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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Comunidade judaica ao papa Francisco: que o mundo não permaneça em silêncio

O Santo Padre recebeu no Vaticano os dirigentes do Congresso Judaico Mundial, que reprovam o silêncio do mundo diante da perseguição contra os cristãos no Médio Oriente


Roma, 18 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


O papa Francisco recebeu nesta quarta-feira à tarde, no Vaticano, um grupo de dirigentes do Congresso Judaico Mundial. Faltando poucos dias para o ano novo judaico, Francisco lhes desejou, em hebraico, um “Shana tová umetuká (Feliz e doce ano novo)”.

“Levamos ao papa uma torta de mel, conforme manda a tradição judia: devemos comer algo doce para desejar um feliz e doce ano”, explicou o director do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL), Claudio Epelman, em declarações à Agência Judaica de Notícias.

Já o presidente do Congresso Judaico Mundial (CJM), Ronald Lauder, deu uma conferência de imprensa na manhã de hoje na sede da Associação da Imprensa Estrangeira na Itália, onde relatou o encontro com o papa Francisco.

ZENIT perguntou se ele considera poucas as reacções mundiais às atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico, inclusive em ambientes muçulmanos. “Todo o mundo está em silêncio”, concordou Lauder, completando: “O problema é: por quê? Nós, como judeus, sabemos o que aconteceu quando o mundo ficou em silêncio. Um dos motivos pelos quais viemos aqui é justamente para dizer: ‘o mundo não pode permanecer em silêncio’”.

“Acredito que posso dizer com sinceridade que o Congresso Judaico Mundial e o papa Francisco estão absolutamente de acordo na condenação dos ataques contra os cristãos do Oriente Médio e de outras regiões do mundo”.

Lauder ainda comentou que, em particular, o papa lhe disse acreditar que “já se trata de uma terceira guerra mundial. Mas, diferentemente das duas anteriores, ela não está se desenvolvendo em uma só etapa, e sim num mosaico de momentos diversos”.

O papa também lhe disse, de acordo com o presidente do CJM, que há muito sofrimento no mundo e que “primeiro coube a vocês, agora está cabendo a nós”. Quando os judeus sofreram ataques selvagens, prosseguiu Lauder, o mundo ficou quase mudo. Agora são os cristãos que estão sendo aniquilados e novamente o mundo diz pouco demais.

Ele recordou também que, no mês de Agosto, escreveu um artigo no New York Times perguntando: “Quem assumirá a defesa dos cristãos? Por que o mundo não reage?”.

Diante do ataque do Hamas com mísseis, “Israel se defendeu como qualquer país teria se defendido”, observou, afirmando que “existe somente um país no Oriente Médio onde os cristãos estão seguros. Esse país é Israel”. O mesmo vale para os lugares sagrados do cristianismo, considerou. Israel é, segundo Lauder, o único lugar do Oriente Médio em que a religião cristã está crescendo.

O líder judeu concluiu que “é fácil entender o desastre que acontece quando o mundo fica em silêncio. E em Israel aprendemos esta lição do modo mais terrível possível”.

Lauder mostrou a letra árabe “nun”, equivalente ao “n” latino, “que é a inicial de ‘nazarenos’, ou seja, de cristãos, e que foi pintada na porta das casas dos cristãos para mostrar onde eles vivem [no caso das cidades iraquianas invadidas pelos terroristas do Estado Islâmico, ndr]. Não é diferente da estrela amarela de Davi que os nazistas impunham aos judeus para diferenciá-los das outras pessoas. Hoje o mundo não pode mais se permitir o silêncio diante disso”.

No final da entrevista, Lauder afirmou que “todas as pessoas do mundo que amam a liberdade têm que unir as forças e dizer que isto é inaceitável, que é imoral e que não pode mais ser tolerado. Quando estávamos nos despedindo, o papa me disse: ‘Nós, cristãos, e vocês, judeus, temos que rezar pela paz no mundo’”.

Entre os participantes do encontro de ontem à tarde com o papa, além de Ronald Lauder, estiveram Jack Terpins, presidente do CJL, Chella Safra, tesoureira do CJM, e representantes das diversas comunidades judaicas latino-americanas.

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