella
Safra, tesoureira do CJM, e representantes das diversas comunidades
judaicas latino-americanas.
(18 de Setembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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